O editor independente Edgard Guimarães está remetendo aos seus assinantes a última edição de 2014 do obrigatório fanzine Quadrinhos Independentes-QI, que chega a sua edição 130 em alto estilo.
A edição tem 28 páginas e homenageia Valdir Dâmaso (1934-2014) – um dos mais ativos e queridos fanzineiros do Brasil, editor do conhecido Jornal da Gibizada, falecido há poucas semanas – com um artigo e a capa, que traz uma ilustração de Umberto Losso. Traz também artigos sobre Akim - o Tarzan italiano -, sobre o Flama, criado pelo saudoso Deodato Borges, e sobre séries de quadrinhos que voltam anos depois de supostamente terminadas. Também há um artigo sobre as dificuldades dos colecionadores de O Pasquim, e mais um trecho de uma longa entrevista sobre fanzines que o editor cedeu a um saite em 2013. A edição também traz hqs de Dennis Oliveira, Chagas Lima, Claudio Lopes Faria, Paulo Anjos, Rafael e do próprio Guimarães, e as colunas fixas "Mantendo contato", assinada por Waz, "Fórum", com as cartas dos leitores, e o catálogo "Edições Independentes" com as publicações do bimestre.
Mas não é só. Junto com o exemplar do QI, o editor encaminhou aos assinantes, de brinde, o segundo volume da coleção Pequena Biblioteca Sobre Histórias em Quadrinhos, com o ensaio O outro Maurício, assinado pelo cartunista e pesquisador Luigi Rocco, com um levantamento dos primeiros trabalhos de Maurício de Sousa, quando o autor experimentou diversos gêneros e personagens que não levou adiante. Um valioso trabalho de resgate histórico para toda uma geração que não conhece nada mais da obra desse famoso quadrinhista brasileiro, além da Turma da Mônica. Além disso, traz também reproduções de tiras de outros artistas que fizeram parte do catálogo da malfadada distribuidora de tiras que Sousa tentou implementar nos anos 1960. A capa, em cores, traz uma ilustração de Joel Link, reproduzida de uma edição da Folhinha de S. Paulo.
Por esse e outras é que vale muito a pena assinar o QI. E está na hora certa para isso, pois o editor anunciou a campanha de renovações de assinaturas para as edições 131 a 136, por apenas R$25,00. Mais informações com o editor no email edgard@ita.br.
segunda-feira, 29 de dezembro de 2014
sábado, 27 de dezembro de 2014
Repercutindo o Anuário 2013
No dia 16 de dezembro foi lançada em São Paulo a edição 2013 do Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica. Os autores Cesar Silva e Marcello Simão Branco (foto) receberam leitores e amigos num evento na Livraria Martins Fontes Paulista, numa noite quente de terça-feira.
A edição, de mais de 400 páginas, integraliza as efemérides da fc&f nacional, que eram apresentadas segmentadamente nas edições anteriores, com a publicação de mais de 80 resenhas, entre clássicos e lançamentos dos gêneros no país.
Eis aqui dois comentários publicados nas redes sociais a respeito do Anuário 2013:
"De longe, a melhor e mais completa publicação do gênero no Brasil. Tem tudo. Padrão internacional. Permanece um mistério, há uma década, como seus autores conseguem coletar e organizar tanta informação e ainda exercerem outras atividades extra-Anuário. A edição normal já é leitura obrigatória pra qualquer fã de fc em particular e literatura fantástica em geral. Imagina essa edição especial consolidada. Diria que já está na esfera das edições históricas de colecionador. Corram logo pra comprar antes que esgote."
Eduardo Torres é moderador da Lista de Discussões do Clube de Leitores de Ficção Científica-CLFC.
"Num sarau organizado pelo mestre Ferréz, no Capão Redondo, sugeri que no Brasil há pelo menos duas marginalidades literárias. A primeira, mais conhecida, é a dos escritores da periferia social e econômica, que escrevem sobre sua vivência dramática. A segunda, menos prestigiada pela grande imprensa e pela academia, é a dos escritores de ficção científica, fantasia e terror.
Considero-me um ficcionista marginal por esse motivo: escrevo ficção científica e meus livros saem por atrevidas editoras alternativas. Essa segunda marginalidade pode até ser invisível para o leitor menos atento, mas não é, de maneira alguma, pequena. Ela é formada por milhares de guerrilheiros (autores, editores e fãs) agindo clandestinamente nos subterrâneos da cultura botocuda.
Se você quiser conhecer os detalhes mais significativos dessa guerra secreta, o Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica, dos incansáveis Marcello Simão Branco e Cesar Silva, é um ótimo começo."
Luiz Bras é autor dos livros Pequena coleção de grandes horrores e Distrito Federal.
O Anuário 2013 está disponível para venda nas lojas virtuais da Devir Livraria e da Martins Fontes Paulista. Mais informações sobre o Anuário 2013, aqui.
A edição, de mais de 400 páginas, integraliza as efemérides da fc&f nacional, que eram apresentadas segmentadamente nas edições anteriores, com a publicação de mais de 80 resenhas, entre clássicos e lançamentos dos gêneros no país.
Eis aqui dois comentários publicados nas redes sociais a respeito do Anuário 2013:
"De longe, a melhor e mais completa publicação do gênero no Brasil. Tem tudo. Padrão internacional. Permanece um mistério, há uma década, como seus autores conseguem coletar e organizar tanta informação e ainda exercerem outras atividades extra-Anuário. A edição normal já é leitura obrigatória pra qualquer fã de fc em particular e literatura fantástica em geral. Imagina essa edição especial consolidada. Diria que já está na esfera das edições históricas de colecionador. Corram logo pra comprar antes que esgote."
Eduardo Torres é moderador da Lista de Discussões do Clube de Leitores de Ficção Científica-CLFC.
"Num sarau organizado pelo mestre Ferréz, no Capão Redondo, sugeri que no Brasil há pelo menos duas marginalidades literárias. A primeira, mais conhecida, é a dos escritores da periferia social e econômica, que escrevem sobre sua vivência dramática. A segunda, menos prestigiada pela grande imprensa e pela academia, é a dos escritores de ficção científica, fantasia e terror.
Considero-me um ficcionista marginal por esse motivo: escrevo ficção científica e meus livros saem por atrevidas editoras alternativas. Essa segunda marginalidade pode até ser invisível para o leitor menos atento, mas não é, de maneira alguma, pequena. Ela é formada por milhares de guerrilheiros (autores, editores e fãs) agindo clandestinamente nos subterrâneos da cultura botocuda.
Se você quiser conhecer os detalhes mais significativos dessa guerra secreta, o Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica, dos incansáveis Marcello Simão Branco e Cesar Silva, é um ótimo começo."
Luiz Bras é autor dos livros Pequena coleção de grandes horrores e Distrito Federal.
O Anuário 2013 está disponível para venda nas lojas virtuais da Devir Livraria e da Martins Fontes Paulista. Mais informações sobre o Anuário 2013, aqui.
Ficção fantástica para as férias
O escritor carioca Miguel Carqueija divulga a publicação de três novos livros.
Freaks: Uma experiência para lá de normal é um romance de mistério em clima de ficção científica, apresentando Dr. Brian Max, conhecido personagem dos contos de Carqueija, que aparece pela primeira vez em um livro. A história foi escrita em parceria com Ronald Rahal e a versão digital da Agbook tem preço acessível. O livro também pode ser adquirido em edição impressa.
Poemas de personagens é uma coletânea poética sobre personagens muito queridos do autor, tais como Tinkerbell, Mary Poppins, Alice, Capitão Nemo, Pernalonga, Donald, Pateta, Pardal, Tio Patinhas, Mickey, Hayley Stark, Sailor Moon, Gastão, Patolino, e Amigo da Onça, entre outros. Já Esfera da sabedoria é um fanfic (narrativa passada no universo ficcional de outro autor) inspirado na série de filmes de fantasia Tio Maneco, criada pelo ator Flavio Migliaccio. Ambos os textos estão disponíveis gratuitamente em arquivos de texto no saite Recanto das Letras.
Freaks: Uma experiência para lá de normal é um romance de mistério em clima de ficção científica, apresentando Dr. Brian Max, conhecido personagem dos contos de Carqueija, que aparece pela primeira vez em um livro. A história foi escrita em parceria com Ronald Rahal e a versão digital da Agbook tem preço acessível. O livro também pode ser adquirido em edição impressa.
Poemas de personagens é uma coletânea poética sobre personagens muito queridos do autor, tais como Tinkerbell, Mary Poppins, Alice, Capitão Nemo, Pernalonga, Donald, Pateta, Pardal, Tio Patinhas, Mickey, Hayley Stark, Sailor Moon, Gastão, Patolino, e Amigo da Onça, entre outros. Já Esfera da sabedoria é um fanfic (narrativa passada no universo ficcional de outro autor) inspirado na série de filmes de fantasia Tio Maneco, criada pelo ator Flavio Migliaccio. Ambos os textos estão disponíveis gratuitamente em arquivos de texto no saite Recanto das Letras.
Juvenatrix 166
Está disponível o número 166 do fanzine de horror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti.
A edição tem 20 páginas e traz um conto de Rita Maria Felix da Silva, artigo sobre o filme Pânico na floresta (2003), e resenhas para os clássicos trash O alerta do espaço (1956), A batalha dos monstros (1969), Destruam toda a Terra (1968), Gammera, o monstro invencível (1966), Josey Wales: O fora da lei (1976), O monstro de Vênus (1966) e A primeira espaçonave em Vênus (1960). Complementam a edição divulgações de fanzines, livros, DVDs e bandas de metal extremo. A capa traz uma ilustração de Angelo Junior.
Para solicitar uma cópia em formato pdf, basta enviar pedido para o email renatorosatti@yahoo.com.br.
A edição tem 20 páginas e traz um conto de Rita Maria Felix da Silva, artigo sobre o filme Pânico na floresta (2003), e resenhas para os clássicos trash O alerta do espaço (1956), A batalha dos monstros (1969), Destruam toda a Terra (1968), Gammera, o monstro invencível (1966), Josey Wales: O fora da lei (1976), O monstro de Vênus (1966) e A primeira espaçonave em Vênus (1960). Complementam a edição divulgações de fanzines, livros, DVDs e bandas de metal extremo. A capa traz uma ilustração de Angelo Junior.
Para solicitar uma cópia em formato pdf, basta enviar pedido para o email renatorosatti@yahoo.com.br.
André Carneiro (1922-2014)
É sempre difícil dizer adeus a um amigo e, mais ainda, quando esse amigo é mestre justamente no tipo de arte que escolhemos para estudar e amar.
André Carneiro é, sem dúvida nenhuma, o mais importante nome brasileiro no que se refere à ficção científica. Autor de textos sofisticados e perturbadores, de abordagens raras e estilo sempre inovador, Carneiro não evitava temas polêmicos, pelo contrário, os perseguia com afinco. Tanto em prosa, na qual é o autor mais lembrado pelos leitores dentro e fora do País – especialmente pela novela "A escuridão" –, mas também em verso, sendo um dos poucos poetas brasileiros que não teve receio de versejar ficção científica. Carneiro também se destacou na elaboração de estudos sobre o gênero, com seu obrigatório ensaio Introdução ao estudo da 'science fiction', publicado em 1967 que, ainda hoje, é importante fonte de referência acadêmica.
André Granja Carneiro nasceu 9 de maio de 1922 em Atibaia, cidade do interior paulista. Formou-se em jornalismo e foi fundador do importante jornal literário Tentativa, publicado entre 1949 e 1951, um dos mais completos registros do grupo de poetas que ficou conhecido como Geração 45, do qual o próprio Carneiro faz parte.
Seu primeiro livro foi a antologia poética Ângulo & face, publicada em 1949. O envolvimento com a literatura especulativa iniciou-se na Antologia brasileira de ficção científica, organizada pelo editor Gumercindo Rocha Dorea em 1961, com o conto "O começo do fim". No mesmo ano teve publicado, pelo mesmo editor, o conto "A organização do Dr. Labuzze", na antologia Histórias do acontecerá. Seu primeiro livro solo no gênero viria a ser Diário da nave perdida, coletânea publicada em 1963 pela editora Edart, na qual aparece pela primeira vez o famoso conto "A escuridão". Também a sua segunda coletânea, O homem que adivinhava, foi publicada pela Edart, em 1966.
Carneiro participou ativamente do lendário Simpósio de Ficção Científica, realizado no Rio de Janeiro em 1969, no qual cumpriu a função de chair-man a convite de José Sanz, organizador geral do evento.
Por iniciativa do tradutor e agente literário Leo Barrow que "A escuridão" foi publicado no mercado norte-americano, assim como mais de duas dezenas de outros textos. A primeira publicação em inglês de "The darkness" foi na antologia Best SF 1972, organizada por Harry Harrison e Brian Aldiss. Mais tarde, este o outros textos de Carneiro seriam publicados em diversas outras línguas, tornando-se a obra da fc brasileira mais conhecida no exterior.
Carneiro tinha muitos interesses além da literatura. Foi artista plástico, fotógrafo, cineasta e dedicou muita atenção a arte do hipnotismo, assunto sobre o qual também escreveu diversos livros. Sendo um intelectual em plena atividade, foi perseguido pelas forças militares do golpe de 1964. Carneiro gostava de contar sobre a sala secreta que tinha em sua chácara, de sua participação em grupos de guerrilha e da operação que roubou o famoso "cofre do Adhemar". Apesar da militância, nunca foi preso, mas as experiências que viveu serviram de combustível poderoso para sua ficção.
Uma das temas mais recorrentes da obra de André Carneiro é o feminismo e a revolução sexual. Muitos de seus trabalhos curtos tratam desse tema em maior ou menor grau, mas foi na ficção longa que Carneiro ousou mais, em seus romances Piscina livre (1980) e Amorquia (1991).
Por causa de problemas de saúde, Carneiro transferiu-se para Curitiba em 1999, para ficar próximo a seus filhos, Maurício e Henrique. Mesmo assim, continuou ativo, realizando diversas oficinas literárias e contribuindo para a formação de um núcleo de autores de fc&f na capital paranaense. Um problema progressivo nos olhos dificultou ainda mais a vida de André Carneiro mas, mesmo com menos de dez por cento da visão, continuou a escrever contos e poemas. São dessa fase a coletânea de contos Confissões do inexplicável e a coletânea poética Quânticos da incerteza, ambas de 2007. Seu último livro publicado foi André Carneiro: Fotografias achadas, perdidas e construídas (2009), mas o autor deixou prontas pelo menos uma coletânea de contos inéditos e uma coletânea de crônicas que, talvez, ainda sejam, editadas.
