O primeiro mês da primavera veio recheado de novidades ao fã de literatura fantástica. Além de uma sensível retomada da publicação por diversas editoras, a Companhia das Letras mantém o ritmo de seus selos, que por certo manterá o leitor bastante ocupado e satisfeito.
Para começar, pelo selo Seguinte chega a terceira e última parte da série de ficção científica Mundo novo: Nova era, de Chris Weitz, cujas edições anteriores, Mundo novo e Nova ordem foram resenhadas neste blogue. Como vimos anteriormente, o grupo de adolescentes novaiorquinos, sobrevivente de um apocalipse viral, retorna a sua cidade natal para curar os demais sobreviventes naquela cidade arruinada e tomada pela anarquia. Diz o texto de divulgação: "O grupo de Jefferson e Donna está de volta a Nova York, e os planos para distribuir a Cura a todos os adolescentes da ilha não ocorreram como o planejado. Depois de encarar a traição da Resistência, Donna está guiando a Reconstrução pela ilha, enquanto os meninos, Kath e os gêmeos fugiram com a bola de futebol, um aparelho de transmissão que possibilita o lançamento instantâneo de mísseis nucleares em direção a países que costumavam ser inimigos do governo norte-americano antes da Doença. Mas o grupo está sem os códigos de ativação do aparelho, que ficaram com os novos parceiros da Resistência: a tribo da Uptown. Dessa forma, os amigos vão precisar colaborar com os ingleses da Reconstrução para garantir que o mundo não acabe em uma explosão de mísseis nucleares.
Chapeuzinho Esfarrapado e outros contos feministas do folclore mundial é uma coletânea de contos de fadas organizada pelo Mestre em literatura medieval Ethel Johnston Phelps (1914-1984), reconfigurada sob a ótica feminista. Diz o texto de divulgação: "Quem disse que as mulheres nos contos de fadas são sempre donzelas indefesas, esperando para serem salvas pelo príncipe encantado? Esta coletânea reúne narrativas folclóricas do mundo inteiro — do Peru à África do Sul, da Escócia ao Japão — em que as mulheres são as heroínas das histórias e vencem os desafios com esforço, coragem e muita inteligência. O livro é para todo mundo que não se identifica com as princesas típicas dos contos de fadas. É para garotas e garotos, para que todos possam aprender que as maiores virtudes de um herói não são exclusivas a um só gênero. Enriquecida com textos de apoio e ilustrações modernas, esta edição é uma fonte inestimável de heroínas multiculturais — e indispensável para qualquer estante."
Pelo selo Suma das Letras, temos Jogada final, terceira e última parte da série de fantasia de Rezende Evil no mundo de Minecraft, de autoria do yotuber paranaense Pedro Afonso. Diz o texto: "Enquanto Pedro, Rezende e seus amigos seguem as pistas deixadas por Gulov, o mago do vilarejo, eles aos poucos descobrem segredos guardados há séculos. Inimigos poderosos os esperam com um plano maligno que põe todo o universo quadrado em risco. Mais do que nunca, é hora de provar que a união faz a força, pois novos versos da profecia foram revelados e muitas aventuras aguardam Pedro e Rezende neste último livro da saga. Será que o herói duplo estará pronto para fazer sua jogada final?".
Para os fãs de Stephen King, a editora republica Cujo, romance de terror publicado originalmente em 1981, que já teve inclusive adaptação para o cinema. "Frank Dodd está morto e a cidade de Castle Rock pode ficar em paz novamente. O serial-killer que aterrorizou o local por anos agora é apenas uma lenda urbana, usada para assustar criancinhas. Exceto para Tad Trenton, para quem Dodd é tudo, menos uma lenda. O espírito do assassino o observa da porta entreaberta do closet, todas as noites. Você pode me sentir mais perto… cada vez mais perto. Nos limites da cidade, Cujo – um são bernardo de noventa quilos, que pertence à família Camber – se distrai perseguindo um coelho para dentro de um buraco, onde é mordido por um morcego raivoso."
E em matéria de quadrinhos, pelo selo Quadrinhos na Cia, está nas livrarias Repeteco, novo trabalho do canadense Bryan Lee O’Malley, conhecido pelas histórias de Scott Pilgrim contra o mundo. Diz a sinopse: "A vida de Katie vai muito bem. Ela é uma chef talentosa, dona de um restaurante de sucesso e com grandes planos para a vida. De repente, em um único dia ela perde uma grande chance de negócios, sua paquera com um jovem chef azeda, sua melhor garçonete se machuca e um ex-namorado charmoso aparece para complicar ainda mais a situação. Quando tudo parece perdido e Katie já não enxerga mais uma solução, uma misteriosa garota aparece no meio da noite com a receita perfeita para uma segunda chance. E, assim, Katie ganha um repeteco na vida e precisará lidar com as consequências de suas melhores intenções."
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
Boca do Inferno 14
Está circulando uma nova edição dos fanzine de cinema horror Boca do Inferno, publicado por Renato Rosatti e Marcello Milici, representante do saite Boca do Inferno e blogue Infernotícias.
A edição tem duas páginas com artigos sobre os filmes Lágrimas tardias (Too late for tears, 1949) e O monstro de Pedras Brancas (The monster of Piedras Blancas, 1959).
O fanzine tem edição impressa distribuída gratuitamente em eventos, mas cópias em pdf podem ser solicitadas através dos emails marcelomilici@yahoo.com.br e renatorosatti@yahoo.com.br.
A edição tem duas páginas com artigos sobre os filmes Lágrimas tardias (Too late for tears, 1949) e O monstro de Pedras Brancas (The monster of Piedras Blancas, 1959).
O fanzine tem edição impressa distribuída gratuitamente em eventos, mas cópias em pdf podem ser solicitadas através dos emails marcelomilici@yahoo.com.br e renatorosatti@yahoo.com.br.
Autores brasileiros em antologia espanhola
Ainda no primeiro trimestre de 2016, foi publicado pela editora Através, na Galiza, a antologia A voz dos mundos, com contos de ficção científica da Espanha, Portugal e do Brasil.
Entre os autores, aparecem os brasileiros Roberto de Sousa Causo, Paulo Soriano, Tânia Souza e Miguel Carqueija. Também estão na seleta Ramón Caride, Valentim Fagim, Séchu Sende e Ângelo Brea (Galiza), Miguel Santos Vieira e Vítor Lindegaard (Portugal).
O livro foi publicado em galego, mas é perfeitamente legível para o leitor brasileiro, visto que as duas línguas são muito semelhantes. O livro pode ser obtido aqui.
Entre os autores, aparecem os brasileiros Roberto de Sousa Causo, Paulo Soriano, Tânia Souza e Miguel Carqueija. Também estão na seleta Ramón Caride, Valentim Fagim, Séchu Sende e Ângelo Brea (Galiza), Miguel Santos Vieira e Vítor Lindegaard (Portugal).
O livro foi publicado em galego, mas é perfeitamente legível para o leitor brasileiro, visto que as duas línguas são muito semelhantes. O livro pode ser obtido aqui.
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
Prêmio Argos de Literatura Fantástica 2016
Foi divulgada nas redes sociais a relação dos finalistas do Prêmio Argos 2016, que vai apontar, na opinião dos membros do Clube de Leitores de Ficção Científica, os melhores romance, conto e antologia brasileiros publicados em 2015.
A fase de votações já foi encerrada com um total de 47 votos, mas os vencedores só serão conhecidos na entrega do prêmio, no dia 26 de novembro, às 14 horas, em sessão solene no Boulevard Olímpico, na cidade do Rio de Janeiro. O evento fará parte da feira literária L.E.R.
Pela relação dos finalistas, percebe-se forte rejeição aos best sellers do gênero fantástico brasileiro, que não aparecem em nenhuma das categorias. São estes os finalistas:
Melhor romance
- A encruzilhada, Lucio Manfredi. Editora Draco.
- E de extermínio, Cirilo S. Lemos. Editora Draco.
- Estação Terra, Odimer Nogueira. Editora Chiado
- Estranhos no paraíso, Gerson Lodi-Ribeiro. Editora Draco.
- O império de diamante, João Beraldo. Editora Draco.
- A queda dos deuses, Eduardo Brindizi Simões Silveira. Editora CRV.
Melhor conto
- Diamante truncado, Carlos Orsi. Edição do autor.
- "A fita de Moebius", Valter Cardoso, em Estranhas histórias de seres normais. Editora Aut Paranaense.
- A invasora, Fábio M. Barreto. Editora SOS Hollywood.
- "Lolipop", Claudia Dugim, em Boys love: Sem preconceitos e sem limites. Editora Draco.
- O tesouro dos mares gelados, Ana Lúcia Merege. Editora Draco.
- "O último caçador branco", Luiz Felipe Vasques, em Monstros gigantes. Editora Draco.
Melhor antologia ou coletânea
- Estranhas histórias de seres normais, Mustafá Ali Kanso, org. Editora Aut Paranaense.
- Herdeiros de Dagon, Cesar Alcázar & Duda Falcão, orgs. Editora Argonautas.
