Desde minha adolescência, quando descobri a literatura do goiano José J. Veiga (1915-1999), que ele é o meu escritor favorito. Penso que Veiga encontro a maneira exata e equilibrada de mostrar o Brasil através de uma visão pessoal coalhada de maravilhamento que, logo no primeiro título que li – A hora dos ruminantes –, alinhei à ficção fantástica que já predominava nas minhas leituras, classificação essa que continuei a definir sua obra nos demais livros que vim a ler posteriormente. A maior parte dos críticos dizem que Veiga faz realismo mágico, mas um olhar mais atento vai identificar textos claramente vinculados à ficção científica, à fantasia e até ao horror. Até na história alternativa, subgênero extremamente especializado da fc, Veiga foi o piobeiro no país no livro A casca da serpente.
Um dos muitos méritos de Veiga, na minha opinião, é que bem antes da discussão conteúdo-forma se instalar no fandom de literatura fantástica, ele já a tinha resolvido em sua obra, contando histórias emocionantes sem nunca sacrificar a elegância do estilo, um caminho que a maior parte dos autores do gênero tem grande dificuldade em superar.
Veiga começou a escrever tardiamente: seu primeiro livro, a coletânea de contos Os cavalinhos de Platiplanto, foi publicado em 1959, quando o autor estava com 45 anos. Ao todo foram 16 livros, sendo o último deles a coletânea Objetos turbulentos, publicada em 1997.
Ainda que já tenha lido quase todos os seus livros – ainda faltam alguns –, fiquei muito feliz em saber que o autor terá, em comemoração ao centenário de seu nascimento, toda a obra publicada pela prestigiosa Editora Companhia das Letras.
Os dois primeiros livros já estão disponíveis e são, justamente, os já citados Os cavalinhos de Platiplanto e A hora dos ruminantes, ambos em edições luxuosas, em capa dura, na real medida que esse fabuloso autor merece. As capas são assinadas por Kiko Farkas e André Kavakama/Máquina Estúdio. Os livros também estão disponíveis em ebook. Altíssimamente recomendados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário