Está disponível para download gratuito o número 57 do fanzine de ficção científica e horror Megalon, editado por Marcello Simão Branco e publicado originalmente em junho de 2000.
A edição tem 36 páginas e traz ficções de Ivan Carlos Regina e Gerson Lodi-Ribeiro, artigos de Alfredo Keppler, Hindemberg Alves da Frota e John Clute (EUA), além das seções fixas "Diário do fandom", "Publicações recebidas", "Terras alternativas", "Arte fantástica brasileira", "Barreiros desintegra!" e "Correio cósmico". A capa tem uma pintura de Flavio Corrêa.
O editor disponibiliza também um arquivo bônus com documentos da época da publicação do fanzine, como o recorte de artigo assinado por Ataíde Tartari, o convite de lançamento da antologia Phantastica brasiliana e um informativo do grupo português Simetria com a programação para o mês de maio de 2000.
E ainda, como fruto de uma viagem internacional recente, Branco exibe uma série de imagens digitalizadas com capas de publicações de fc&f europeias: capa e contracapa de Almanacco del Mistero 2015 (Itália); capa e contracapa de Astronave mercenaria, de Mike Resnick, Coleção Urania 1614 (Itália); capa e página 3 de Bastei Maddrax Die Dunkle Zukunft Der Erde 391 (Alemanha); capa e página 3 de Perry Rhodan 2788 (Alemanha); capa e contracapa Perry Rhodan Neo 87 (Alemanha). Curta!
sábado, 31 de janeiro de 2015
Juvenatrix 167
Está circulando a edição 167 do fanzine de terror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti. A edição tem 11 páginas e traz conto de Rita Maria Felix da Silva, artigo sobre o filme O monstro da Lagoa Negra (1954) e resenhas dos filmes 13 fantasmas (1960), Brinquedo de criança (1984), A cripta dos sonhos (1973), O demônio de fogo (1967), Desafio ao além (1963), A essência da maldade (1973), A fúria das feras atômicas (1976), A múmia (1959), The bat people (1974) e Os zumbis de Mora Tau (1957). A capa tem uma ilustração de Angelo Junior.
Para solicitar uma cópia em pdf, basta enviar email para renatorosatti@yahoo.com.br.
Rosatti também lançou o número 8 do Boca do inferno, fanzine representante do saite Boca do inferno e do blogue Infernotícias. O fanzine, publicado exclusivamente em papel e distribuído em eventos, apresenta em duas páginas no formato A4 resenhas aos filmes Pânico no ano zero (1962), In the year 2889 (1967) e o clássico episódio Tempo suficiente do seriado Além da imaginação (1959).
Para solicitar uma cópia em pdf, basta enviar email para renatorosatti@yahoo.com.br.
Rosatti também lançou o número 8 do Boca do inferno, fanzine representante do saite Boca do inferno e do blogue Infernotícias. O fanzine, publicado exclusivamente em papel e distribuído em eventos, apresenta em duas páginas no formato A4 resenhas aos filmes Pânico no ano zero (1962), In the year 2889 (1967) e o clássico episódio Tempo suficiente do seriado Além da imaginação (1959).
Cem anos de Veiga
Desde minha adolescência, quando descobri a literatura do goiano José J. Veiga (1915-1999), que ele é o meu escritor favorito. Penso que Veiga encontro a maneira exata e equilibrada de mostrar o Brasil através de uma visão pessoal coalhada de maravilhamento que, logo no primeiro título que li – A hora dos ruminantes –, alinhei à ficção fantástica que já predominava nas minhas leituras, classificação essa que continuei a definir sua obra nos demais livros que vim a ler posteriormente. A maior parte dos críticos dizem que Veiga faz realismo mágico, mas um olhar mais atento vai identificar textos claramente vinculados à ficção científica, à fantasia e até ao horror. Até na história alternativa, subgênero extremamente especializado da fc, Veiga foi o piobeiro no país no livro A casca da serpente.
Um dos muitos méritos de Veiga, na minha opinião, é que bem antes da discussão conteúdo-forma se instalar no fandom de literatura fantástica, ele já a tinha resolvido em sua obra, contando histórias emocionantes sem nunca sacrificar a elegância do estilo, um caminho que a maior parte dos autores do gênero tem grande dificuldade em superar.
Veiga começou a escrever tardiamente: seu primeiro livro, a coletânea de contos Os cavalinhos de Platiplanto, foi publicado em 1959, quando o autor estava com 45 anos. Ao todo foram 16 livros, sendo o último deles a coletânea Objetos turbulentos, publicada em 1997.
Ainda que já tenha lido quase todos os seus livros – ainda faltam alguns –, fiquei muito feliz em saber que o autor terá, em comemoração ao centenário de seu nascimento, toda a obra publicada pela prestigiosa Editora Companhia das Letras.
Os dois primeiros livros já estão disponíveis e são, justamente, os já citados Os cavalinhos de Platiplanto e A hora dos ruminantes, ambos em edições luxuosas, em capa dura, na real medida que esse fabuloso autor merece. As capas são assinadas por Kiko Farkas e André Kavakama/Máquina Estúdio. Os livros também estão disponíveis em ebook. Altíssimamente recomendados.
Um dos muitos méritos de Veiga, na minha opinião, é que bem antes da discussão conteúdo-forma se instalar no fandom de literatura fantástica, ele já a tinha resolvido em sua obra, contando histórias emocionantes sem nunca sacrificar a elegância do estilo, um caminho que a maior parte dos autores do gênero tem grande dificuldade em superar.
Veiga começou a escrever tardiamente: seu primeiro livro, a coletânea de contos Os cavalinhos de Platiplanto, foi publicado em 1959, quando o autor estava com 45 anos. Ao todo foram 16 livros, sendo o último deles a coletânea Objetos turbulentos, publicada em 1997.
Ainda que já tenha lido quase todos os seus livros – ainda faltam alguns –, fiquei muito feliz em saber que o autor terá, em comemoração ao centenário de seu nascimento, toda a obra publicada pela prestigiosa Editora Companhia das Letras.
Os dois primeiros livros já estão disponíveis e são, justamente, os já citados Os cavalinhos de Platiplanto e A hora dos ruminantes, ambos em edições luxuosas, em capa dura, na real medida que esse fabuloso autor merece. As capas são assinadas por Kiko Farkas e André Kavakama/Máquina Estúdio. Os livros também estão disponíveis em ebook. Altíssimamente recomendados.
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
Resenha: Livros para chamar o Sol
Os sóis da América III: O coração de jade, 184 páginas; Os sóis da América IV: A Pedra da História, 176 páginas, Simone Saueressig. Ilustrações e capas de Fabiana Girotto Boff. Edição da autora, Novo Hamburgo, 2014.
Em 2014, Simone Sauressig publicou, com recursos próprios, O coração de jade e A Pedra da História, partes finais da tetralogia Os sóis da América, saga de fantasia com as aventuras do menino Pelume por um continente americano mítico, em busca da história para chamar o Sol, sem a qual seu povo, que habita a longínqua Caverna Mais Alta do Mundo, localizada em uma ilha no Círculo Polar Antártico, jamais verá o astro nascer novamente.
Nos livros anteriores, O Nalladigua e A Flauta Condor, publicados em 2013, Pelume e seus amigos, a menina Misqui e o guarani Nimbó, atravessaram os territórios do sul, passando pelos pampas gaúchos, o Rio da Prata, as cataratas do Iguaçu, os campos de caçada e a grande cordilheira dos Andes, fazendo novos amigos e enfrentando perigos mortais, entre os quais o bruxo Machí que, tendo seus planos frustrados por Pelume, os persegue sem trégua, em busca de vingança a qualquer custo. Quando Pelume precipita-se nos abismos andinos, Misqui e Nimbó são obrigados a seguir viagem sozinhos.
O coração de jade inicia exatamente nesse momento. Miraculosamente, Pelume sobrevive a queda ao ser capturado, em pelo ar, por uma ave que pretende devorá-lo, mas o velho remo – que é um galho da lendária árvore Nalladigua – o protegeu do apetite da fera alada. Perdido na selva, Pelume é envolvido pelas promessas da traiçoeira Cobra Grande, que consegue convencê-lo a trocar seu coração puro de menino pelo transporte até a cidade de Tiahuanaco. No lugar, Pelume passa a ter um coração feito de jade, duro e frio, que a Cobra Grande lhe deu. Agora sem sentimentos, Pelume suporta sem muita dificuldade uma aterrorizante viagem no lombo da cobra, só para, no final da jornada, encontrar seus amigos aprisionados pelo poderoso Machí. O confronto com o bruxo revela o quanto o menino mudara. Pelume resgata seus velhos amigos, mas o custo emocional é enorme e a relação entre eles nunca mais seria a mesma. Na sequência da jornada para o norte, os meninos chegam à maravilhosa cidade Teothiuacán, onde se deparam com uma urbanidade inédita que deixa maravilhado até o insensível Pelume.
Ali eles conhecem um povo muito desenvolvido, mas que está passando por um momento delicado. Esta próxima a hora da cerimônia do Fogo Novo, quando todos os fogos da cidade são apagados e substituídos por uma nova chama. Para isso, é necessário o sacrifício de um homem honrado, ou então, de um pouquinho do fogo sagrado de Popocatepetl, o vulcão que se ergue sobre a cidade. Por trás do drama de Tenamaztli, o valente guerreiro que terá de ser sacrificado, está a história de ciúme de uma mulher egoísta que não se importa em colocar toda a cidade em risco de ser destruída apenas para satisfazer seus caprichos. Isso vai colocar os três jovens do sul na busca pelo fogo de Popocatepetl e numa luta infernal contra um exército de seres mágicos que prenunciam o fim do mundo.
A Pedra da História, volume final da série, vai levar os jovens aos limites setentrionais do continente. Perseguidos de perto pelo cada vez mais enfurecido feiticeiro Maquí, que agora tem um séquito de feras mágicas sob suas ordens, os do sul atravessam as grandes pradarias norte americanas, a Floresta Dourada e a Mata do Norte, conhecem povos nativos e civilizações mágicas, e encontram-se com a misteriosa Mulher-Aranha, que entrega a Pelume a misteriosa Pedra da História e faz revelações que o menino só poderia compreender se ainda tivesse um coração de verdade no peito. A fuga prolongada e cansativa, as constantes lutas e o frio cada vez mais intenso começam a minar a determinação de Pelume, e quando ele percebe que seus amigos estão muito próximos do completo esgotamento físico e emocional, ele mesmo dominado pela frieza de coração de jade, decide abandonar a busca e se entregar à ira de Maquí. Mas as revelações pelas quais tanto lutou, bem como o destino de seus amigos, estão para além da banquisas polares.
Assim como em O Nalladigua e A Flauta Condor, O coração de jade e A pedra da história são ilustrados por Fabiana Girotto Boff, que também assina as capas. Cada livro vem com um marcador de páginas que estampa um útil glossário de termos linguísticos e figuras mágicas, que ajuda a entender de onde veio a infinidade de criaturas fabulosas que aparece ao longo da narrativa e seu contexto no folclore das diversas culturas com as quais Pelume toma contato.
Apesar da invejável bibliografia da autora, que detém em seu currículo vários prêmios importantes e romances ousados como aurum Domini: O ouro das missões (2010), O jogo no tabuleiro (2010) e B9 (2011), Os sóis da América se destaca como um trabalho de fôlego, que certamente exigiu um esforço monumental de pesquisa. Seu maior mérito é ter ido além de qualquer bairrismo, reclamando todo o continente como o espaço sem as fronteiras que perdemos de vista por causa do apelo nacionalista, uma proposta corajosa e inovadora na ficção fantástica brasileira.
Em 2014, Simone Sauressig publicou, com recursos próprios, O coração de jade e A Pedra da História, partes finais da tetralogia Os sóis da América, saga de fantasia com as aventuras do menino Pelume por um continente americano mítico, em busca da história para chamar o Sol, sem a qual seu povo, que habita a longínqua Caverna Mais Alta do Mundo, localizada em uma ilha no Círculo Polar Antártico, jamais verá o astro nascer novamente.
Nos livros anteriores, O Nalladigua e A Flauta Condor, publicados em 2013, Pelume e seus amigos, a menina Misqui e o guarani Nimbó, atravessaram os territórios do sul, passando pelos pampas gaúchos, o Rio da Prata, as cataratas do Iguaçu, os campos de caçada e a grande cordilheira dos Andes, fazendo novos amigos e enfrentando perigos mortais, entre os quais o bruxo Machí que, tendo seus planos frustrados por Pelume, os persegue sem trégua, em busca de vingança a qualquer custo. Quando Pelume precipita-se nos abismos andinos, Misqui e Nimbó são obrigados a seguir viagem sozinhos.
O coração de jade inicia exatamente nesse momento. Miraculosamente, Pelume sobrevive a queda ao ser capturado, em pelo ar, por uma ave que pretende devorá-lo, mas o velho remo – que é um galho da lendária árvore Nalladigua – o protegeu do apetite da fera alada. Perdido na selva, Pelume é envolvido pelas promessas da traiçoeira Cobra Grande, que consegue convencê-lo a trocar seu coração puro de menino pelo transporte até a cidade de Tiahuanaco. No lugar, Pelume passa a ter um coração feito de jade, duro e frio, que a Cobra Grande lhe deu. Agora sem sentimentos, Pelume suporta sem muita dificuldade uma aterrorizante viagem no lombo da cobra, só para, no final da jornada, encontrar seus amigos aprisionados pelo poderoso Machí. O confronto com o bruxo revela o quanto o menino mudara. Pelume resgata seus velhos amigos, mas o custo emocional é enorme e a relação entre eles nunca mais seria a mesma. Na sequência da jornada para o norte, os meninos chegam à maravilhosa cidade Teothiuacán, onde se deparam com uma urbanidade inédita que deixa maravilhado até o insensível Pelume.
Ali eles conhecem um povo muito desenvolvido, mas que está passando por um momento delicado. Esta próxima a hora da cerimônia do Fogo Novo, quando todos os fogos da cidade são apagados e substituídos por uma nova chama. Para isso, é necessário o sacrifício de um homem honrado, ou então, de um pouquinho do fogo sagrado de Popocatepetl, o vulcão que se ergue sobre a cidade. Por trás do drama de Tenamaztli, o valente guerreiro que terá de ser sacrificado, está a história de ciúme de uma mulher egoísta que não se importa em colocar toda a cidade em risco de ser destruída apenas para satisfazer seus caprichos. Isso vai colocar os três jovens do sul na busca pelo fogo de Popocatepetl e numa luta infernal contra um exército de seres mágicos que prenunciam o fim do mundo.
A Pedra da História, volume final da série, vai levar os jovens aos limites setentrionais do continente. Perseguidos de perto pelo cada vez mais enfurecido feiticeiro Maquí, que agora tem um séquito de feras mágicas sob suas ordens, os do sul atravessam as grandes pradarias norte americanas, a Floresta Dourada e a Mata do Norte, conhecem povos nativos e civilizações mágicas, e encontram-se com a misteriosa Mulher-Aranha, que entrega a Pelume a misteriosa Pedra da História e faz revelações que o menino só poderia compreender se ainda tivesse um coração de verdade no peito. A fuga prolongada e cansativa, as constantes lutas e o frio cada vez mais intenso começam a minar a determinação de Pelume, e quando ele percebe que seus amigos estão muito próximos do completo esgotamento físico e emocional, ele mesmo dominado pela frieza de coração de jade, decide abandonar a busca e se entregar à ira de Maquí. Mas as revelações pelas quais tanto lutou, bem como o destino de seus amigos, estão para além da banquisas polares.
Assim como em O Nalladigua e A Flauta Condor, O coração de jade e A pedra da história são ilustrados por Fabiana Girotto Boff, que também assina as capas. Cada livro vem com um marcador de páginas que estampa um útil glossário de termos linguísticos e figuras mágicas, que ajuda a entender de onde veio a infinidade de criaturas fabulosas que aparece ao longo da narrativa e seu contexto no folclore das diversas culturas com as quais Pelume toma contato.
Apesar da invejável bibliografia da autora, que detém em seu currículo vários prêmios importantes e romances ousados como aurum Domini: O ouro das missões (2010), O jogo no tabuleiro (2010) e B9 (2011), Os sóis da América se destaca como um trabalho de fôlego, que certamente exigiu um esforço monumental de pesquisa. Seu maior mérito é ter ido além de qualquer bairrismo, reclamando todo o continente como o espaço sem as fronteiras que perdemos de vista por causa do apelo nacionalista, uma proposta corajosa e inovadora na ficção fantástica brasileira.
domingo, 25 de janeiro de 2015
Super-heróis sem quadrinhos
Desde sua estreia, nos anos 1960, os super-heróis Marvel têm sido um estrondoso sucesso. Primeiro nos quadrinhos, com um universo coerente e a proposta de incorporar dramaticidade humana às histórias geralmente delirantes de heróis super humanos. Depois no cinema, com sagas cósmicas de diversos de seus personagens mais destacados, e agora também na tv, em séries de grande sucesso. Num espaço, contudo, os personagens Marvel nunca conseguiram se impor: o literário.
Não que nunca tenham existido tentativas de levar para os livros os personagens dos quadrinhos. Nos anos 1990, a editora Abril tentou emplacar nas bancas uma linha de livros de bolso com contos dos personagens da DC, Batman e Superman, inclusive através do talento de escritores importante como Robert Sheckley por exemplo, mas os resultados não passaram do pífio.
Em 2006, a Panini, editora que atualmente detém os direitos de toda a linha no Brasil, lançou uma pequena coleção de novelizações dos personagens Marvel (X-Men: Espelho negro; Homem-Aranha: Ruas de fogo; Wolverine: Arma X e Quarteto Fantástico: Zona de Guerra) que, mais uma vez, não causou impacto entre os fãs.
Mais recentemente, em 2013, a editora Casa da Palavra voltou aos personagens DC em duas adaptações literárias luxuosas: Wayne de Gothan, de Tracy Hickman e Os últimos dias de Kripton, de Kevin J. Anderson, mas ficou nisso.
Em 2014, a Novo Século, aproveitando o boom de novelizações que mais uma vez assola as livrarias brasileiras, promoveu uma nova tentativa de ocupar as estantes com adaptações literárias de personagens Marvel. A editora lançou três títulos: Guerra civil (Civil war prose novel), de Stuart Moore, adaptando os quadrinhos de Mark Millar; Homem-Aranha: Entre trovões (Spider-Man: Drowned in thunder), de Christopher L. Bennet, aproveitando a deixa do último filme de cinema, com uma história do Cabeça-de-Teia contra o supervilão Electro, e O toque da Vampira (Rogue touch), de Christine Woodward, com uma aventura romântica da sexy mutante dos X-Men. A editora disponibiliza, via Issuu, amostras para degustação, em pdf. Para acessá-los, basta clicar nos respectivos títulos.
Homem de Ferro: Vírus está prometido para breve, assim como republicações de alguns daqueles títulos da Panini. Isso se o projeto vingar, é claro.
Não que nunca tenham existido tentativas de levar para os livros os personagens dos quadrinhos. Nos anos 1990, a editora Abril tentou emplacar nas bancas uma linha de livros de bolso com contos dos personagens da DC, Batman e Superman, inclusive através do talento de escritores importante como Robert Sheckley por exemplo, mas os resultados não passaram do pífio.
Em 2006, a Panini, editora que atualmente detém os direitos de toda a linha no Brasil, lançou uma pequena coleção de novelizações dos personagens Marvel (X-Men: Espelho negro; Homem-Aranha: Ruas de fogo; Wolverine: Arma X e Quarteto Fantástico: Zona de Guerra) que, mais uma vez, não causou impacto entre os fãs.
Mais recentemente, em 2013, a editora Casa da Palavra voltou aos personagens DC em duas adaptações literárias luxuosas: Wayne de Gothan, de Tracy Hickman e Os últimos dias de Kripton, de Kevin J. Anderson, mas ficou nisso.
Em 2014, a Novo Século, aproveitando o boom de novelizações que mais uma vez assola as livrarias brasileiras, promoveu uma nova tentativa de ocupar as estantes com adaptações literárias de personagens Marvel. A editora lançou três títulos: Guerra civil (Civil war prose novel), de Stuart Moore, adaptando os quadrinhos de Mark Millar; Homem-Aranha: Entre trovões (Spider-Man: Drowned in thunder), de Christopher L. Bennet, aproveitando a deixa do último filme de cinema, com uma história do Cabeça-de-Teia contra o supervilão Electro, e O toque da Vampira (Rogue touch), de Christine Woodward, com uma aventura romântica da sexy mutante dos X-Men. A editora disponibiliza, via Issuu, amostras para degustação, em pdf. Para acessá-los, basta clicar nos respectivos títulos.
Homem de Ferro: Vírus está prometido para breve, assim como republicações de alguns daqueles títulos da Panini. Isso se o projeto vingar, é claro.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
Velta 13
Está disponível o número 13 da coleção Velta a super-detetive, de Emir Ribeiro, dando sequência a publicação das histórias da gigante loura em sua cronologia oficial.
A edição traz a história "Os perigos da selva", publicada originalmente em 1977, em que uma Velta desmemoriada faz parceria com a androide Nova em meio à floresta amazônica. Também oferece aos leitores uma coleção de pinups assinadas por diversos artistas brasileiros, entre eles Jean Okada, Luciano Oliveira, Sebastião Seabra, Airton Marcelino e Alexandre Cozza Ferreira. A capa traz uma ilustração de Ricardo Barbosa.
A revista, fornecida em edição digital no formato cbr, pode ser baixada gratuitamente aqui.
A edição traz a história "Os perigos da selva", publicada originalmente em 1977, em que uma Velta desmemoriada faz parceria com a androide Nova em meio à floresta amazônica. Também oferece aos leitores uma coleção de pinups assinadas por diversos artistas brasileiros, entre eles Jean Okada, Luciano Oliveira, Sebastião Seabra, Airton Marcelino e Alexandre Cozza Ferreira. A capa traz uma ilustração de Ricardo Barbosa.
A revista, fornecida em edição digital no formato cbr, pode ser baixada gratuitamente aqui.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
Almanaque da arte fantástica brasileira
Está no ar o blogue Almanaque da arte fantástica brasileira, braço virtual do Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica. Tal como o Anuário, trata-se de um espaço dedicado a acompanhar a evolução da arte fantástica no Brasil, principalmente através de resenhas e artigos. Contudo, o Almanaque pretende ampliar o campo de pesquisa à outras artes além da literatura, especialmente quadrinhos e cinema, que foram áreas de interesse do Anuário em sua fase pré-editorial. Os autores do Almanaque também são os mesmos do Anuário, Cesar Silva e Marcello Simão Branco; outros colaboradores serão convidados oportunamente.
A princípio, parte do conteúdo do Hiperespaço será disponibilizado no Almanaque, uma ótima maneira de recuperar resenhas e artigos que este blogue publicou nos últimos anos. Aos poucos, todo o conteúdo das dez edições do Anuário será também publicado no Almanaque, ao lado de textos novos sobre os lançamentos de 2014 e 2015. Assim como no Anuário, o foco principal do Almanaque será a produção brasileira, mas os trabalhos estrangeiros mais importantes também serão lembrados.
A estrutura repete a mesma do Anuário. Os textos são classificados por ano de produção em seções de resenhas, entrevistas, artigos e biografias, assim como por arte (literatura, cinema e quadrinhos) e forma (romances, coletâneas, antologias), identificados ainda por editora e autor, entre outras marcações. O menu "Marcadores" exibe todas as marcações disponíveis, através das quais os textos podem ser reunidos para facilitar a consulta.
O Almanaque é mais uma ferramenta para conhecer e discutir a arte fantástica no Brasil. Siga também o Almanaque.
A princípio, parte do conteúdo do Hiperespaço será disponibilizado no Almanaque, uma ótima maneira de recuperar resenhas e artigos que este blogue publicou nos últimos anos. Aos poucos, todo o conteúdo das dez edições do Anuário será também publicado no Almanaque, ao lado de textos novos sobre os lançamentos de 2014 e 2015. Assim como no Anuário, o foco principal do Almanaque será a produção brasileira, mas os trabalhos estrangeiros mais importantes também serão lembrados.
A estrutura repete a mesma do Anuário. Os textos são classificados por ano de produção em seções de resenhas, entrevistas, artigos e biografias, assim como por arte (literatura, cinema e quadrinhos) e forma (romances, coletâneas, antologias), identificados ainda por editora e autor, entre outras marcações. O menu "Marcadores" exibe todas as marcações disponíveis, através das quais os textos podem ser reunidos para facilitar a consulta.
O Almanaque é mais uma ferramenta para conhecer e discutir a arte fantástica no Brasil. Siga também o Almanaque.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Clássicos macabros brasileiros
Contos macabros: 13 histórias sinistras da literatura brasileira, Lainister de Oliveira Esteves. 256 páginas. Editora Escrita Fina, Rio de Janeiro, 2010.
Muitas vezes, a diferença entre uma impressão e uma certeza pode ser mínima. E a impressão que a ficção especulativa sempre fez parte da literatura brasileira era uma convicção que eu tinha comigo. Mas sempre foi difícil argumentar com precisão quando se tratava de citar exemplos. Mas tenho que confessar que, afora alguns títulos e autores mais destacados que sempre são lembrados nesses momentos, dava até a mim mesmo a sensação que talvez estivesse forçando a tese para além do que ela poderia se sustentar.
A antipatia da crítica especializada pela ficção de gênero, que sempre desconsidera essa classificação para textos de autores canônicos, mantinha as referências à distância, sempre que possível. Parecia ser necessário um prolongado e exaustivo trabalho de pesquisa acadêmica para tirar esses trabalhos dos cofres da memória, esquecidos em livros obscuros e jornais antigos, como tem feito o pesquisador Braulio Tavares em diversas antologias recentes, como Páginas de sombra: contos fantásticos brasileiros (2003) e Páginas do futuro: Contos brasileiros de ficção científica (2011), ambos publicados pela editora Casa da Palavra.
A estes volumes junta-se agora Contos macabros: 13 histórias sinistras da literatura brasileira, organizado por Lainister de Oliveira Esteves para a Editora Escrita Fina. Na verdade, este trabalho foi publicado em 2010, mas somente agora o descobri. Esteves é um pesquisador carioca, doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e especializado em História Cultural, e este trabalho ilustra muito bem o carinho que o organizador tem para com a literatura brasileira.
Como o nome já diz, a antologia é formada por treze textos de horror de autoria de nove escritores canônicos já em domínio público: Álvares de Azevedo (1931-1852), Bernardo Guimarães (1825-1884), Machado de Assis (1839-1908), Aluísio de Azevedo (1857-1913), Thomaz Lopes (1879-1913), João do Rio (1881-1921), Gonzaga Duque (1886-1911), Humberto de Campos (1886-1934) e Lima Barreto (1881-1922). Destes autores, quatro já são bastante conhecidos entre os leitores de ficção fantástica: Álvares de Azevedo, Aluísio de Azevedo, Machado de Assis e Lima Barreto, mas os demais são gratas novidades no arcabouço da ficção fantástica nacional.
O primeiro conto selecionado pelo organizador, que decidiu dar ao volume um tratamento mais ou menos cronológico, é "Bertram", uma das cinco sangrentas histórias que formam Noite na taverna, de Álvares de Azevedo, o trabalho de horror mais conhecido das letras nacionais publicado originalmente em 1885. É justamente o texto mais forte do conjunto, com a história de um conquistador que vai até as últimas consequências por um rabo de saia. O estilo elegante de Azevedo reporta diretamente a Edgar Alan Poe.
"A dança dos ossos", de Bernardo Guimarães, publicado no livro Lendas e romances, de 1871, é uma sequência de três pequenos 'causos' de assombração, confrontando o racional e o irracional a partir de um assassinato brutal motivado por ciúmes.
Machado de Assis comparece com dois textos. Em "Sem olhos", publicado em 1876 no Jornal da Família, o narrador conta a história mórbida de seu vizinho de pensão, um homem incomum enlouquecido pela proximidade da morte. É curioso notar uma certa similaridade deste trabalho, em especial, às narrativas de H. P. Lovecraft, autor norte-americano que desenvolveu sua obra posteriormente, sem os componentes intolerantes deste, contudo. "A causa secreta", publicado 1875 na Gazeta de Notícias, é menos sobrenatural e, por isso mesmo, mais perturbador, pois trata de um distúrbio psicológico algo comum, o sadismo. A narrativa se resume a fatos simples, mas assustadores, que permeiam a vida de um casal e um amigo, num triângulo amoroso insuspeito.
Aluísio de Azevedo também comparece com dois textos. "O impenitente", publicado em 1898 na coletânea Pegadas, é uma narrativa clássico de horror gótico, em que um padre descontrolado pela paixão por uma mulher, tem uma experiência aterrorizante durante uma noite de insônia. O segundo texto do autor é o clássico "Demônios", a narrativa mais longa do volume, publicado em 1893 na coletânea de mesmo nome. É uma história surrealista, que flerta com a ficção científica, antecipando diversos temas do gênero. Conta a transformação por que passa o protagonista e toda a sua realidade a partir do momento em que as estrelas começam a se apagar.
"O defunto", publicado em 1907 por Thomaz Lopes, explora um tema recorrente no gênero: o enterrado vivo. Um homem desperta de seu sono cataléptico aprisionado em uma cripta de pedra e mármore. Ainda que tenha alguma liberdade para se deslocar, ar para respirar e a luz do sol que ilumina o lugar por uma pequena fresta, todos os seus esforços não permitem que ele saia dali. Conforme os dias passam, a fome e a sede ganham contornos cada vez mais mais desesperadores.
João do Rio era um autor que eu conhecia só de ouvir falar, e fiquei surpreso com a força dos dois textos de sua autoria que o organizador selecionou para esta antologia. Em "Dentro da noite", um homem conta aos companheiros de uma viagem de trem noturna, como sua vida desmoronou por causa de uma compulsão bizarra, e o excelente "O bebê de tartalana rosa", que conta a experiência desconcertante de um libertino durante a madrugada de uma quarta-feira de cinzas. Os dois trabalhos foram publicados respectivamente em 1906 e 1908 na Gazeta da Noite.
Gonzaga Duque é outra grata novidade, com o conto "Confirmação", uma história de fantasma com pendões de ficção científica, publicada originariamente em 1914 na coletânea Horto das mágoas. Conta o que acontece durante um experimento conduzido por um cientista em uma sessão de espiritismo.
Os dois textos de Humberto de Campos exploram a linha do terror, ou seja, o medo gerado a partir de um evento não sobrenatural, ambos publicados coletânea O monstro e outros contos, de 1932. "O juramento" acompanha ao relato de um bêbado louco que conta como sobreviveu a captura de uma tribo de índios antropófagos, e "Retirantes" mostra a dor e o desespero de uma velha matrona decadente cuja única escapatória à seca terrível que assola sua terra é ir embora dali. Mas, para isso, ela precisa de roupas.
Lima Barreto, autor que tem vários outros textos ligados a ficção fantástica, fecha a seleta com o conto "O cemitério", publicado em 1956 na coletânea Marginália, no qual um homem passando por um cemitério se encanta com a fotografia de uma jovem ali sepultada.
A antologia ainda conta com os ensaios "Uma literatura envolta em sombras", que contextualiza os contos selecionados, e "Sobre os autores", com biografias breves de cada autor apresentado, ambos assinados pelo organizador.
Percebe-se a evolução do gênero ao longo dos textos, que começam com o recorrente medo do morto e da morte, que também caracterizou as primeiras obras do gênero em outras culturas, avançando para questões psicológicas e patológicas conforme a morte se desmistificou, chegando até a especulações de ordem científica, o que demonstra que a literatura brasileira não esteve alheia ao gênero e fez uso dele de forma consistente. Percebe-se também que o exercício do gênero esteve intimamente vinculado a literatura popular publicada nos periódicos, que se define assim esse como o espaço "pulp" que a literatura nacional não experimentou plenamente.
Além de muito divertido, Contos macabros: 13 histórias sinistras da literatura brasileira é um volume valioso para aqueles que buscam entender o desenvolvimento da literatura de gênero no Brasil e seu valor dentro do cânone nacional.
Muitas vezes, a diferença entre uma impressão e uma certeza pode ser mínima. E a impressão que a ficção especulativa sempre fez parte da literatura brasileira era uma convicção que eu tinha comigo. Mas sempre foi difícil argumentar com precisão quando se tratava de citar exemplos. Mas tenho que confessar que, afora alguns títulos e autores mais destacados que sempre são lembrados nesses momentos, dava até a mim mesmo a sensação que talvez estivesse forçando a tese para além do que ela poderia se sustentar.
A antipatia da crítica especializada pela ficção de gênero, que sempre desconsidera essa classificação para textos de autores canônicos, mantinha as referências à distância, sempre que possível. Parecia ser necessário um prolongado e exaustivo trabalho de pesquisa acadêmica para tirar esses trabalhos dos cofres da memória, esquecidos em livros obscuros e jornais antigos, como tem feito o pesquisador Braulio Tavares em diversas antologias recentes, como Páginas de sombra: contos fantásticos brasileiros (2003) e Páginas do futuro: Contos brasileiros de ficção científica (2011), ambos publicados pela editora Casa da Palavra.
A estes volumes junta-se agora Contos macabros: 13 histórias sinistras da literatura brasileira, organizado por Lainister de Oliveira Esteves para a Editora Escrita Fina. Na verdade, este trabalho foi publicado em 2010, mas somente agora o descobri. Esteves é um pesquisador carioca, doutor em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e especializado em História Cultural, e este trabalho ilustra muito bem o carinho que o organizador tem para com a literatura brasileira.
Como o nome já diz, a antologia é formada por treze textos de horror de autoria de nove escritores canônicos já em domínio público: Álvares de Azevedo (1931-1852), Bernardo Guimarães (1825-1884), Machado de Assis (1839-1908), Aluísio de Azevedo (1857-1913), Thomaz Lopes (1879-1913), João do Rio (1881-1921), Gonzaga Duque (1886-1911), Humberto de Campos (1886-1934) e Lima Barreto (1881-1922). Destes autores, quatro já são bastante conhecidos entre os leitores de ficção fantástica: Álvares de Azevedo, Aluísio de Azevedo, Machado de Assis e Lima Barreto, mas os demais são gratas novidades no arcabouço da ficção fantástica nacional.
O primeiro conto selecionado pelo organizador, que decidiu dar ao volume um tratamento mais ou menos cronológico, é "Bertram", uma das cinco sangrentas histórias que formam Noite na taverna, de Álvares de Azevedo, o trabalho de horror mais conhecido das letras nacionais publicado originalmente em 1885. É justamente o texto mais forte do conjunto, com a história de um conquistador que vai até as últimas consequências por um rabo de saia. O estilo elegante de Azevedo reporta diretamente a Edgar Alan Poe.
"A dança dos ossos", de Bernardo Guimarães, publicado no livro Lendas e romances, de 1871, é uma sequência de três pequenos 'causos' de assombração, confrontando o racional e o irracional a partir de um assassinato brutal motivado por ciúmes.
Machado de Assis comparece com dois textos. Em "Sem olhos", publicado em 1876 no Jornal da Família, o narrador conta a história mórbida de seu vizinho de pensão, um homem incomum enlouquecido pela proximidade da morte. É curioso notar uma certa similaridade deste trabalho, em especial, às narrativas de H. P. Lovecraft, autor norte-americano que desenvolveu sua obra posteriormente, sem os componentes intolerantes deste, contudo. "A causa secreta", publicado 1875 na Gazeta de Notícias, é menos sobrenatural e, por isso mesmo, mais perturbador, pois trata de um distúrbio psicológico algo comum, o sadismo. A narrativa se resume a fatos simples, mas assustadores, que permeiam a vida de um casal e um amigo, num triângulo amoroso insuspeito.
Aluísio de Azevedo também comparece com dois textos. "O impenitente", publicado em 1898 na coletânea Pegadas, é uma narrativa clássico de horror gótico, em que um padre descontrolado pela paixão por uma mulher, tem uma experiência aterrorizante durante uma noite de insônia. O segundo texto do autor é o clássico "Demônios", a narrativa mais longa do volume, publicado em 1893 na coletânea de mesmo nome. É uma história surrealista, que flerta com a ficção científica, antecipando diversos temas do gênero. Conta a transformação por que passa o protagonista e toda a sua realidade a partir do momento em que as estrelas começam a se apagar.
"O defunto", publicado em 1907 por Thomaz Lopes, explora um tema recorrente no gênero: o enterrado vivo. Um homem desperta de seu sono cataléptico aprisionado em uma cripta de pedra e mármore. Ainda que tenha alguma liberdade para se deslocar, ar para respirar e a luz do sol que ilumina o lugar por uma pequena fresta, todos os seus esforços não permitem que ele saia dali. Conforme os dias passam, a fome e a sede ganham contornos cada vez mais mais desesperadores.
João do Rio era um autor que eu conhecia só de ouvir falar, e fiquei surpreso com a força dos dois textos de sua autoria que o organizador selecionou para esta antologia. Em "Dentro da noite", um homem conta aos companheiros de uma viagem de trem noturna, como sua vida desmoronou por causa de uma compulsão bizarra, e o excelente "O bebê de tartalana rosa", que conta a experiência desconcertante de um libertino durante a madrugada de uma quarta-feira de cinzas. Os dois trabalhos foram publicados respectivamente em 1906 e 1908 na Gazeta da Noite.
Gonzaga Duque é outra grata novidade, com o conto "Confirmação", uma história de fantasma com pendões de ficção científica, publicada originariamente em 1914 na coletânea Horto das mágoas. Conta o que acontece durante um experimento conduzido por um cientista em uma sessão de espiritismo.
Os dois textos de Humberto de Campos exploram a linha do terror, ou seja, o medo gerado a partir de um evento não sobrenatural, ambos publicados coletânea O monstro e outros contos, de 1932. "O juramento" acompanha ao relato de um bêbado louco que conta como sobreviveu a captura de uma tribo de índios antropófagos, e "Retirantes" mostra a dor e o desespero de uma velha matrona decadente cuja única escapatória à seca terrível que assola sua terra é ir embora dali. Mas, para isso, ela precisa de roupas.
Lima Barreto, autor que tem vários outros textos ligados a ficção fantástica, fecha a seleta com o conto "O cemitério", publicado em 1956 na coletânea Marginália, no qual um homem passando por um cemitério se encanta com a fotografia de uma jovem ali sepultada.
A antologia ainda conta com os ensaios "Uma literatura envolta em sombras", que contextualiza os contos selecionados, e "Sobre os autores", com biografias breves de cada autor apresentado, ambos assinados pelo organizador.
Percebe-se a evolução do gênero ao longo dos textos, que começam com o recorrente medo do morto e da morte, que também caracterizou as primeiras obras do gênero em outras culturas, avançando para questões psicológicas e patológicas conforme a morte se desmistificou, chegando até a especulações de ordem científica, o que demonstra que a literatura brasileira não esteve alheia ao gênero e fez uso dele de forma consistente. Percebe-se também que o exercício do gênero esteve intimamente vinculado a literatura popular publicada nos periódicos, que se define assim esse como o espaço "pulp" que a literatura nacional não experimentou plenamente.
Além de muito divertido, Contos macabros: 13 histórias sinistras da literatura brasileira é um volume valioso para aqueles que buscam entender o desenvolvimento da literatura de gênero no Brasil e seu valor dentro do cânone nacional.
sábado, 3 de janeiro de 2015
Megalon 56
Está disponível para download gratuito o número 56 do fanzine de ficção científica e horror Megalon, publicado originalmente em março de 2000 por Marcello Simão Branco.
A edição tem 34 páginas e traz contos de Fabio Fernandes, Martha Argel e Jean-Claud Dunyach (França). O destaque desta edição é o artigo "Ficção científica na Argentina: Panorama contemporâneo", assinado por Horácio Moreno (Argentina), com um levantamento amplo sobre o estado do gênero no fandom hermano no final do século passado. Completam a edição as seçõs fixas "Diario do fandom", "Publicações recebidas", "Terras alternativas", "Arte fantástica brasileira", "Barreiros desintegra!" e "Correio cósmico". A capa traz uma bela ilustração de Adrian Bourne (EUA).
O editor também disponibilizou, para o deleite dos fãs, uma reprodução da capa do raro Magazine de Ficção Científica nº4, de julho de 1970. Inspiradora.
A edição tem 34 páginas e traz contos de Fabio Fernandes, Martha Argel e Jean-Claud Dunyach (França). O destaque desta edição é o artigo "Ficção científica na Argentina: Panorama contemporâneo", assinado por Horácio Moreno (Argentina), com um levantamento amplo sobre o estado do gênero no fandom hermano no final do século passado. Completam a edição as seçõs fixas "Diario do fandom", "Publicações recebidas", "Terras alternativas", "Arte fantástica brasileira", "Barreiros desintegra!" e "Correio cósmico". A capa traz uma bela ilustração de Adrian Bourne (EUA).
O editor também disponibilizou, para o deleite dos fãs, uma reprodução da capa do raro Magazine de Ficção Científica nº4, de julho de 1970. Inspiradora.
As aventuras de Velta 3
Está circulando o terceiro número da revista em quadrinhos As aventuras de Velta, com o encontro de Lagarto Negro, personagem criado por Gabriel Rocha, e a gigante loura Velta, de Emir Ribeiro.
A revista tem formato de bolso (A5) e, em suas 20 páginas em preto e branco, traz uma única hq escrita por Marcos Franco, para os bons desenhos de Gilberto Borba, com um cuidadoso trabalho de retículas. A capa, em papel cartão, traz ilustrações coloridas de Emir Ribeiro, que também se encarregou da produção editorial.
Mais informações sobre como adquirir a revista, aqui.
A revista tem formato de bolso (A5) e, em suas 20 páginas em preto e branco, traz uma única hq escrita por Marcos Franco, para os bons desenhos de Gilberto Borba, com um cuidadoso trabalho de retículas. A capa, em papel cartão, traz ilustrações coloridas de Emir Ribeiro, que também se encarregou da produção editorial.
Mais informações sobre como adquirir a revista, aqui.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2015
Resultado do promoção Trasgo
Conforme anunciado aqui há algumas semanas, divulgamos agora o vencedor da promoção Ganhe Trasgo.
O processo do sorteio foi através de papéis com os nomes dos participantes, que foram lançados juntos ao ar; aquele que, ao cair no chão, ficasse com o nome para cima, seria o vencedor.
E a vencedora foi Caroline Policarpo, e o conto preferido dela foi "Estive assombrando seus sonhos", de Mary C. Muller, presente na edição número 4.
Parabéns, Caroline! Seu email foi repassado ao editor Rodrigo van Kampen, que encaminará uma cópia do número 5 e procederá o registro da sua assinatura para as edições 6 a 8.
E um Feliz Ano Novo a todos!
O processo do sorteio foi através de papéis com os nomes dos participantes, que foram lançados juntos ao ar; aquele que, ao cair no chão, ficasse com o nome para cima, seria o vencedor.
E a vencedora foi Caroline Policarpo, e o conto preferido dela foi "Estive assombrando seus sonhos", de Mary C. Muller, presente na edição número 4.
Parabéns, Caroline! Seu email foi repassado ao editor Rodrigo van Kampen, que encaminará uma cópia do número 5 e procederá o registro da sua assinatura para as edições 6 a 8.
E um Feliz Ano Novo a todos!