André Carneiro nos deixou no dia 4 de novembro de 2014, aos 92 anos, vitimado por problemas cardiorrespiratórios. Seu corpo foi cremado e as cinzas depositadas ao pé de uma árvore.
Os livros do mestre
Ângulo & face. São Paulo: Edart, 1949. Poesia.
Diário da nave perdida. São Paulo: Edart, 1963. Contos.
Espaçopleno. São Paulo: Clube de Poesia, 1963. Poesia.
O homem que adivinhava. São Paulo: Edart, 1966. Contos.
O mundo misterioso do hipnotismo. São Paulo: Edart, 1963. Não-ficção.
Introdução ao estudo da 'science fiction'. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1967. Não-ficção.
Manual de hipnose. São Paulo: Editora Resenha Universitária, 1978. Não-ficção.
Piscina livre. São Paulo: Editora Moderna, 1980. Romance.
Pássaros florescem. São Paulo: Editora Scipione, 1988. Poesia.
Amorquia. São Paulo: Editora Aleph, 1991. Romance.
A máquina de Hyerônimus e outras histórias. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 1997. Contos.
Sem memória. São Bernardo do Campo: Edições Hiperespaço, 2005.
Confissões do inexplicável. São Paulo: Editora Devir, 2007. Contos.
Quânticos da incerteza. Atibaia: Redijo, 2007. Poesia.
André Carneiro: Fotografias achadas, perdidas e construídas. São Paulo: Pantemporâneo, 2009.
André Carneiro é, sem dúvida nenhuma, o mais importante nome brasileiro no que se refere à ficção científica. Autor de textos sofisticados e perturbadores, de abordagens raras e estilo sempre inovador, Carneiro não evitava temas polêmicos, pelo contrário, os perseguia com afinco. Tanto em prosa, na qual é o autor mais lembrado pelos leitores dentro e fora do País – especialmente pela novela "A escuridão" –, mas também em verso, sendo um dos poucos poetas brasileiros que não teve receio de versejar ficção científica. Carneiro também se destacou na elaboração de estudos sobre o gênero, com seu obrigatório ensaio Introdução ao estudo da 'science fiction', publicado em 1967 que, ainda hoje, é importante fonte de referência acadêmica.
André Granja Carneiro nasceu 9 de maio de 1922 em Atibaia, cidade do interior paulista. Formou-se em jornalismo e foi fundador do importante jornal literário Tentativa, publicado entre 1949 e 1951, um dos mais completos registros do grupo de poetas que ficou conhecido como Geração 45, do qual o próprio Carneiro faz parte.
Seu primeiro livro foi a antologia poética Ângulo & face, publicada em 1949. O envolvimento com a literatura especulativa iniciou-se na Antologia brasileira de ficção científica, organizada pelo editor Gumercindo Rocha Dorea em 1961, com o conto "O começo do fim". No mesmo ano teve publicado, pelo mesmo editor, o conto "A organização do Dr. Labuzze", na antologia Histórias do acontecerá. Seu primeiro livro solo no gênero viria a ser Diário da nave perdida, coletânea publicada em 1963 pela editora Edart, na qual aparece pela primeira vez o famoso conto "A escuridão". Também a sua segunda coletânea, O homem que adivinhava, foi publicada pela Edart, em 1966.
Carneiro participou ativamente do lendário Simpósio de Ficção Científica, realizado no Rio de Janeiro em 1969, no qual cumpriu a função de chair-man a convite de José Sanz, organizador geral do evento.
Por iniciativa do tradutor e agente literário Leo Barrow que "A escuridão" foi publicado no mercado norte-americano, assim como mais de duas dezenas de outros textos. A primeira publicação em inglês de "The darkness" foi na antologia Best SF 1972, organizada por Harry Harrison e Brian Aldiss. Mais tarde, este o outros textos de Carneiro seriam publicados em diversas outras línguas, tornando-se a obra da fc brasileira mais conhecida no exterior.
Carneiro tinha muitos interesses além da literatura. Foi artista plástico, fotógrafo, cineasta e dedicou muita atenção a arte do hipnotismo, assunto sobre o qual também escreveu diversos livros. Sendo um intelectual em plena atividade, foi perseguido pelas forças militares do golpe de 1964. Carneiro gostava de contar sobre a sala secreta que tinha em sua chácara, de sua participação em grupos de guerrilha e da operação que roubou o famoso "cofre do Adhemar". Apesar da militância, nunca foi preso, mas as experiências que viveu serviram de combustível poderoso para sua ficção.
Uma das temas mais recorrentes da obra de André Carneiro é o feminismo e a revolução sexual. Muitos de seus trabalhos curtos tratam desse tema em maior ou menor grau, mas foi na ficção longa que Carneiro ousou mais, em seus romances Piscina livre (1980) e Amorquia (1991).
Por causa de problemas de saúde, Carneiro transferiu-se para Curitiba em 1999, para ficar próximo a seus filhos, Maurício e Henrique. Mesmo assim, continuou ativo, realizando diversas oficinas literárias e contribuindo para a formação de um núcleo de autores de fc&f na capital paranaense. Um problema progressivo nos olhos dificultou ainda mais a vida de André Carneiro mas, mesmo com menos de dez por cento da visão, continuou a escrever contos e poemas. São dessa fase a coletânea de contos Confissões do inexplicável e a coletânea poética Quânticos da incerteza, ambas de 2007. Seu último livro publicado foi André Carneiro: Fotografias achadas, perdidas e construídas (2009), mas o autor deixou prontas pelo menos uma coletânea de contos inéditos e uma coletânea de crônicas que, talvez, ainda sejam, editadas.
André Carneiro nos deixou no dia 4 de novembro de 2014, aos 92 anos, vitimado por problemas cardiorrespiratórios. Seu corpo foi cremado e as cinzas depositadas ao pé de uma árvore.
Os livros do mestre
Ângulo & face. São Paulo: Edart, 1949. Poesia.
Diário da nave perdida. São Paulo: Edart, 1963. Contos.
Espaçopleno. São Paulo: Clube de Poesia, 1963. Poesia.
O homem que adivinhava. São Paulo: Edart, 1966. Contos.
O mundo misterioso do hipnotismo. São Paulo: Edart, 1963. Não-ficção.
Introdução ao estudo da 'science fiction'. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1967. Não-ficção.
Manual de hipnose. São Paulo: Editora Resenha Universitária, 1978. Não-ficção.
Piscina livre. São Paulo: Editora Moderna, 1980. Romance.
Pássaros florescem. São Paulo: Editora Scipione, 1988. Poesia.
Amorquia. São Paulo: Editora Aleph, 1991. Romance.
A máquina de Hyerônimus e outras histórias. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 1997. Contos.
Sem memória. São Bernardo do Campo: Edições Hiperespaço, 2005.
Confissões do inexplicável. São Paulo: Editora Devir, 2007. Contos.
Quânticos da incerteza. Atibaia: Redijo, 2007. Poesia.
André Carneiro: Fotografias achadas, perdidas e construídas. São Paulo: Pantemporâneo, 2009.
terça-feira, 23 de dezembro de 2014
Resenha: Mundo novo
Não há dúvida que a ficção científica, mesmo no século 21, continua a atrair a atenção dos leitores e autores. Em algum momento ao longo dos anos 1990, temia-se que a chegada do 'futuro' tornasse o gênero um exercício frívolo e sem utilidade, pois a realidade o superaria. Mas o que se observa é que o interesse pelo exercício especulativo a respeito do impacto da tecnologia na vida das pessoas, seja no futuro distante, seja no próximo, segue surpreendendo.
Mundo novo (The young word), publicado no Brasil em 2014 pela editora Companhia das Letras pelo selo Seguinte, com tradução de Álvaro Hattnher, é o primeiro romance de Chris Weitz, novaiorquino nascido em 1969 e formado em literatura inglesa pelo Trinity College. Weitz é mais conhecido por seu trabalho no cinema: o roteiro de seu longa About a boy (2002), dirigido por ele ao lado do irmão Paul, foi indicado ao Oscar. Além disso, Weitz dirigiu dois grandes sucessos do cinema de fantasia, A bússola de ouro (2007) e Lua nova (2009).
Trata-se de uma ficção apocalíptica, na mesma linha de uma série de produtos recentes da mídia que discutem a mortalidade, como os seriados de tv The walking dead, Helix e The last ship. O tema é bastante recorrente também na literatura do gênero, que tem clássicos como Só a terra permanece, de George Stewart, Eu sou a lenda, de Richard Matheson e Um cântico para Leibowitz, de Walter M. Miller Jr.
Mundo novo conta o que acontece ao planeta quando uma virose agressiva e desconhecida dizima a população adulta e infantil, deixando vivos apenas os adolescentes, que morrem tão logo completam 18 anos. Sozinhos e sem referências, os jovens tentam sobreviver a sua maneira ao colapso da civilização organizando-se em grupos para procurarem por alimentos e outros recursos necessários que coletam nas ruínas das cidades, e se protegerem de gangues rivais que ali disputam o poder.
A história é contada a partir do ponto de vista de dois personagens: Donna, uma adolescente típica do século 21, e Jefferson, filho de cientistas de ascendência japonesa, que é extremamente compenetrado de suas obrigações. Amigos desde a infância, fazem parte de um grupo de sobreviventes na região de Washington Square, em Nova York. O grupo acabou de perder seu líder, Wash, irmão mais velho de Jeff que completou 18 anos e morreu devido à infecção.
Crânio, um outro membro do grupo e fenômeno mirim da ciência, surge com a proposta de pesquisar um certo artigo científico numa revista que pode estar arquivada na grande biblioteca pública da cidade. Triste com a perda do irmão, Jeff acaba concordando em ajudá-lo, mais para sentir que está fazendo alguma coisa a respeito da doença que acabará por levar a todos, mais cedo ou mais tarde. Aos dois garotos associam-se Donna – que não acredita na possibilidade de que Crânio possa fazer o que os cientistas do mundo todo não puderam – e Peter, negro alto e forte que não esconde sua condição homossexual. A eles, mais tarde, vai se unir Minifu, sino-americana com um grande talento em lutas corpo a corpo.
A jornada inicia a bordo de uma caminhonete, que prova ser muito útil para chegar até a biblioteca, mas não mais do que isso. Contudo, esse é apenas o início de uma jornada repleta de perigos mortais como gangues inimigas, uma comunidade de canibais, matilhas de cães ferozes, animais selvagens sobreviventes do zoológico, muito tiroteio e correrias. Amarrando a peregrinação, que vai passar por diversos pontos turísticos dessa Nova York arruinada, o drama íntimo de Jeff, que não consegue declarar seu amor por Donna, uma história que só vai se definir nas páginas finais.
A narrativa é linear, mas a alternância de narrador lhe acrescenta tempero especial, porque Weitz maneja muito bem as duas vozes. O feito é o de ler dois diários que contam a mesma história em estilos bem diferentes. O texto de Jeff é escorreito e segue a norma culta da língua, o que combina com a personalidade séria do garoto. Já a narração de Donna é indisciplinada e errática, repleta de soluções improvisadas, com o uso exagerado de gírias e de estruturas típicas do roteiro de teatro, com os nomes dos personagens antes de suas falas. A editora também ajudou, definindo uma tipologia específica para cada narrador, de forma que percebemos a variação não apenas pela leitura, mas também no visual das páginas.
Outro mérito de Weitz são as alfinetadas que ele distribui a vontade contra o ambiente acadêmico. Por exemplo, quando Jeff e Crânio discutem a extinta prática da publicação de artigos acadêmicos. Jeff diz:
"Na superfície, parece ser um artigo de opinião, ou mesmo um ensaio sobre ética científica, mas me parece o tipo e coisa com que meus pais tinham de lidar. Chamavam de defesa de interesses pessoais." (página 121).
O autor também insere muitas referências à cultura pop e não evita revelar suas influências mais imediatas, tais como o romance O senhor das moscas (Lord of the flies), de William Golding, e Os arquivos confusos da sra. Basil E. Frankweiler (From the mixed-up files of Mrs. Basil E. Frankweiler) de E. L. Konigsburg, citados pelos personagens, entre outros.
Mundo novo é um romance divertido e adequado ao público jovem-adulto ao qual foi dirigido, mas que não abandona o leitor experiente, oferecendo discussões éticas e morais que podem levar a reflexões bastante profundas.
Mundo novo (The young word), publicado no Brasil em 2014 pela editora Companhia das Letras pelo selo Seguinte, com tradução de Álvaro Hattnher, é o primeiro romance de Chris Weitz, novaiorquino nascido em 1969 e formado em literatura inglesa pelo Trinity College. Weitz é mais conhecido por seu trabalho no cinema: o roteiro de seu longa About a boy (2002), dirigido por ele ao lado do irmão Paul, foi indicado ao Oscar. Além disso, Weitz dirigiu dois grandes sucessos do cinema de fantasia, A bússola de ouro (2007) e Lua nova (2009).
Trata-se de uma ficção apocalíptica, na mesma linha de uma série de produtos recentes da mídia que discutem a mortalidade, como os seriados de tv The walking dead, Helix e The last ship. O tema é bastante recorrente também na literatura do gênero, que tem clássicos como Só a terra permanece, de George Stewart, Eu sou a lenda, de Richard Matheson e Um cântico para Leibowitz, de Walter M. Miller Jr.
Mundo novo conta o que acontece ao planeta quando uma virose agressiva e desconhecida dizima a população adulta e infantil, deixando vivos apenas os adolescentes, que morrem tão logo completam 18 anos. Sozinhos e sem referências, os jovens tentam sobreviver a sua maneira ao colapso da civilização organizando-se em grupos para procurarem por alimentos e outros recursos necessários que coletam nas ruínas das cidades, e se protegerem de gangues rivais que ali disputam o poder.
A história é contada a partir do ponto de vista de dois personagens: Donna, uma adolescente típica do século 21, e Jefferson, filho de cientistas de ascendência japonesa, que é extremamente compenetrado de suas obrigações. Amigos desde a infância, fazem parte de um grupo de sobreviventes na região de Washington Square, em Nova York. O grupo acabou de perder seu líder, Wash, irmão mais velho de Jeff que completou 18 anos e morreu devido à infecção.
Crânio, um outro membro do grupo e fenômeno mirim da ciência, surge com a proposta de pesquisar um certo artigo científico numa revista que pode estar arquivada na grande biblioteca pública da cidade. Triste com a perda do irmão, Jeff acaba concordando em ajudá-lo, mais para sentir que está fazendo alguma coisa a respeito da doença que acabará por levar a todos, mais cedo ou mais tarde. Aos dois garotos associam-se Donna – que não acredita na possibilidade de que Crânio possa fazer o que os cientistas do mundo todo não puderam – e Peter, negro alto e forte que não esconde sua condição homossexual. A eles, mais tarde, vai se unir Minifu, sino-americana com um grande talento em lutas corpo a corpo.
A jornada inicia a bordo de uma caminhonete, que prova ser muito útil para chegar até a biblioteca, mas não mais do que isso. Contudo, esse é apenas o início de uma jornada repleta de perigos mortais como gangues inimigas, uma comunidade de canibais, matilhas de cães ferozes, animais selvagens sobreviventes do zoológico, muito tiroteio e correrias. Amarrando a peregrinação, que vai passar por diversos pontos turísticos dessa Nova York arruinada, o drama íntimo de Jeff, que não consegue declarar seu amor por Donna, uma história que só vai se definir nas páginas finais.
A narrativa é linear, mas a alternância de narrador lhe acrescenta tempero especial, porque Weitz maneja muito bem as duas vozes. O feito é o de ler dois diários que contam a mesma história em estilos bem diferentes. O texto de Jeff é escorreito e segue a norma culta da língua, o que combina com a personalidade séria do garoto. Já a narração de Donna é indisciplinada e errática, repleta de soluções improvisadas, com o uso exagerado de gírias e de estruturas típicas do roteiro de teatro, com os nomes dos personagens antes de suas falas. A editora também ajudou, definindo uma tipologia específica para cada narrador, de forma que percebemos a variação não apenas pela leitura, mas também no visual das páginas.
Outro mérito de Weitz são as alfinetadas que ele distribui a vontade contra o ambiente acadêmico. Por exemplo, quando Jeff e Crânio discutem a extinta prática da publicação de artigos acadêmicos. Jeff diz:
"Na superfície, parece ser um artigo de opinião, ou mesmo um ensaio sobre ética científica, mas me parece o tipo e coisa com que meus pais tinham de lidar. Chamavam de defesa de interesses pessoais." (página 121).
O autor também insere muitas referências à cultura pop e não evita revelar suas influências mais imediatas, tais como o romance O senhor das moscas (Lord of the flies), de William Golding, e Os arquivos confusos da sra. Basil E. Frankweiler (From the mixed-up files of Mrs. Basil E. Frankweiler) de E. L. Konigsburg, citados pelos personagens, entre outros.
Mundo novo é um romance divertido e adequado ao público jovem-adulto ao qual foi dirigido, mas que não abandona o leitor experiente, oferecendo discussões éticas e morais que podem levar a reflexões bastante profundas.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
A volta do Rei de Amarelo
Depois do sucesso da primeira tiragem de O Rei de Amarelo, clássico da literatura de horror escrito em 1895 por Robert W. Chambers, o livro voltou a ficar disponível, agora até o dia 25 de dezembro.
Esta publicação, pela mesma editora Clock Tower, está com nova capa, mas mantém o acabamento luxuoso, com fita marca página, papel especial, contos extras, exemplares numerados e capa dura.
Para dar um gostinho, a editora disponibilizou um booktrailler, bem como uma amostra de degustação, que pode ser vista e baixada aqui.
Maiores informações no saite e na fanpage da Clock Tower.
Esta publicação, pela mesma editora Clock Tower, está com nova capa, mas mantém o acabamento luxuoso, com fita marca página, papel especial, contos extras, exemplares numerados e capa dura.
Para dar um gostinho, a editora disponibilizou um booktrailler, bem como uma amostra de degustação, que pode ser vista e baixada aqui.
Maiores informações no saite e na fanpage da Clock Tower.
terça-feira, 16 de dezembro de 2014
Concurso: compre e ganhe Trasgo!
Está circulando o número 5 da revista literária Trasgo, inteiramente dedicada a ficção fantástica brasileira.
A edição tem 118 páginas com ficções de George Santos Pacheco, Roberta Spindler, A. Z. Cordenonsi, Claudio Villa, Cesar Cardoso e Priscila Barone, além de trechos dos romances A torre acima do véu, de Spindler, e Le Chevalier e a exposição universal, de Cordenonsi. Todos os autores cederam entrevistas, bem como Zakuro Aoyama, ilustrador brasileiro que assina a capa da edição, com direito a uma galeria de seus ótimos trabalhos.
Esta é a primeira edição não gratuita da publicação, que precisa ser paga pelos leitores; para adquirir, visite o saite da revista aqui. A revista Trasgo é uma publicação independente e merece o apoio dos interessados. Edições anteriores continuam disponíveis e gratuitas.
O editor, Rodrigo van Kampen, autorizou o Hiperespaço a promover um concurso entre os leitores, cujo prêmio é o ebook da Trasgo 5 + 1 assinatura para as edições 6 a 8 - o ganhador leva tudo. Para participar, basta apontar, nos comentários abaixo, o título do seu conto favorito publicado nas edições 1 a 4 da revista Trasgo junto com o seu email de contato. Entre os que o fizerem corretamente, sortearei o ganhador, cujo nome será depois remetido ao editor para proceder a remessa do prêmio. Participe!
A edição tem 118 páginas com ficções de George Santos Pacheco, Roberta Spindler, A. Z. Cordenonsi, Claudio Villa, Cesar Cardoso e Priscila Barone, além de trechos dos romances A torre acima do véu, de Spindler, e Le Chevalier e a exposição universal, de Cordenonsi. Todos os autores cederam entrevistas, bem como Zakuro Aoyama, ilustrador brasileiro que assina a capa da edição, com direito a uma galeria de seus ótimos trabalhos.
Esta é a primeira edição não gratuita da publicação, que precisa ser paga pelos leitores; para adquirir, visite o saite da revista aqui. A revista Trasgo é uma publicação independente e merece o apoio dos interessados. Edições anteriores continuam disponíveis e gratuitas.
O editor, Rodrigo van Kampen, autorizou o Hiperespaço a promover um concurso entre os leitores, cujo prêmio é o ebook da Trasgo 5 + 1 assinatura para as edições 6 a 8 - o ganhador leva tudo. Para participar, basta apontar, nos comentários abaixo, o título do seu conto favorito publicado nas edições 1 a 4 da revista Trasgo junto com o seu email de contato. Entre os que o fizerem corretamente, sortearei o ganhador, cujo nome será depois remetido ao editor para proceder a remessa do prêmio. Participe!
Megalon 55
Mais uma edição histórica do fanzine de ficção científica e horror Megalon chega ao século 21 em formato digital. Este número 55, editado por Marcello Simão Branco, foi uma edição especial dedicada a chegada do emblemático ano 2000, tão caro à ficção científica de modo geral.
A edição, publicada originalmente em dezembro de 1999, tem 44 páginas e traz ficções de Ataíde Tartari e Carlos Orsi, artigos de Jorge Luiz Calife e Bruce Sterling (EUA), a estreia da coluna "Barreiros desintegra!", assinada pelo ótimo autor português João Barreiros, um longo debate avaliativo do desempenho da fc brasileira ao longo dos anos 1990, com depoimentos de Fabio Fernandes, Gerson Lodi Ribeiro, Cesar Silva, Braulio Tavares, Lucio Manfredi e Roberto de Sousa Causo, além das colunas fixas "Diário de bordo", "Publicações recebidas", "Terras alternativas" e "Arte fantástica brasileira". A capa traz uma ilustração de Cerito.
A edição, em formato pdf, pode ser baixada gratuitamente aqui.
Como de hábito, o editor também publicou um arquivo bônus com alguns documentos e memorabilias da época, como um rótulo de refrigerante patrocinado pela franquia Star Wars, fac-símile do boletim Star News 25, (07/1999) e recortes de jornais e revistas sobre escritores e lançamentos literários nacionais.
E para gáudio dos catalogadores, o editor ainda disponibilizou aqui a imagem da capa de uma raríssima edição nacional da revista Fantastic 4, de 1955.
A edição, publicada originalmente em dezembro de 1999, tem 44 páginas e traz ficções de Ataíde Tartari e Carlos Orsi, artigos de Jorge Luiz Calife e Bruce Sterling (EUA), a estreia da coluna "Barreiros desintegra!", assinada pelo ótimo autor português João Barreiros, um longo debate avaliativo do desempenho da fc brasileira ao longo dos anos 1990, com depoimentos de Fabio Fernandes, Gerson Lodi Ribeiro, Cesar Silva, Braulio Tavares, Lucio Manfredi e Roberto de Sousa Causo, além das colunas fixas "Diário de bordo", "Publicações recebidas", "Terras alternativas" e "Arte fantástica brasileira". A capa traz uma ilustração de Cerito.
A edição, em formato pdf, pode ser baixada gratuitamente aqui.
Como de hábito, o editor também publicou um arquivo bônus com alguns documentos e memorabilias da época, como um rótulo de refrigerante patrocinado pela franquia Star Wars, fac-símile do boletim Star News 25, (07/1999) e recortes de jornais e revistas sobre escritores e lançamentos literários nacionais.
E para gáudio dos catalogadores, o editor ainda disponibilizou aqui a imagem da capa de uma raríssima edição nacional da revista Fantastic 4, de 1955.
Velta 12
Velta, a super-detetive completa um ano de publicação virtual regular, na missão de colocar, em ordem cronológica, todas as aventuras criadas por Emir Ribeiro durante mais de 40 anos, em versões revisadas e melhoradas para apresentar aos novos leitores a saga desta surpreendente personagem.
Nesta edição, de 36 páginas em cores, aparecem três histórias. Em "A hipnotizadora", Velta e o Homem de Preto enfrentam uma vilã num terreno em que seus poderes são praticamente inúteis; em "Falsários", a androide Nova desbarata uma quadrilha de criminosos; e em "Aventura no Amazonas" uma Velta muito à vontade em plena floresta amazônica enfrenta perigosos contrabandistas internacionais. A capa traz uma foto-montagem de Milton Ribeiro e Arion Farias retratando o criador e a criatura.
A publicação é iniciativa do blogue Rock e Quadrinhos, e pode ser baixada gratuitamente aqui.
Nesta edição, de 36 páginas em cores, aparecem três histórias. Em "A hipnotizadora", Velta e o Homem de Preto enfrentam uma vilã num terreno em que seus poderes são praticamente inúteis; em "Falsários", a androide Nova desbarata uma quadrilha de criminosos; e em "Aventura no Amazonas" uma Velta muito à vontade em plena floresta amazônica enfrenta perigosos contrabandistas internacionais. A capa traz uma foto-montagem de Milton Ribeiro e Arion Farias retratando o criador e a criatura.
A publicação é iniciativa do blogue Rock e Quadrinhos, e pode ser baixada gratuitamente aqui.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2014
sábado, 6 de dezembro de 2014
Tu Frankenstein II
Os autores presentes na antologia, brasileiros e estrangeiros, convidados a passar a noite na Biblioteca Pública do Estado escrevendo estes contos de horror, são: Braulio Tavares, Carlos André Moreira, Carlos Patati, Celly Borges, César Alcázar, Duda Falcão, Christopher Kastensmidt (EUA), Frederico Andahazi, Felipe Castilho, Guilherme da Silva Braga, Gustavo Nielsen, João Pedro Fleck, Felipe Guerra, Marcelo Amado, Max Mallmann, Sean Branney (EUA) e Simone Saueressig.
O livro tem 230 páginas e apresentação luxuosa, com uma capa – projeto gráfico de Marco Cena – que lembra uma antiga e deteriorada encadernação em couro (humano?), com uma textura incomum em verniz. O livro é ilustrado com fotos tiradas por Leocádia Costa durante o evento, registrando vários momentos dessa noite memorável. Altamente recomendável.
Argonautas 2014
Duda Falcão é um dos valentes autores de fc&f que um dia tomou a iniciativa de também editar textos do gênero num mercado refratário e indiferente. Fundou, em 2010, ao lado de César Alcázar, a Editora Argonautas, com a publicação do primeiro volume da coleção Sagas, antologias temáticas dedicadas a explorar e homenagear os diversos subgêneros da ficção científica, fantasia e terror. Desde então, a Argonautas tem oferecido um catálogo de bons livros – com lançamentos todos os anos – e contribuído de forma decisiva para o estabelecimento de um produtivo pólo editorial em Porto Alegre, cidade em que está baseada.
Em 2014, o desempenho da Argonautas foi bastante satisfatório, com a publicação de duas boas antologias, que foram gentilmente encaminhadas a este blogue por Duda Falcão.
Seguindo com seu carro-chefe, a editora publicou o quinto volume da coleção Sagas: Revolução, com textos de André Cordenonsi, Fábio Fernandes, Felipe Castilho e Nikelen Witter, num volume muito simpático, de 92 páginas em papel reciclato e formato de bolso, com capa de Fred Rubim.
No mesmo formato, publicou também a antologia Ascenção de Cthulhu, dedicado a homenagear o mestre do horror H. P. Lovecraft, com textos de Leon Nunes, Romeu Mastins, Carlos Patati, Marcelo Augusto, Arthur Vecchi, Carlos Orsi e do próprio Duda Falcão, que transferem os tenebrosos mitos de Cthulhu para o ambiente brasileiro. A capa tem a arte de Pedro Elefante. Livros altamente recomendáveis, portanto.
Maiores informações, no blogue da Editora Argonautas, aqui.
Em 2014, o desempenho da Argonautas foi bastante satisfatório, com a publicação de duas boas antologias, que foram gentilmente encaminhadas a este blogue por Duda Falcão.
Seguindo com seu carro-chefe, a editora publicou o quinto volume da coleção Sagas: Revolução, com textos de André Cordenonsi, Fábio Fernandes, Felipe Castilho e Nikelen Witter, num volume muito simpático, de 92 páginas em papel reciclato e formato de bolso, com capa de Fred Rubim.
No mesmo formato, publicou também a antologia Ascenção de Cthulhu, dedicado a homenagear o mestre do horror H. P. Lovecraft, com textos de Leon Nunes, Romeu Mastins, Carlos Patati, Marcelo Augusto, Arthur Vecchi, Carlos Orsi e do próprio Duda Falcão, que transferem os tenebrosos mitos de Cthulhu para o ambiente brasileiro. A capa tem a arte de Pedro Elefante. Livros altamente recomendáveis, portanto.
Maiores informações, no blogue da Editora Argonautas, aqui.
terça-feira, 2 de dezembro de 2014
Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica 2013
Já está disponível no saite da Devir Livraria o Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica 2013: Os primeiros dez anos.
Numa iniciativa dos jornalistas e pesquisadores de ficção científica e fantasia Marcello Simão Branco e Cesar Silva, o Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica foi publicado pela primeira vez em 2005. Apresenta um amplo e profundo panorama do cenário fantástico nacional, em suas três manifestações principais, a ficção científica, a fantasia e o horror, além de contemplar também as criações híbridas entre estes gêneros e os chamados trabalhos de “fronteira”, isto é, o fantástico abordado a partir da perspectiva do mainstream literário. Contém notícias sobre prêmios e personalidades, artigos sobre o mercado editorial, listas dos livros recomendados lançados durante o ano e uma seção histórica com datas e resenhas de livros importantes.
O Anuário tem por meta realizar um registro do estado desses gêneros no país, além de auxiliar tanto os leitores em busca do que há de novo, como os escritores que desejam destrinchar as tendências do mercado. E também a editores e pesquisadores que estão a procura de um conhecimento mais sistematizado e amplo do que está surgindo e das perspectivas para o fantástico no Brasil.
Esta edição, em especial, se reveste de um caráter único, pois realiza um amplo levantamento e balanço crítico sobre a fc&f brasileira nos últimos dez anos, ou seja, desde a primeira edição, em 2004. Afora as seções tradicionais, tem um artigo de análise sobre as características, virtudes, problemas e perspectivas para a ficção científica, fantasia e horror brasileiros. Também uma seleção das resenhas dos 39 melhores livros da década e um amplo debate com algumas das principais personalidades dos gêneros fantásticos entre o final do século passado e as primeiras décadas deste.
A seção “Efemérides”, que trata da parte histórica da fc&f no Brasil, consolida suas listagens de datas de publicações e eventos, de 1826 a 1993. Cento e sessenta e oito anos de registro em literatura, histórias em quadrinhos e cinema. Completa esta seção a publicação de todas as 32 resenhas de livros clássicos e tradicionais da fc&f publicados nas edições anteriores, e um artigo sobre o histórico Simpósio Internacional de Ficção Científica, realizado no Rio de Janeiro em 1969. A edição tem 408 páginas e, na capa, apresenta um desenho do ilustrador Teo Adorno.
O Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica recebeu, em 2010, o Prêmio “Melhores do Ano”, na categoria “Melhor Não-Ficção”, concedido pelo site Ficção Científica e Afins, da escritora Ana Cristina Rodrigues.
Repercussões:
“Embora a literatura fantástica enfrente muitos desafios no Brasil, um trabalho árduo de crítica e pesquisa como o do Anuário permite uma base sólida para o desenvolvimento de pesquisas e publicações.”
—Rachel Haywood Ferreira, Iowa State University.
“As suas carreiras críticas — existentes há anos em várias publicações, e há seis anos no Anuário —, são o balanço global dos gêneros literários que vocês analisam, o mais competente, sério e abrangente, dentro do universo crítico brasileiro.”
—André Carneiro, autor de Confissões do Inexplicável e O Teorema das Letras.
“O Anuário é uma das publicações de crítica de ficção especulativa mais independentes e de maior personalidade no país. Editores, pesquisadores, colecionadores de livros, escritores e fãs devem encontrar uma fonte de consulta, de avaliações e de opiniões críticas inestimável para dar perspectiva ao momento atual.”
—Roberto de Sousa Causo, Terra Magazine.
“Um projeto raro e ambicioso, que apresenta uma perspectiva global e sistematizada a respeito do mercado no Brasil e confere-lhe uma unidade na qual os autores poderão posicionar-se. Além disso, contribui para o crescimento da crítica profissional e do estudo acadêmico, essenciais ao desenvolvimento de qualquer literatura.”
—Luís Filipe Silva, site Efeitos Secundários (Portugal).
Sobre o selo Enciclopédia Galáctica:
Em 2010, a Devir Livraria inaugurou o selo Enciclopédia Galáctica, destinado a obras de não-ficção voltadas para a discussão, análise e registro dos gêneros ficção científica, fantasia e horror na literatura, quadrinhos, jogos, cinema e televisão. O selo busca fomentar a produção crítica a respeito desses gêneros e formas de expressão, em um momento em que cresce muito o interesse pela literatura de ficção científica, fantasia e horror no ambiente acadêmico e literário nacional. O primeiro livro do selo foi Visão Alienígena: Ensaios sobre Ficção Científica Brasileira, de M. Elizabeth Ginway, brasilianista e professora de língua portuguesa e literatura e cultura brasileira na Universidade da Flórida (em Gainesville).
Numa iniciativa dos jornalistas e pesquisadores de ficção científica e fantasia Marcello Simão Branco e Cesar Silva, o Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica foi publicado pela primeira vez em 2005. Apresenta um amplo e profundo panorama do cenário fantástico nacional, em suas três manifestações principais, a ficção científica, a fantasia e o horror, além de contemplar também as criações híbridas entre estes gêneros e os chamados trabalhos de “fronteira”, isto é, o fantástico abordado a partir da perspectiva do mainstream literário. Contém notícias sobre prêmios e personalidades, artigos sobre o mercado editorial, listas dos livros recomendados lançados durante o ano e uma seção histórica com datas e resenhas de livros importantes.
O Anuário tem por meta realizar um registro do estado desses gêneros no país, além de auxiliar tanto os leitores em busca do que há de novo, como os escritores que desejam destrinchar as tendências do mercado. E também a editores e pesquisadores que estão a procura de um conhecimento mais sistematizado e amplo do que está surgindo e das perspectivas para o fantástico no Brasil.
Esta edição, em especial, se reveste de um caráter único, pois realiza um amplo levantamento e balanço crítico sobre a fc&f brasileira nos últimos dez anos, ou seja, desde a primeira edição, em 2004. Afora as seções tradicionais, tem um artigo de análise sobre as características, virtudes, problemas e perspectivas para a ficção científica, fantasia e horror brasileiros. Também uma seleção das resenhas dos 39 melhores livros da década e um amplo debate com algumas das principais personalidades dos gêneros fantásticos entre o final do século passado e as primeiras décadas deste.
A seção “Efemérides”, que trata da parte histórica da fc&f no Brasil, consolida suas listagens de datas de publicações e eventos, de 1826 a 1993. Cento e sessenta e oito anos de registro em literatura, histórias em quadrinhos e cinema. Completa esta seção a publicação de todas as 32 resenhas de livros clássicos e tradicionais da fc&f publicados nas edições anteriores, e um artigo sobre o histórico Simpósio Internacional de Ficção Científica, realizado no Rio de Janeiro em 1969. A edição tem 408 páginas e, na capa, apresenta um desenho do ilustrador Teo Adorno.
O Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica recebeu, em 2010, o Prêmio “Melhores do Ano”, na categoria “Melhor Não-Ficção”, concedido pelo site Ficção Científica e Afins, da escritora Ana Cristina Rodrigues.
Repercussões:
“Embora a literatura fantástica enfrente muitos desafios no Brasil, um trabalho árduo de crítica e pesquisa como o do Anuário permite uma base sólida para o desenvolvimento de pesquisas e publicações.”
—Rachel Haywood Ferreira, Iowa State University.
“As suas carreiras críticas — existentes há anos em várias publicações, e há seis anos no Anuário —, são o balanço global dos gêneros literários que vocês analisam, o mais competente, sério e abrangente, dentro do universo crítico brasileiro.”
—André Carneiro, autor de Confissões do Inexplicável e O Teorema das Letras.
“O Anuário é uma das publicações de crítica de ficção especulativa mais independentes e de maior personalidade no país. Editores, pesquisadores, colecionadores de livros, escritores e fãs devem encontrar uma fonte de consulta, de avaliações e de opiniões críticas inestimável para dar perspectiva ao momento atual.”
—Roberto de Sousa Causo, Terra Magazine.
“Um projeto raro e ambicioso, que apresenta uma perspectiva global e sistematizada a respeito do mercado no Brasil e confere-lhe uma unidade na qual os autores poderão posicionar-se. Além disso, contribui para o crescimento da crítica profissional e do estudo acadêmico, essenciais ao desenvolvimento de qualquer literatura.”
—Luís Filipe Silva, site Efeitos Secundários (Portugal).
Sobre o selo Enciclopédia Galáctica:
Em 2010, a Devir Livraria inaugurou o selo Enciclopédia Galáctica, destinado a obras de não-ficção voltadas para a discussão, análise e registro dos gêneros ficção científica, fantasia e horror na literatura, quadrinhos, jogos, cinema e televisão. O selo busca fomentar a produção crítica a respeito desses gêneros e formas de expressão, em um momento em que cresce muito o interesse pela literatura de ficção científica, fantasia e horror no ambiente acadêmico e literário nacional. O primeiro livro do selo foi Visão Alienígena: Ensaios sobre Ficção Científica Brasileira, de M. Elizabeth Ginway, brasilianista e professora de língua portuguesa e literatura e cultura brasileira na Universidade da Flórida (em Gainesville).
Resenha: Bom de Briga, de Paul Pope
Todos os leitores de quadrinhos sabem o quanto é raro que surja uma nova boa ideia em meio às centenas que lhe são oferecidas diariamente, em especial o gênero dos super-heróis, que está em crise criativa há pelo menos duas décadas. A maior parte do material dito 'novo' não passa de derivação: a mesma história de sempre com um desenho diferente, às vezes nem mesmo isso. Os grandes artistas do segmento já morreram e, atualmente, os personagens são reféns de suas próprias franquias e os artistas não podem interferir na sua estrutura. Além do mais, é raro que surjam novos personagens, porque as editoras maiores saturam o mercado e sufocam qualquer possível concorrência em seu nascedouro, geralmente cooptando o artista para trabalhar em suas próprias franquias.
Mesmo passando por todo esse processo, o quadrinhista americano Paul Pope segue resistindo com seu trabalho autoral. Chegou a ser utilizado pela DC na produção de Batman: Ano 100 e nas minisséries de ficção científica 100% e Heavy Liquid, ambas da linha Vertigo, entre outros trabalhos. Pope é um dos raros artistas ocidentais a ter publicado na prestigiosa editora japonesa Kodansha. Sua vivência com tantas fontes de influência, que vão dos comics americanos aos quadrinhos japoneses e europeus, tornaram sua arte um cardápio rico e impactante, já reconhecida por três prêmios Eisner Award, em 2006 e 2007. Seu desenho algo relaxado investe no volume, no movimento e numa expressividade inusitados.
Essas qualidades estão todas presentes no álbum Bom de Briga (Battling Boy), originalmente editado em 2013 pela editora First Second Books, e publicado no Brasil em 2014 pela Editora Companhia da Letras em seu selo Quadrinhos na Cia.
Trata-se de uma história na linha New Weird, amálgama de ficção científica, fantasia e horror com uma ambientação realista. Bom de Briga é o nome de um garotinho de doze anos que acaba de chegar à cidade de Arcopolis, que se encontra sitiada pelo ataque de uma horda monstros de todos os tipos e tamanhos. O herói da cidade, o vigilante mascarado Haggard West, caiu numa emboscada e agora a cidade está completamente desprotegida. A chegada de Bom de Briga não é um acaso, pois ele tem uma missão: proteger Arcopolis. Isso porque, apesar de muito jovem, Bom de Briga não é um garoto qualquer. Ele é um semideus, vindo diretamente da cidade celestial, enviado por sua própria família divina para defender o lugar como uma espécie de rito de passagem para a divindade plena. Bom de Briga é poderoso e imortal, mas isso não torna a tarefa fácil. Logo de cara, ele tem que enfrentar Humbaba, um gigantesco monstro devorador de metal que está prestes a derrubar as defesas da cidade. E entra em ação com a confiança de um deus, mas falta de experiência é um sério obstáculo ao sucesso do garoto, que num momento de fraqueza e indecisão, acaba pedindo socorro ao pai, que o ajuda à distância, pois ele também está envolvido em seus próprios combates. Mas ele o adverte: "Não se fie em minha cômoda intervenção! Você deve repensar suas estratégias!" Ou seja, Bom de Briga terá de se virar sozinho dali em diante.
Exibida na tv, a luta de Bom de Briga e Humbaba torna o garoto no novo herói da cidade, recebido pelo governo com honras de estado e mimos, mas ele também o teme. Afinal, quem é esse Bom de Briga? Podemos confiar nele? A jovem Aurora, filha, assistente a agora órfã do falecido Haggard West, tenta assumir o posto do pai com a certeza que Bom de Briga não é digno dessa confiança. Enquanto isso, os monstros que, até então, agiam de forma desarticulada, começam a se organizar. Eles também não sabem quem é o menino que derrotou Humbaba tão facilmente, mas de uma coisa todos têm certeza: Bom de Briga precisa morrer.
A narrativa de Pope, somada a uma pletora de personagens instigantes, demonstra a mesma força das grandes sagas cósmicas criadas pelo ilustrador americano Jack Kirby (1917-1994), com um desenho agressivo e movimentado que reporta ao mangá e ao quadrinho europeu.
Bom de Briga tem 204 páginas em papel cuchê totalmente em cores, encadernação costurada e capa em cartão com laminação brilhante. Está, com certeza, entre as mais importantes publicações de quadrinhos no país em 2014.
Altamente recomendável.
Mesmo passando por todo esse processo, o quadrinhista americano Paul Pope segue resistindo com seu trabalho autoral. Chegou a ser utilizado pela DC na produção de Batman: Ano 100 e nas minisséries de ficção científica 100% e Heavy Liquid, ambas da linha Vertigo, entre outros trabalhos. Pope é um dos raros artistas ocidentais a ter publicado na prestigiosa editora japonesa Kodansha. Sua vivência com tantas fontes de influência, que vão dos comics americanos aos quadrinhos japoneses e europeus, tornaram sua arte um cardápio rico e impactante, já reconhecida por três prêmios Eisner Award, em 2006 e 2007. Seu desenho algo relaxado investe no volume, no movimento e numa expressividade inusitados.
Essas qualidades estão todas presentes no álbum Bom de Briga (Battling Boy), originalmente editado em 2013 pela editora First Second Books, e publicado no Brasil em 2014 pela Editora Companhia da Letras em seu selo Quadrinhos na Cia.
Trata-se de uma história na linha New Weird, amálgama de ficção científica, fantasia e horror com uma ambientação realista. Bom de Briga é o nome de um garotinho de doze anos que acaba de chegar à cidade de Arcopolis, que se encontra sitiada pelo ataque de uma horda monstros de todos os tipos e tamanhos. O herói da cidade, o vigilante mascarado Haggard West, caiu numa emboscada e agora a cidade está completamente desprotegida. A chegada de Bom de Briga não é um acaso, pois ele tem uma missão: proteger Arcopolis. Isso porque, apesar de muito jovem, Bom de Briga não é um garoto qualquer. Ele é um semideus, vindo diretamente da cidade celestial, enviado por sua própria família divina para defender o lugar como uma espécie de rito de passagem para a divindade plena. Bom de Briga é poderoso e imortal, mas isso não torna a tarefa fácil. Logo de cara, ele tem que enfrentar Humbaba, um gigantesco monstro devorador de metal que está prestes a derrubar as defesas da cidade. E entra em ação com a confiança de um deus, mas falta de experiência é um sério obstáculo ao sucesso do garoto, que num momento de fraqueza e indecisão, acaba pedindo socorro ao pai, que o ajuda à distância, pois ele também está envolvido em seus próprios combates. Mas ele o adverte: "Não se fie em minha cômoda intervenção! Você deve repensar suas estratégias!" Ou seja, Bom de Briga terá de se virar sozinho dali em diante.
Exibida na tv, a luta de Bom de Briga e Humbaba torna o garoto no novo herói da cidade, recebido pelo governo com honras de estado e mimos, mas ele também o teme. Afinal, quem é esse Bom de Briga? Podemos confiar nele? A jovem Aurora, filha, assistente a agora órfã do falecido Haggard West, tenta assumir o posto do pai com a certeza que Bom de Briga não é digno dessa confiança. Enquanto isso, os monstros que, até então, agiam de forma desarticulada, começam a se organizar. Eles também não sabem quem é o menino que derrotou Humbaba tão facilmente, mas de uma coisa todos têm certeza: Bom de Briga precisa morrer.
A narrativa de Pope, somada a uma pletora de personagens instigantes, demonstra a mesma força das grandes sagas cósmicas criadas pelo ilustrador americano Jack Kirby (1917-1994), com um desenho agressivo e movimentado que reporta ao mangá e ao quadrinho europeu.
Bom de Briga tem 204 páginas em papel cuchê totalmente em cores, encadernação costurada e capa em cartão com laminação brilhante. Está, com certeza, entre as mais importantes publicações de quadrinhos no país em 2014.
Altamente recomendável.
Somnium 110
Está disponível para download gratuito o número 110 do Somnium, fanzine oficial do Clube de Leitores de Ficção Científica-CLFC.
A maior parte de suas 98 páginas está ocupada por contos de Fred Oliveira, Octávio Aragão, João Solimeo, Jorge Luiz Calife, Renato A. Azevedo, Amanda Reznor, Marcelo Bighetti e Roberta Spindler, mas também há uma seção dedicada ao escritor russo-americano Isaac Asimov (1920-1992), com cometários a vários de seus romances, além de resenhas de diversos livros de autores nacionais e estrangeiros. A capa traz uma ilustração de Marcelo Bighetti.
A edição está disponível em vários formatos, todos digitais. Escolha o seu, aqui.
A maior parte de suas 98 páginas está ocupada por contos de Fred Oliveira, Octávio Aragão, João Solimeo, Jorge Luiz Calife, Renato A. Azevedo, Amanda Reznor, Marcelo Bighetti e Roberta Spindler, mas também há uma seção dedicada ao escritor russo-americano Isaac Asimov (1920-1992), com cometários a vários de seus romances, além de resenhas de diversos livros de autores nacionais e estrangeiros. A capa traz uma ilustração de Marcelo Bighetti.
A edição está disponível em vários formatos, todos digitais. Escolha o seu, aqui.
terça-feira, 25 de novembro de 2014
O último geek do deserto
No próximo sábado, dia 29 de novembro acontece o último SBC Geek do ano, encontro de fãs da cultura nerd promovidos pela Secretaria de Cultura de São Bernardo do Campo.
Das 10 às 17 horas, distribuem-se diversas atividades ligadas ao colecionismo, jogos de tabuleiro, jogos eletrônicos antigos e mesas de rpg.
Às 15 horas rola um batepapo com o mestre Leite, especialista em rpg que vai conversar com o público sobre os jogos de representação e a sua experiência com a arte.
O encontro acontece na Gibiteca Eugênio Colonnese, localizada dentro do parque temático Cidade da Criança, na Rua Tasman, 301, Jardim do Mar, em São Bernardo do Campo. A entrada é gratuita.
Mais informações na fanpage do SBC Geek, aqui.
Das 10 às 17 horas, distribuem-se diversas atividades ligadas ao colecionismo, jogos de tabuleiro, jogos eletrônicos antigos e mesas de rpg.
Às 15 horas rola um batepapo com o mestre Leite, especialista em rpg que vai conversar com o público sobre os jogos de representação e a sua experiência com a arte.
O encontro acontece na Gibiteca Eugênio Colonnese, localizada dentro do parque temático Cidade da Criança, na Rua Tasman, 301, Jardim do Mar, em São Bernardo do Campo. A entrada é gratuita.
Mais informações na fanpage do SBC Geek, aqui.
segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Megalon 54 e muito mais
Já pode ser baixada gratuitamente aqui a versão virtual o nº 54 do Megalon, fanzine de ficção científica e horror publicado originalmente em setembro de 1999 por Marcello Simão Branco.
A edição tem 36 páginas e traz ficções de Jorge Moreira Nunes e Ricardo Madeira, uma oportuna entrevista com o saudoso fantasista goiano José J. Veiga, artigo sobre Frankenstein, uma homenagem ao então recentemente falecido DeForest Kelley (o Dr. McCoy de Star trek) e tabulações de uma pesquisa realizada pela revista Locus para determinar os autores favoritos de fc e fantasia entre seus leitores, que o editor aproveitou para comparar com um levantamento similar que o próprio Megalon realizou alguns meses antes. Também traz as seções fixas "Diário do fandom", "Terras alternativas" e "Arte fantástica brasileira" e, na capa, uma imagem impressionante do ilustrador americano Allan Clark.
O editor também disponibilizou, num arquivo bônus que pode se baixado aqui, alguns documentos históricos interessantes, como a divulgação do romance Amazon, de Ataíde Tartari, publicado nos EUA, e um conto de fc publicado pela revista Veja em 1969 que, infelizmente, não traz o nome do autor, e ainda a reprodução da capa da revista Meia-Noite, de novembro de 1951, aqui.
E, para homenagear o escritor André Carneiro, Branco redisponibilizou a edição nº 8 do Megalon, já comentada aqui, edição esta que traz uma entrevista com o decano autor da fc brasileira, falecido há poucos dias. A edição que até agora estava indisponível, pode finalmente ser baixada aqui.
A edição tem 36 páginas e traz ficções de Jorge Moreira Nunes e Ricardo Madeira, uma oportuna entrevista com o saudoso fantasista goiano José J. Veiga, artigo sobre Frankenstein, uma homenagem ao então recentemente falecido DeForest Kelley (o Dr. McCoy de Star trek) e tabulações de uma pesquisa realizada pela revista Locus para determinar os autores favoritos de fc e fantasia entre seus leitores, que o editor aproveitou para comparar com um levantamento similar que o próprio Megalon realizou alguns meses antes. Também traz as seções fixas "Diário do fandom", "Terras alternativas" e "Arte fantástica brasileira" e, na capa, uma imagem impressionante do ilustrador americano Allan Clark.
O editor também disponibilizou, num arquivo bônus que pode se baixado aqui, alguns documentos históricos interessantes, como a divulgação do romance Amazon, de Ataíde Tartari, publicado nos EUA, e um conto de fc publicado pela revista Veja em 1969 que, infelizmente, não traz o nome do autor, e ainda a reprodução da capa da revista Meia-Noite, de novembro de 1951, aqui.
E, para homenagear o escritor André Carneiro, Branco redisponibilizou a edição nº 8 do Megalon, já comentada aqui, edição esta que traz uma entrevista com o decano autor da fc brasileira, falecido há poucos dias. A edição que até agora estava indisponível, pode finalmente ser baixada aqui.
Arkhaika
Confirmando a confiança na literatura fantástica que tem caracterizado o mercado brasileiros nos últimos anos, mais e mais escritores lançam-se a experimentar os gêneros em suas obras.
Arkhaika: A trajetória do Sol e da Lua, romance de fantasia de Alecio Miari, é a estreia deste jovem escritor do ABC paulista.
O livro será apresentado ao público no próximo dia 28 de novembro, das 19h30 às 21h30, na livraria Saraiva do Park Shopping São Caetano, situado à Alameda Terracota, 545, em São Caetano do Sul.
Diz o texto de divulgação: "Uma jornada. Um arqueiro. Uma vida deixada para trás. Uma trama além da ideia de disseminar cultura. Um objetivo: voltar para casa. É uma sensação nova, estranha, desconhecida. 'É a segunda noite seguida em que acordo sem ninguém ao meu lado. Um sentimento de vazio se apodera de meu peito, será que sobreviverei a esta enorme tormenta que se instalou em minha vida?'”
Mais informações na fanpage do romance, aqui.
Arkhaika: A trajetória do Sol e da Lua, romance de fantasia de Alecio Miari, é a estreia deste jovem escritor do ABC paulista.
O livro será apresentado ao público no próximo dia 28 de novembro, das 19h30 às 21h30, na livraria Saraiva do Park Shopping São Caetano, situado à Alameda Terracota, 545, em São Caetano do Sul.
Diz o texto de divulgação: "Uma jornada. Um arqueiro. Uma vida deixada para trás. Uma trama além da ideia de disseminar cultura. Um objetivo: voltar para casa. É uma sensação nova, estranha, desconhecida. 'É a segunda noite seguida em que acordo sem ninguém ao meu lado. Um sentimento de vazio se apodera de meu peito, será que sobreviverei a esta enorme tormenta que se instalou em minha vida?'”
Mais informações na fanpage do romance, aqui.
Velta 11
Esta disponível a edição nº 11 de Velta, a super-detetive, fanzine virtual com as histórias em quadrinhos de loura gigante criada pelo artista paraibano Emir Ribeiro.
A edição apresenta as histórias "A quadrilha do Caolho", publicada originalmente em 1976, e "A hipnotizadora", de 1981, cuja primeira versão foi publicada em 1977, além de um texto que contextualiza estas aventuras na cronologia da personagem. A capa traz uma ilustração de Paulo Nery.
A publicação é uma iniciativa do blogue Rock & Quadrinhos, e pode ser baixada gratuitamente aqui.
A edição apresenta as histórias "A quadrilha do Caolho", publicada originalmente em 1976, e "A hipnotizadora", de 1981, cuja primeira versão foi publicada em 1977, além de um texto que contextualiza estas aventuras na cronologia da personagem. A capa traz uma ilustração de Paulo Nery.
A publicação é uma iniciativa do blogue Rock & Quadrinhos, e pode ser baixada gratuitamente aqui.
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
Resenha: O Círculo
Houve um tempo em que a ficção científica era um gênero considerado escapista e alienado, porque suas histórias geralmente se passavam séculos ou até milênios no futuro, no espaço sideral ou em planetas distantes, nos quais sociedades absurdas discutiam problemas de uma forma tão extrapolada que eram fantasias de sonho, valendo-se apenas das correrias dos heróis para salvar mocinhas indefesas das garras de alienígenas mal intencionados. No meio dessa ficção de gosto duvidoso, que fazia sucesso entre os adolescentes, alguns autores logravam oferecer enredos um tanto mais densos. 1984, de George Orwell, Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, A laranja mecânica, de Anthony Burgess, Nós, de Yevgeny Zamyatin, Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, A beira do fim, de Harry Harrison, entre outros, surpreendiam com os horrores reais de opressões que grassavam, e ainda acontecem, em várias partes do mundo. Eram as chamadas distopias – o inverso de utopias – um tipo de especulação político-social que antecipava os descaminhos da sociedade.
Atualmente, as distopias tornaram-se um bom mercado. Desenvolvidas a partir de mundos de alta fantasia, séries como Jogos vorazes, de Suzanne Collins, e Divergente, de Veronica Roth, têm atraído grande número de leitores jovens. Ainda que estejam distantes, em impacto e relevância, daquelas distopias clássicas, numa coisa são semelhantes: ainda que aterradoras, parecem distantes e, certamente, evitáveis.
Esta não é o caso de O Círculo, romance de ficção científica do jornalista americano Dave Eggers, recentemente publicado no Brasil pela Editora Companhia das Letras, com tradução de Rubens Figueiredo.
A princípio, parece um exagero tratar O Círculo como um romance distópico. Isso porque a história de Eggers acontece praticamente em nosso próprio tempo, um ou dois anos no futuro, no máximo. As coisas que vemos na maior parte da narrativa já fazem parte do nosso dia a dia e não seria de estranhar que muita gente rejeitasse a classificação de ficção científica para ele.
O Círculo é uma empresa de tecnologia, luxuosa e sofisticada, sucessora das atuais redes sociais que, através do uso sistemático dos programas de busca, construiu um enorme e centralizado banco de dados capaz de oferecer um leque inesgotável de oportunidades para jovens empreendedores. Além disso, o Círculo é uma megarrede social, fusão do Google com o Facebook e o Twitter, o maior vício de uma comunidade global entusiasmada com o poder de se meter na vida uns dos outros. É lá que vai trabalhar a irrequieta e um tanto insegura Mae. Recém-saída da universidade, ela recebeu uma proposta de trabalho no Círculo de Annie, uma bem posicionada executiva da empresa que foi sua colega de dormitório no campus. Mae inicia sua carreira no Círculo no departamento de atendimento ao cliente e, como vamos perceber, a invasão da tecnologia é avassaladora nesse ambiente de trabalho.
