O escritor paulistano Ataíde Tartari surgiu para a ficção fantástica em 1987, sob o pseudônimo de A. A. Smith, quando publicou pela Edicon o pouco conhecido romance de ficção científica EEUU 2076, mas o autor só conquistou seu público ao participar das atividades do fandom ao longo dos anos 1990, colaborando com contos inéditos nos muitos fanzines que então circulavam, e também participando ativamente da comunidade de fãs, quando chegou a ser editor do boletim Somnium, do Clube de Leitores de Ficção Científica. Mas não seguiu adiante com sua carreira autoral no País: sendo fluente em língua inglesa, preferiu investir na publicação no exterior. Depois de muito trabalho, conseguiu um agente nos EUA que lhe permitiu publicar, em 2001 e 2003, dois romances de ficção científica pela editora virtual iUniverse: Amazon e Tropical Shade, ambos inéditos em língua portuguesa. Depois de um afastamento prolongado, seu retorno à bela Flor do Lácio deu-se principalmente através do projeto Portal, capitaneado pelo escritor Nelson de Oliveira que, entre 2008 e 2010, publicou seis antologias nas quais Tartari logrou publicar quatro contos. Ao longo do tempo, não foram poucas as vezes que cobrei desse velho companheiro uma publicação mais pessoal e, finalmente, fui atendido.
No finalzinho de 2012, Tartari apareceu nas livrarias com dois títulos: a noveleta Sideral no buraco sem fundo de Parnarama e a coletânea O triângulo de Einstein, ambos pela coleção Embarque Nessa da Editora Nova Espiral.Sideral é um texto de ficção ufológica, subgênero da ficção científica muito praticado pelos brasileiros. Conta a história de um jovem urbanóide paulistano que, por causa de seu grande interesse e conhecimento sobre ciências, é envolvido pelo tio militar na investigação de um caso misterioso ocorrido na região de Parnarama, no nordeste brasileiro. O ótimo texto, que o autor escreveu pensando no público juvenil, apareceu primeiramente em 2003 no fanzine Megalon e foi ligeiramente atualizado pelo editor para se tornar mais adequado aos leitores jovens.
Já a coletânea reúne seis contos de Tartari, sendo que quatro deles foram justamente aqueles publicados no projeto Portal: "O triângulo Einstein" – que empresta o nome ao livro –, "Veja seu futuro", "O bunker" e "Diário de Marte", originalmente publicado sob o título de "Valentim" na antologia Vinte voltas ao redor do Sol (CLFC, 2005). Completam a seleção os contos "Craque na família", visto primeiro na antologia Outras copas, outros mundos (Ano-Luz, 1998), e "Saara gardens", publicado originalmente na antologia Assembleia estelar (Devir, 2011).
Os textos foram igualmente atualizados e a seleta é uma ótima maneira do leitor tomar contato com a obra deste que está entre os melhores autores brasileiros que trabalham com a ficção fantástica.
Tartari tem pelo menos mais meia-dúzia de ótimos textos, suficientes para formar outra coletânea e, quem sabe, uma boa receptividade por estes títulos anime alguma editora a traduzir para os leitores brasileiros os seus romances americanos. Sonhar não custa.
Obrigado por suas palavras, Cesar. Uma coletânea maior e mais abrangente está nos planos da Devir, edição de Roberto de Sousa Causo.
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