A princípio, Mae parece não se adaptar bem ao modelo exigido dos empregados no Círculo. Seus pais vivem numa pequena cidade a 200 quilômetros da sede da empresa, para onde ela viaja periodicamente para visitar o pai, que sofre de um tipo de esclerose progressiva, quando ela também aproveita para praticar um esporte solitário do qual gosta muito, a canoagem. Suas ausências, ainda que fora do horário de trabalho, não são bem recebidas por seus superiores, que passam a pressioná-la para adotar um estilo de vida mais "transparente", o que significa compartilhar a maior quantidade possível de dados pessoais na grande rede administrada pela empresa. Preocupada em perder o emprego, Mae torna-se uma praticante exageradamente entusiasmada desse novo modo de vida, ao ponto de forjar as máximas que passam a nortear as ações do Círculo "Segredos são mentiras", "Compartilhar é cuidar" e "Privacidade é roubo", criadas num processo que, não por acaso, lembra o duplipensar orwelliano.
Porém, há um estranho no Círculo: Kalden, homem que ninguém parece conhecer e não tem sequer um registro na onipresente, onisciente e quase onipotente rede. Mae se envolve com Kalden, que tenta demovê-la da doutrina do Círculo. Dividida entre a paixão por Kalden e a lealdade ao Círculo, o dilema levará Mae às franjas do apocalipse, quando o Círculo – cujo logotipo é uma letra C – passa a almejar a "completude", que seria fechá-lo num círculo perfeito, e isso é bem mais do que uma figura ilustrativa. As coisas vão se complicar ainda mais quando Mae decide convencer Mercer, seu ex-namorado ludita, e os próprios pais a submeterem-se ao Círculo, e nem mesmo as mais trágicas consequências abalam Mae: o vício pela tecnologia a transformou numa máquina faminta de atenção e sucesso.
Eggers também investe na forma narrativa. Seu texto, apoiado principalmente em diálogos, não faz uso de travessões e todas as falas são grafadas entre aspas. Também não há capítulos, com o texto se alongando como uma tortura chinesa, contudo, impossível de largar. A única concessão do autor foi a divisão do texto em três partes estranhamente irregulares. A primeira parte tem cerca de 320 páginas e narra os primeiros dias de Mae no Círculo. O Livro II tem pouco menos de 200 páginas e acompanha a transformação inconsciente e gradativa de Mae numa alucinada entidade pós-humana. A última parte, o Livro III, tem apenas quatro páginas, mas é a que vai levar leitor a nocaute; um gancho tão forte que nos faz perder as meias. Tudo porque, apesar do evidentes descaminhos, o Círculo parece representar exatamente aquilo que vemos de mais positivo na revolução digital; ela precisa estar certa e compactuamos com isso. Seus anseios são legítimos, os resultados são favoráveis e positivos, e cada pequena vitória de Mae e do Círculo parecem ser a vitória do bem e do bom senso em direção a uma humanidade melhor, progressista e sadia. Contudo...
A leitura de O Círculo deve causar um poderoso efeito sobre os usuários das redes sociais, especialmente aqueles dedicados a influir na sociedade para torná-la mais justa. Porque, mesmo sob a melhor das intenções, quando isso se torna uma impostura, a utopia inevitavelmente atravessa a linha tênue que a separa da distopia.
O desfecho do romance é avassalador e deixa uma sensação quase insuportável de urgência e inevitabilidade semelhante a que experimentamos na leitura de 1984, do qual O Círculo é herdeiro legítimo.
Atualmente, as distopias tornaram-se um bom mercado. Desenvolvidas a partir de mundos de alta fantasia, séries como Jogos vorazes, de Suzanne Collins, e Divergente, de Veronica Roth, têm atraído grande número de leitores jovens. Ainda que estejam distantes, em impacto e relevância, daquelas distopias clássicas, numa coisa são semelhantes: ainda que aterradoras, parecem distantes e, certamente, evitáveis.
Esta não é o caso de O Círculo, romance de ficção científica do jornalista americano Dave Eggers, recentemente publicado no Brasil pela Editora Companhia das Letras, com tradução de Rubens Figueiredo.
A princípio, parece um exagero tratar O Círculo como um romance distópico. Isso porque a história de Eggers acontece praticamente em nosso próprio tempo, um ou dois anos no futuro, no máximo. As coisas que vemos na maior parte da narrativa já fazem parte do nosso dia a dia e não seria de estranhar que muita gente rejeitasse a classificação de ficção científica para ele.
O Círculo é uma empresa de tecnologia, luxuosa e sofisticada, sucessora das atuais redes sociais que, através do uso sistemático dos programas de busca, construiu um enorme e centralizado banco de dados capaz de oferecer um leque inesgotável de oportunidades para jovens empreendedores. Além disso, o Círculo é uma megarrede social, fusão do Google com o Facebook e o Twitter, o maior vício de uma comunidade global entusiasmada com o poder de se meter na vida uns dos outros. É lá que vai trabalhar a irrequieta e um tanto insegura Mae. Recém-saída da universidade, ela recebeu uma proposta de trabalho no Círculo de Annie, uma bem posicionada executiva da empresa que foi sua colega de dormitório no campus. Mae inicia sua carreira no Círculo no departamento de atendimento ao cliente e, como vamos perceber, a invasão da tecnologia é avassaladora nesse ambiente de trabalho.
A princípio, Mae parece não se adaptar bem ao modelo exigido dos empregados no Círculo. Seus pais vivem numa pequena cidade a 200 quilômetros da sede da empresa, para onde ela viaja periodicamente para visitar o pai, que sofre de um tipo de esclerose progressiva, quando ela também aproveita para praticar um esporte solitário do qual gosta muito, a canoagem. Suas ausências, ainda que fora do horário de trabalho, não são bem recebidas por seus superiores, que passam a pressioná-la para adotar um estilo de vida mais "transparente", o que significa compartilhar a maior quantidade possível de dados pessoais na grande rede administrada pela empresa. Preocupada em perder o emprego, Mae torna-se uma praticante exageradamente entusiasmada desse novo modo de vida, ao ponto de forjar as máximas que passam a nortear as ações do Círculo "Segredos são mentiras", "Compartilhar é cuidar" e "Privacidade é roubo", criadas num processo que, não por acaso, lembra o duplipensar orwelliano.
Porém, há um estranho no Círculo: Kalden, homem que ninguém parece conhecer e não tem sequer um registro na onipresente, onisciente e quase onipotente rede. Mae se envolve com Kalden, que tenta demovê-la da doutrina do Círculo. Dividida entre a paixão por Kalden e a lealdade ao Círculo, o dilema levará Mae às franjas do apocalipse, quando o Círculo – cujo logotipo é uma letra C – passa a almejar a "completude", que seria fechá-lo num círculo perfeito, e isso é bem mais do que uma figura ilustrativa. As coisas vão se complicar ainda mais quando Mae decide convencer Mercer, seu ex-namorado ludita, e os próprios pais a submeterem-se ao Círculo, e nem mesmo as mais trágicas consequências abalam Mae: o vício pela tecnologia a transformou numa máquina faminta de atenção e sucesso.
Eggers também investe na forma narrativa. Seu texto, apoiado principalmente em diálogos, não faz uso de travessões e todas as falas são grafadas entre aspas. Também não há capítulos, com o texto se alongando como uma tortura chinesa, contudo, impossível de largar. A única concessão do autor foi a divisão do texto em três partes estranhamente irregulares. A primeira parte tem cerca de 320 páginas e narra os primeiros dias de Mae no Círculo. O Livro II tem pouco menos de 200 páginas e acompanha a transformação inconsciente e gradativa de Mae numa alucinada entidade pós-humana. A última parte, o Livro III, tem apenas quatro páginas, mas é a que vai levar leitor a nocaute; um gancho tão forte que nos faz perder as meias. Tudo porque, apesar do evidentes descaminhos, o Círculo parece representar exatamente aquilo que vemos de mais positivo na revolução digital; ela precisa estar certa e compactuamos com isso. Seus anseios são legítimos, os resultados são favoráveis e positivos, e cada pequena vitória de Mae e do Círculo parecem ser a vitória do bem e do bom senso em direção a uma humanidade melhor, progressista e sadia. Contudo...
A leitura de O Círculo deve causar um poderoso efeito sobre os usuários das redes sociais, especialmente aqueles dedicados a influir na sociedade para torná-la mais justa. Porque, mesmo sob a melhor das intenções, quando isso se torna uma impostura, a utopia inevitavelmente atravessa a linha tênue que a separa da distopia.
O desfecho do romance é avassalador e deixa uma sensação quase insuportável de urgência e inevitabilidade semelhante a que experimentamos na leitura de 1984, do qual O Círculo é herdeiro legítimo.
O rei de amarelo em 3 tempos
Já convivemos, há alguns anos, com uma face ainda suave de um fenômeno que vai mudar radicalmente a maneira como editores e leitores se relacionarão com a literatura de fc&f no futuro. Não se trata dos dispositivos eletrônicos nem de qualquer outro gadget tecnológico, mas sim da cada vez mais próxima era em que as comportas do direito autoral das grandes obras da literatura de fc&f serão rompidas. Conforme os dias passam, a obra de mais autores entra em domínio público e livros esquecidos há décadas, por conta dos altos custos que seus herdeiros praticavam, voltarão a moda.
Este ano podemos testemunhar um caso típico. A obra do escritor americano Robert W. Chambers (1865-1933) entrou em domínio público e nada menos que três editoras apresentaram traduções simultâneas de seu trabalho mais célebre, The king in yellow, originalmente publicado em 1895, obra que influenciou os autores do período weird e contribuiu decisivamente para a formação dos gêneros fantásticos.
A obra apareceu primeiro no início de 2014 pela Editora Intrínseca, sob o título de O rei de amarelo, logo seguida pela tradução da Editora Arte & Letra, O símbolo amarelo e outros contos. Agora é a vez da editora independente Clock Tower apresentar a sua versão para a coletânea.
O diferencial da edição da Clock Tower é o requinte de um volume dirigido ao leitor apaixonado por livros. Isso porque terá capa dura, fita marca-página, contos extras adicionados por Chambers ao livro original, ilustrações internas, além de ser uma edição numerada. Nada poderia ser mais exclusivo, portanto.
Diz o editor, Denilson Ricci, ele mesmo um fã de fc&f: "Existe uma lenda em torno desse tomo que dizem ser maldito, influenciando psicologicamente quem o possuir por guardar secretos terríveis do universo".
O volume está em pré-venda no loja da Clok Tower, aqui. Mas é preciso correr, porque a tiragem é limitadíssima.
Este ano podemos testemunhar um caso típico. A obra do escritor americano Robert W. Chambers (1865-1933) entrou em domínio público e nada menos que três editoras apresentaram traduções simultâneas de seu trabalho mais célebre, The king in yellow, originalmente publicado em 1895, obra que influenciou os autores do período weird e contribuiu decisivamente para a formação dos gêneros fantásticos.
A obra apareceu primeiro no início de 2014 pela Editora Intrínseca, sob o título de O rei de amarelo, logo seguida pela tradução da Editora Arte & Letra, O símbolo amarelo e outros contos. Agora é a vez da editora independente Clock Tower apresentar a sua versão para a coletânea.
O diferencial da edição da Clock Tower é o requinte de um volume dirigido ao leitor apaixonado por livros. Isso porque terá capa dura, fita marca-página, contos extras adicionados por Chambers ao livro original, ilustrações internas, além de ser uma edição numerada. Nada poderia ser mais exclusivo, portanto.
Diz o editor, Denilson Ricci, ele mesmo um fã de fc&f: "Existe uma lenda em torno desse tomo que dizem ser maldito, influenciando psicologicamente quem o possuir por guardar secretos terríveis do universo".
O volume está em pré-venda no loja da Clok Tower, aqui. Mas é preciso correr, porque a tiragem é limitadíssima.
domingo, 2 de novembro de 2014
A Bandeira do Elefante e da Arara em quadrinhos
Uma das mais interessante séries de fantasia a ter o Brasil como cenário é criação de Christopher Kastensmidt, texano radicado em Porto Alegre, que percebeu o potencial das mitologias brasileiras para a construção de um contexto diferenciado no gênero. Não que inexistam autores brasileiros que já fizeram o mesmo, pelo contrário. Desde as suas origens, a literatura brasileira registra autores que enveredaram pelo indianismo e suas mitologias, e mesmo no fandom brasileiro, historicamente resistente a esse tipo de solução, há autores como Roberto de Sousa Causo, Simone Saueressig e Ivanir Calado, entre outros, que não tiveram receio de a trilhar. O que diferencia o trabalho de Kastensmidt é seu alcance. Sendo um autor de língua inglesa, com acesso ao concorrido mercado anglo-americano, sua obra espraia-se por ambientes virtualmente inacessíveis aos autores brasileiros e, dessa forma, funciona como divulgador do imaginário e da ficção brasileiros naquele mercado.
A Bandeira do Elefante e da Arara surgiu na forma da noveleta "O encontro fortuito de Gerard van Oost e Oludara", indicado ao prestigioso prêmio Nebula e publicado no Brasil em 2010, no primeiro volume da coleção Asas do Vento, da Devir Livraria. Conta a história de um holandês Gerard, que chega ao Brasil dos tempos coloniais em busca de fama e fortuna. Aqui, acaba por libertar o escravo Oludara, e ambos associam-se na empreitada de explorar o novo continente numa expedição de dois homens, a dita Bandeira do Elefante e da Arara. Em suas aventuras pelas matas, ambos têm de lidar com as gentes nativas, de hábitos estranhos para os estrangeiros, além da fauna, flora e entidades mágicas ferozes que se manifestam seguidamente no seu caminho.
Agora, a mesma Devir anuncia o lançamento dea versão em quadrinhos desse trabalho, A bandeira do Elefante e da Arara: O encontro fortuito, com roteiro do próprio Kastensmidt e desenhos de Carolina Milyus, uma jovem ilustradora de Porto Alegre. O álbum tem 112 páginas coloridas por Ursula Dorada, e já está disponível na loja da editora, aqui. Amostras da arte pode ser vista na página da publicação, aqui.
E está rolando um concurso cultural cujo prêmio é justamente um exemplar autografado deste álbum. Para participar, basta responder criativamente a pergunta "Se você fosse um explorador, de qual aventura gostaria de participar?". As respostas mais originais serão premiadas. O formulário e as regras da promoção estão disponíveis aqui.
A Bandeira do Elefante e da Arara surgiu na forma da noveleta "O encontro fortuito de Gerard van Oost e Oludara", indicado ao prestigioso prêmio Nebula e publicado no Brasil em 2010, no primeiro volume da coleção Asas do Vento, da Devir Livraria. Conta a história de um holandês Gerard, que chega ao Brasil dos tempos coloniais em busca de fama e fortuna. Aqui, acaba por libertar o escravo Oludara, e ambos associam-se na empreitada de explorar o novo continente numa expedição de dois homens, a dita Bandeira do Elefante e da Arara. Em suas aventuras pelas matas, ambos têm de lidar com as gentes nativas, de hábitos estranhos para os estrangeiros, além da fauna, flora e entidades mágicas ferozes que se manifestam seguidamente no seu caminho.
Agora, a mesma Devir anuncia o lançamento dea versão em quadrinhos desse trabalho, A bandeira do Elefante e da Arara: O encontro fortuito, com roteiro do próprio Kastensmidt e desenhos de Carolina Milyus, uma jovem ilustradora de Porto Alegre. O álbum tem 112 páginas coloridas por Ursula Dorada, e já está disponível na loja da editora, aqui. Amostras da arte pode ser vista na página da publicação, aqui.
E está rolando um concurso cultural cujo prêmio é justamente um exemplar autografado deste álbum. Para participar, basta responder criativamente a pergunta "Se você fosse um explorador, de qual aventura gostaria de participar?". As respostas mais originais serão premiadas. O formulário e as regras da promoção estão disponíveis aqui.
Sombras
Está em pré-venda o álbum Sombras, de Julio Shimamoto, edição especial que reúne diversas histórias de horror, em preto e branco, numa técnica criativa desenvolvida por este mestre dos quadrinhos brasileiros.
O álbum tem 64 páginas em formato 21x30 cm, e capa com detalhes em vermelho e verniz. Denilson Reis assina a introdução.
Sombras é uma publicação da editora independente Atomic Quadrinhos em parceria com a Quadrante Comics, e o lançamento acontecerá no dia 15 de novembro, durante a Feira do Livro de Porto Alegre.
Mais informações no blogue e na loja da Atomic.
O álbum tem 64 páginas em formato 21x30 cm, e capa com detalhes em vermelho e verniz. Denilson Reis assina a introdução.
Sombras é uma publicação da editora independente Atomic Quadrinhos em parceria com a Quadrante Comics, e o lançamento acontecerá no dia 15 de novembro, durante a Feira do Livro de Porto Alegre.
Mais informações no blogue e na loja da Atomic.
As encarnações do Distrito Federal
Distrito Federal é o novo romance do escritor de ficção científica Luiz Bras, que será apresentado ao público no próximo dia 19 de novembro, quarta-feira, a partir das 18 horas, no restaurante Canto Madalena (R. Medeiros de Albuquerque, 471, S. Paulo).
Visto que o autor tem um ótimo conto com esse nome, publicado na coletânea Máquina Macunaíma (Ragnarok, 2013), é de imaginar que se trata de uma expansão do mesmo. O mesmo título também nomeia um dos poemas de Pequena coleção de grandes horrores (Circuito, 2014) mas, em se tratando de Luiz Bras, nada é uma certeza. Confira: trechos de Distrito Federal podem ser lidos aqui.
O volume tem ilustrações de Teo Adorno – que muitos afirmam ser um clone de Luiz Bras – e é uma publicação da Editora Patuá.
Visto que o autor tem um ótimo conto com esse nome, publicado na coletânea Máquina Macunaíma (Ragnarok, 2013), é de imaginar que se trata de uma expansão do mesmo. O mesmo título também nomeia um dos poemas de Pequena coleção de grandes horrores (Circuito, 2014) mas, em se tratando de Luiz Bras, nada é uma certeza. Confira: trechos de Distrito Federal podem ser lidos aqui.
O volume tem ilustrações de Teo Adorno – que muitos afirmam ser um clone de Luiz Bras – e é uma publicação da Editora Patuá.
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Megalon 53
Foi digitalizada mais uma edição do histórico fanzine de ficção científica e horror Megalon, editado por Marcello Simão Branco. Desta vez, agora em versão eletrônica para download, volta a estar disponível o número 53 originalmente publicado em junho de 1999.
A edição tem 42 páginas e traz ficções de Roberto de Sousa Causo, Ivan Carlos Regina e Carlos Orsi – aliás, um dos meus contos favoritos deste autor, que reproduz, como poucos, o clima das histórias do frutuoso período Weird. Também apresenta artigos de Lucio Manfredi, Gilberto Schoereder e Alfredo Kepler, além das seções fixas "Diário do fandom", "Publicações recebidas", "Terras alternativas" e "Arte fantástica brasileira". A capa tem uma ilustração de Edgard Franco.
O editor também disponibilizou um arquivo-bônus com diversos documentos da época da publicação do fanzine, entre os quais o Manual técnico do oficcinão, apostila distribuída aos participantes da primeira oficina de escrita criativa promovida em 1999 pelo Clube de Leitores de Ficção Científica-CLFC, baseada num texto de Bruce Sterling traduzido por Roberto de Sousa Causo. E ainda, como brinde adicional, reprodução da imagem da capa da revista X-9 nº 643, de julho de 1968, aqui.
A edição tem 42 páginas e traz ficções de Roberto de Sousa Causo, Ivan Carlos Regina e Carlos Orsi – aliás, um dos meus contos favoritos deste autor, que reproduz, como poucos, o clima das histórias do frutuoso período Weird. Também apresenta artigos de Lucio Manfredi, Gilberto Schoereder e Alfredo Kepler, além das seções fixas "Diário do fandom", "Publicações recebidas", "Terras alternativas" e "Arte fantástica brasileira". A capa tem uma ilustração de Edgard Franco.
O editor também disponibilizou um arquivo-bônus com diversos documentos da época da publicação do fanzine, entre os quais o Manual técnico do oficcinão, apostila distribuída aos participantes da primeira oficina de escrita criativa promovida em 1999 pelo Clube de Leitores de Ficção Científica-CLFC, baseada num texto de Bruce Sterling traduzido por Roberto de Sousa Causo. E ainda, como brinde adicional, reprodução da imagem da capa da revista X-9 nº 643, de julho de 1968, aqui.
Juvenatrix 165
Está circulando o número 165 do fanzine de horror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti. A edição tem 16 páginas e traz divulgação de fanzines e vídeos independentes, longo e detalhado artigo sobre a banda de rock extremo Sodom, contos ultracurtos de Emanuel R. Marques (Portugal) e Rita Maria Felix da Silva, e resenhas dos filmes As amantes do Dr. Jekyll (1964), Batalha no espaço estelar (1977), Eles vieram do espaço exterior (1967), O fantástico homem transparente (1960), O invasor galáctico (1985), O planeta fantasma (1961), Retrato de um pesadelo (1969), The wizard of gore (1970) e Um mundo desconhecido (1951). A capa traz uma ilustração de Angelo Junior.
O fanzine, em formato pdf, é enviado gratuitamente para quem o solicitar ao editor no email renatorosatti@yahoo.com.br.
O fanzine, em formato pdf, é enviado gratuitamente para quem o solicitar ao editor no email renatorosatti@yahoo.com.br.
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
QI 129
Está chegando aos assinantes o número 129 do fanzine Quadrinhos Independentes-QI, editado por Edgard Guimarães. Este multipremiado fanzine sobre quadrinhos é um dos poucos que insiste manter o formato real, em papel, sem qualquer vínculo na internet. Quem quiser ler, precisa assiná-lo, não tem outro jeito. Mas compensa todo o esforço. Além dos quadrinhos, dos artigos interessantes e de registro histórico, e de uma ampla relação de lançamentos alternativos do bimestre, o editor do QI ainda envia uma porção de brindes aos assinantes, como edições especiais, fanzines fasciculados, cards coloridos e outras surpresas. Por exemplo, com esta edição, o QI remeteu aos assinantes o último fascículo de Buster, da novela gráfica de faroeste criada por Gus Peterson e José Pires.
Mas as atrações do fanzine não são menos interessantes. Além da homenagem ao conhecido quadrinhista baiano Antônio Cedraz, falecido há poucas semanas, a edição traz artigos sobre o ilustrador belga Hermann, sobre o personagem britânico Miracleman, e sobre as agruras do mercado de quadrinhos americano (traduzido de uma antiga coluna de Joe Brancatelli publicada nas revistas da extinta editora Warren), quadrinhos de Dennis Oliveira, Chagas Lima, Paulo Anjos, Raphael e do próprio Guimarães, além do anúncio que a novela gráfica de 204 páginas Rolando Duque – Assistência técnica, serializada nas páginas do QI, terá uma edição encadernada, em tiragem limitada. Também anuncia a publicação de uma edição especial das histórias dos X-Men criadas por Gedeone Malagola para a editora Gep nos anos 1970, as únicas hqs Marvel produzidas inteiramente no Brasil.
Mais informações com o editor pelo email edgard@ita.br.
Mas as atrações do fanzine não são menos interessantes. Além da homenagem ao conhecido quadrinhista baiano Antônio Cedraz, falecido há poucas semanas, a edição traz artigos sobre o ilustrador belga Hermann, sobre o personagem britânico Miracleman, e sobre as agruras do mercado de quadrinhos americano (traduzido de uma antiga coluna de Joe Brancatelli publicada nas revistas da extinta editora Warren), quadrinhos de Dennis Oliveira, Chagas Lima, Paulo Anjos, Raphael e do próprio Guimarães, além do anúncio que a novela gráfica de 204 páginas Rolando Duque – Assistência técnica, serializada nas páginas do QI, terá uma edição encadernada, em tiragem limitada. Também anuncia a publicação de uma edição especial das histórias dos X-Men criadas por Gedeone Malagola para a editora Gep nos anos 1970, as únicas hqs Marvel produzidas inteiramente no Brasil.
Mais informações com o editor pelo email edgard@ita.br.
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
Suplemento: Jornal de histórias em quadrinhos
Está circulando em São Paulo um novo jornal que certamente vai chamar a atenção de todos aqueles que apreciam quadrinhos de arte que, apesar do nome, não vem encartado em jornal nenhum. Suplemento é um jornal independente editado por um grupo aparentemente cotizado, que o expediente indica ser formado por Heitor Yida, Luiz Aranguri, Mateus Acioli e Victor Gáspari, O expediente informa ainda um endereço para correspondências (Avenida Pedroso de Morais, 990, cj. 32, São Paulo - SP, 05420-000), o email (suplementojornal@gmail.com), a fanpage, e mais nada.
Um post na fanpage informa que a proposta do Suplemento é de ser um jornal trimestral, com a tiragem de cinco mil exemplares distribuída em bares, livrarias, bancas de revista, galerias e centros culturais da cidade de São Paulo, e por via postal para todo o Brasil.
Até o momento, foram publicadas duas edições de 24 páginas cada, recheadas com quadrinhos experimentais de autores nacionas e estrangeiros, tais como Ricardo Coimbra, Rodrigo Urbano, Felipe Cavalcante, Jaca, Tommi Musturi, Fernando Bueno, Diego Gerlach, Túlio Caetano, Martin Romero, Luisa Doria, Salomão Montenegro, Julio Lapagesse, Abraham Diaz, Laura Lannes, entre outros. Traz ainda dois artigos, apresentando um lançamento e resgatando uma publicação não necessariamente nova, além de uma entrevista com um quadrinhista importante e, pelo menos, uma hq inédita do entrevistado.
O primeiro número saiu em março de 2014, destacando o trabalho de Fabio Zimbres, entrevistado na edição. O segundo chegou apenas em setembro – apresentado durante o Ugra Fest Zine – com uma entrevista com Lucas Gehre.
Suplemento é uma publicação interessante e diferenciada, inclusive dentro do universo restrito dos quadrinhos, geralmente focados em franquias de sucesso e artistas mainstream. Vale a pena o esforço em conhecê-la.
Um post na fanpage informa que a proposta do Suplemento é de ser um jornal trimestral, com a tiragem de cinco mil exemplares distribuída em bares, livrarias, bancas de revista, galerias e centros culturais da cidade de São Paulo, e por via postal para todo o Brasil.
Até o momento, foram publicadas duas edições de 24 páginas cada, recheadas com quadrinhos experimentais de autores nacionas e estrangeiros, tais como Ricardo Coimbra, Rodrigo Urbano, Felipe Cavalcante, Jaca, Tommi Musturi, Fernando Bueno, Diego Gerlach, Túlio Caetano, Martin Romero, Luisa Doria, Salomão Montenegro, Julio Lapagesse, Abraham Diaz, Laura Lannes, entre outros. Traz ainda dois artigos, apresentando um lançamento e resgatando uma publicação não necessariamente nova, além de uma entrevista com um quadrinhista importante e, pelo menos, uma hq inédita do entrevistado.
O primeiro número saiu em março de 2014, destacando o trabalho de Fabio Zimbres, entrevistado na edição. O segundo chegou apenas em setembro – apresentado durante o Ugra Fest Zine – com uma entrevista com Lucas Gehre.
Suplemento é uma publicação interessante e diferenciada, inclusive dentro do universo restrito dos quadrinhos, geralmente focados em franquias de sucesso e artistas mainstream. Vale a pena o esforço em conhecê-la.
domingo, 12 de outubro de 2014
12 de outubro: Dia nacional dos fanzines
Esta é a capa daquele que é considerado o primeiro fanzine brasileiro de repercussão nacional. Trata-se do Boletim Ficção, fanzine sobre quadrinhos editado pelo paraibano Edson Rontani em 12 de outubro de 1965, que era distribuído pelo correio para todo o Brasil.
A ideia de se criar um dia para comemorar a arte dos fanzines foi iniciativa do acadêmico e fanzineiro Gazy Andraus, que tem repercutido entre os editores independentes.
Longa vida aos fanzines!
A ideia de se criar um dia para comemorar a arte dos fanzines foi iniciativa do acadêmico e fanzineiro Gazy Andraus, que tem repercutido entre os editores independentes.
Longa vida aos fanzines!
Megalon 52
Está disponível para download gratuito a versão digitalizada do número 52 do fanzine de ficção científica e horror Megalon, editado por Marcello Simão Branco, originalmente publicado em março de 1999.
A edição de 40 páginas tem ficção de Octavio Aragão e Drew Schneider (EUA), artigos de Braulio Tavares, Fernando G. Sampaio e Rob Chilson (EUA), as seções fixas "Terras alternativas", "Correio cósmico". "Publicações recebidas", "Diário do fandom", e a estreia da coluna "Arte fantástica brasileira", de autoria deste articulista que, na época, ainda estava longe de se tornar um blogueiro, mas já dava os seus pitacos.
O editor ainda disponibilizou um arquivo bônus com uma série de documentos da época, incluindo uma valiosa lista de revistas e fanzines de fc&f da Argentina, Uruguai e Chile, países que, historicamente, têm uma consistente atividade autoral no gênero. E também pode ser vista aqui, num arquivo a parte, a reprodução digital em alta resolução da capa do número 6 do histórico Magazine de Ficção Científica, publicado em setembro de 1970.
A edição de 40 páginas tem ficção de Octavio Aragão e Drew Schneider (EUA), artigos de Braulio Tavares, Fernando G. Sampaio e Rob Chilson (EUA), as seções fixas "Terras alternativas", "Correio cósmico". "Publicações recebidas", "Diário do fandom", e a estreia da coluna "Arte fantástica brasileira", de autoria deste articulista que, na época, ainda estava longe de se tornar um blogueiro, mas já dava os seus pitacos.
O editor ainda disponibilizou um arquivo bônus com uma série de documentos da época, incluindo uma valiosa lista de revistas e fanzines de fc&f da Argentina, Uruguai e Chile, países que, historicamente, têm uma consistente atividade autoral no gênero. E também pode ser vista aqui, num arquivo a parte, a reprodução digital em alta resolução da capa do número 6 do histórico Magazine de Ficção Científica, publicado em setembro de 1970.
Agenda: Hiperconexões reload
No próximo dia 18 de outubro acontece o lançamento do segundo volume da antologia poética Hiperconexões: realidade expandida, organizada por Luiz Bras e publicada pela Editora Patuá, reunindo textos de 65 autores brasileiros desafiados a falar a respeito da relação cada vez mais íntima entre homem e máquina. O volume tem apresentação do professor Ramiro Giroldo, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e posfácio do poeta e editor Victor Del Franco. O primeiro volume, lançado em 2013, pode ser lido gratuitamente aqui.
O evento acontece a partir das 15 horas no Hussardos Clube Literário, rua Araújo, 154, 2º andar, em São Paulo, e contará com pocket show do grupo Percutindo Mundos.
O evento acontece a partir das 15 horas no Hussardos Clube Literário, rua Araújo, 154, 2º andar, em São Paulo, e contará com pocket show do grupo Percutindo Mundos.
terça-feira, 7 de outubro de 2014
Doces vampiras
Chegou-me às mãos, por gentileza da dama do horror vampírico Giulia Moon, a coletânea Flores mortais, publicada pela Giz Editorial, reunindo oito contos da autora com suas principais personagens femininas.
A maioria dos textos foi vista nas antologias das quais a autora participou nos últimos anos, principalmente suas coletâneas anteriores, Vampiros no espelho & outros seres obscuros (2004) e A dama morcega (2006). Mas há, pelo menos, um texto inédito: "A exótica dama oriental e o inesperado Luar", no qual a vampira Kaori contracena com o personagem Luar, de Kizzy Ysatis. Trata-se da primeira parte de um trabalho a quatro mãos, cuja sequência pode ser lida no livro de Ysatis, Eterno castigo, também publicado em 2014 pela Giz.
Kaori é a personagem mais conhecida de Giulia e já apareceu em três romances muito bem recebidos pelos leitores: Perfume de vampira (2009), Coração de vampira (2011) e O samurai sem braço – livro que venceu o prêmio Argos de Melhor Romance de 2013.
Flores mortais tem 224 páginas e apresentação luxuosa, com laminação fosca e reservas de verniz. Traz ainda uma série de competentes ilustrações exclusivas da autora, que abrem cada um dos contos publicados.
Mais detalhes sobre estes e outros livros da autora no saite da Giz, aqui.
A maioria dos textos foi vista nas antologias das quais a autora participou nos últimos anos, principalmente suas coletâneas anteriores, Vampiros no espelho & outros seres obscuros (2004) e A dama morcega (2006). Mas há, pelo menos, um texto inédito: "A exótica dama oriental e o inesperado Luar", no qual a vampira Kaori contracena com o personagem Luar, de Kizzy Ysatis. Trata-se da primeira parte de um trabalho a quatro mãos, cuja sequência pode ser lida no livro de Ysatis, Eterno castigo, também publicado em 2014 pela Giz.
Kaori é a personagem mais conhecida de Giulia e já apareceu em três romances muito bem recebidos pelos leitores: Perfume de vampira (2009), Coração de vampira (2011) e O samurai sem braço – livro que venceu o prêmio Argos de Melhor Romance de 2013.
Flores mortais tem 224 páginas e apresentação luxuosa, com laminação fosca e reservas de verniz. Traz ainda uma série de competentes ilustrações exclusivas da autora, que abrem cada um dos contos publicados.
Mais detalhes sobre estes e outros livros da autora no saite da Giz, aqui.
Velta 10
Está disponível para download gratuito o número 10 da revista Velta, a super-detetive, com 35 páginas em cores apresentando as histórias "Surge a Nova", narrada em uma mistura de literatura e quadrinhos, "Droga de morte", em forma literária, e "Surge o desconhecido Homem de Preto", integralmente apresentada em quadrinhos. Entre os colaboradores presentes na edição estão Alexandre Cozza Ferreira (Lorde Lobo) e Marco Aurelio Azevedo Santiago.
Para baixar a edição virtual, basta acionar o link, aqui.
O editor e autor, Emir Ribeiro – que está indicado ao Prêmio Jabuti deste ano pelas ilustrações feitas para o livro Fantasmagorias, de R. F. Lucchetti – avisa que também está disponível para venda o segundo cd da coleção, compilando as edições de 6 a 10, em alta resolução.
Velta, a super-detetive é uma produção do blogue Rock & Quadrinhos.
Para baixar a edição virtual, basta acionar o link, aqui.
O editor e autor, Emir Ribeiro – que está indicado ao Prêmio Jabuti deste ano pelas ilustrações feitas para o livro Fantasmagorias, de R. F. Lucchetti – avisa que também está disponível para venda o segundo cd da coleção, compilando as edições de 6 a 10, em alta resolução.
Velta, a super-detetive é uma produção do blogue Rock & Quadrinhos.
Lançamentos mozartianos
Um dos mais admirados mestres dos quadrinhos brasileiros, o mineiro Mozart Couto, acaba de receber duas edições muito especiais pela editora independente Atomic Quadrinhos, de Marcos Freitas. São dois álbuns de acabamento luxuoso, cada um deles com uma história completa, que merecem fazer parte das bibliotecas de todos aqueles que buscam pelo melhor que a arte tem a oferecer.
Os guerreiros da Ha-Kan é uma movimentada aventura de fantasia científica sobre a luta entre o bem e o mal, inspirada nas história em quadrinhos japonesas das quais Mozart emula o estilo gráfico sem, contudo, perder sua autoralidade. A história não é inédita, pois saiu primeiro em duas partes numa obscura publicação dos anos 1990 chamada Mangá X. Sua publicação em edição própria contribui para recuperar esta bela peça de arte dos quadrinhos nacionais. A edição, que tem 98 páginas em preto e branco e capa em cores com plastificação fosca, traz ainda um artigo de Gazy Andraus, doutor em Ciência da Comunicação pela USP, contextualizando devidamente esta obra de Couto.
O outro lançamento é Samurai, que se enquadra dentro das propostas conceituais de Couto para os quadrinhos. Trata-se de uma narrativa gráfica cinematográfica, sem textos e com apenas uma única imagem por página, elaborada a partir de traços de pincel aparentemente aleatórios, num precioso trabalho de contrastes absolutamente realistas. A narrativa sobrepõe duas realidades em tempos históricos diferentes, uma no presente, que pode ser situada em qualquer área urbana do mundo, e outra no período medieval japonês. Trata-se de uma obra inédita, sob todos os aspectos criada exclusivamente para este formato e, como tal, torna-se uma peça de arte incomum. Tem 44 páginas de papel de alta gramatura, com imagens em preto e branco em impressão digital perfeita, sendo a capa, também em p&b, laminada em plastico fosco.
Mais informações sobre estas e outras publicações da Atomic Quadrinhos, através do saite da editora, aqui.
Os guerreiros da Ha-Kan é uma movimentada aventura de fantasia científica sobre a luta entre o bem e o mal, inspirada nas história em quadrinhos japonesas das quais Mozart emula o estilo gráfico sem, contudo, perder sua autoralidade. A história não é inédita, pois saiu primeiro em duas partes numa obscura publicação dos anos 1990 chamada Mangá X. Sua publicação em edição própria contribui para recuperar esta bela peça de arte dos quadrinhos nacionais. A edição, que tem 98 páginas em preto e branco e capa em cores com plastificação fosca, traz ainda um artigo de Gazy Andraus, doutor em Ciência da Comunicação pela USP, contextualizando devidamente esta obra de Couto.
O outro lançamento é Samurai, que se enquadra dentro das propostas conceituais de Couto para os quadrinhos. Trata-se de uma narrativa gráfica cinematográfica, sem textos e com apenas uma única imagem por página, elaborada a partir de traços de pincel aparentemente aleatórios, num precioso trabalho de contrastes absolutamente realistas. A narrativa sobrepõe duas realidades em tempos históricos diferentes, uma no presente, que pode ser situada em qualquer área urbana do mundo, e outra no período medieval japonês. Trata-se de uma obra inédita, sob todos os aspectos criada exclusivamente para este formato e, como tal, torna-se uma peça de arte incomum. Tem 44 páginas de papel de alta gramatura, com imagens em preto e branco em impressão digital perfeita, sendo a capa, também em p&b, laminada em plastico fosco.
Mais informações sobre estas e outras publicações da Atomic Quadrinhos, através do saite da editora, aqui.
terça-feira, 30 de setembro de 2014
Juvenatrix 164
Está disponível com o editor Renato Rosatti a edição 164 do fanzine de horror e ficção científica Juvenatrix, voltado para o cinema e a literatura desses gêneros.
A edição tem 12 páginas e traz contos de Rita Maria Felix da Silva, artigos sobre a controversa personagem histórica Elizabeth Bathory e sobre o filme O lobisomem (1941), além de divulgação de publicações e bandas de rock extremo. A capa traz uma ilustração de Angelo Junior.
O fanzine, em formato pdf, é enviado gratuitamente para quem o solicitar ao editor no email renatorosatti@yahoo.com.br.
A edição tem 12 páginas e traz contos de Rita Maria Felix da Silva, artigos sobre a controversa personagem histórica Elizabeth Bathory e sobre o filme O lobisomem (1941), além de divulgação de publicações e bandas de rock extremo. A capa traz uma ilustração de Angelo Junior.
O fanzine, em formato pdf, é enviado gratuitamente para quem o solicitar ao editor no email renatorosatti@yahoo.com.br.
Megalon 51
Publicado originalmente em dezembro de 1998, volta a estar disponível – agora em versão digital – o número 51 do fanzine de ficção científica e horror Megalon, editado por Marcello Simão Branco.
Comemorando os primeiros dez anos de publicação, o fanzine traz uma capa de Cerito, brincando com o conceito do nome do fanzine. Explico: além de ser o título do fanzine, Megalon é também o nome de uma espécie de besouro gigante visto no filme japonês Godzilla vs. Megalon (1973).
A edição tem 52 páginas e traz, além de uma porção de depoimentos de autores e colaboradores sobre a efeméride, e uma galeria com todas as capas do fanzine, um bônus especialíssimo, que faz desta edição a mais festejada pelos fãs do escritor americano Clifford Simak. O editor publicou o inédito epílogo que o escritor fez tardiamente para Cidade (City), que é um dos seus romances mais destacados. A tradução é de Fábio Fernandes. Também traz artigos de Lucio Manfredi e Alfredo Keppler, ficção Gerson Lodi-Ribeiro, e o resultado completo de uma pesquisa que o fanzine fez entre seus leitores para determinar os melhores da ficção científica em todos os tempos, em diversas categorias no Brasil e no mundo. O fanzine pode ser baixado gratuitamente aqui.
O editor também disponibilizou, gratuitamente, um arquivo com o índice remissivo de tudo o que o Megalon publicou nesses dez anos, além de um arquivo bônus, com um conjunto de documentos da época relacionados aos dez anos do fanzine. Branco dispôs ainda uma peça histórica: a capa da revista Mistérios: Crimes histórias e aventuras fantásticas nº9, publicada na década de 1930 pelo editor Rubey Wanderley. Um prato cheio para os fãs.
Comemorando os primeiros dez anos de publicação, o fanzine traz uma capa de Cerito, brincando com o conceito do nome do fanzine. Explico: além de ser o título do fanzine, Megalon é também o nome de uma espécie de besouro gigante visto no filme japonês Godzilla vs. Megalon (1973).
A edição tem 52 páginas e traz, além de uma porção de depoimentos de autores e colaboradores sobre a efeméride, e uma galeria com todas as capas do fanzine, um bônus especialíssimo, que faz desta edição a mais festejada pelos fãs do escritor americano Clifford Simak. O editor publicou o inédito epílogo que o escritor fez tardiamente para Cidade (City), que é um dos seus romances mais destacados. A tradução é de Fábio Fernandes. Também traz artigos de Lucio Manfredi e Alfredo Keppler, ficção Gerson Lodi-Ribeiro, e o resultado completo de uma pesquisa que o fanzine fez entre seus leitores para determinar os melhores da ficção científica em todos os tempos, em diversas categorias no Brasil e no mundo. O fanzine pode ser baixado gratuitamente aqui.
O editor também disponibilizou, gratuitamente, um arquivo com o índice remissivo de tudo o que o Megalon publicou nesses dez anos, além de um arquivo bônus, com um conjunto de documentos da época relacionados aos dez anos do fanzine. Branco dispôs ainda uma peça histórica: a capa da revista Mistérios: Crimes histórias e aventuras fantásticas nº9, publicada na década de 1930 pelo editor Rubey Wanderley. Um prato cheio para os fãs.