- Imaginários, vol. 6, Erick Sama, org. Editora Draco.
- Monstros gigantes: Kaiju, Luiz Felipe Vasques & Daniel Ribas, orgs. Editora Draco.
- Samurais x ninjas, Eduardo Massami Kasse & Erick Sama Cardoso, orgs. Editora Draco.
- Space opera, vol. 3, Hugo Vera e Larissa Caruso, orgs. Editora Draco.
Parabéns a todos.
A fase de votações já foi encerrada com um total de 47 votos, mas os vencedores só serão conhecidos na entrega do prêmio, no dia 26 de novembro, às 14 horas, em sessão solene no Boulevard Olímpico, na cidade do Rio de Janeiro. O evento fará parte da feira literária L.E.R.
Pela relação dos finalistas, percebe-se forte rejeição aos best sellers do gênero fantástico brasileiro, que não aparecem em nenhuma das categorias. São estes os finalistas:
Melhor romance
- A encruzilhada, Lucio Manfredi. Editora Draco.
- E de extermínio, Cirilo S. Lemos. Editora Draco.
- Estação Terra, Odimer Nogueira. Editora Chiado
- Estranhos no paraíso, Gerson Lodi-Ribeiro. Editora Draco.
- O império de diamante, João Beraldo. Editora Draco.
- A queda dos deuses, Eduardo Brindizi Simões Silveira. Editora CRV.
Melhor conto
- Diamante truncado, Carlos Orsi. Edição do autor.
- "A fita de Moebius", Valter Cardoso, em Estranhas histórias de seres normais. Editora Aut Paranaense.
- A invasora, Fábio M. Barreto. Editora SOS Hollywood.
- "Lolipop", Claudia Dugim, em Boys love: Sem preconceitos e sem limites. Editora Draco.
- O tesouro dos mares gelados, Ana Lúcia Merege. Editora Draco.
- "O último caçador branco", Luiz Felipe Vasques, em Monstros gigantes. Editora Draco.
Melhor antologia ou coletânea
- Estranhas histórias de seres normais, Mustafá Ali Kanso, org. Editora Aut Paranaense.
- Herdeiros de Dagon, Cesar Alcázar & Duda Falcão, orgs. Editora Argonautas.
- Imaginários, vol. 6, Erick Sama, org. Editora Draco.
- Monstros gigantes: Kaiju, Luiz Felipe Vasques & Daniel Ribas, orgs. Editora Draco.
- Samurais x ninjas, Eduardo Massami Kasse & Erick Sama Cardoso, orgs. Editora Draco.
- Space opera, vol. 3, Hugo Vera e Larissa Caruso, orgs. Editora Draco.
Parabéns a todos.
Juvenatrix 181
Está disponível mais uma edição do fanzine eletrônico de horror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti.
Este número tem 12 páginas e traz contos de Norton A. Coll, artigo sobre os 30 anos do filme Platoon, e resenhas dos filmes A besta do milhão de olhos (1955), Dia dos independentes (2016), El grito de la muerte (1959), O monstro de pedras brancas (1959) e The hollow (2015). Divulgação de fanzines, livros, filmes e bandas independentes de rock extremo complementam a edição. A capa traz uma ilustração de Angelo Junior.
Para obter uma cópia, basta solicitar pelo email renatorosatti@yahoo.com.br.
Este número tem 12 páginas e traz contos de Norton A. Coll, artigo sobre os 30 anos do filme Platoon, e resenhas dos filmes A besta do milhão de olhos (1955), Dia dos independentes (2016), El grito de la muerte (1959), O monstro de pedras brancas (1959) e The hollow (2015). Divulgação de fanzines, livros, filmes e bandas independentes de rock extremo complementam a edição. A capa traz uma ilustração de Angelo Junior.
Para obter uma cópia, basta solicitar pelo email renatorosatti@yahoo.com.br.
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
Magda
Magda, Rafa Campos Rocha. 144 páginas. Editora Companhia das Letras, selo Quadrinhos na Cia, São Paulo, 2016.
Por muito tempo restrita ao ambiente amador, publicada em fanzines e edições de autor, a ficção científica agora ocupa espaços bem mais evidentes, em editoras de porte com boa distribuição nas livrarias. Outra prova que o gênero deixou de ser o patinho feio do mercado é a frequência com que o gênero tem sido abordado pelas histórias em quadrinhos, com produções de porte sendo oferecidas com alguma regularidade, inclusive por autores brasileiros, o que há alguns anos era impensável. Isso é decorrente do crescimento do interesse pela arte, mas também do desenvolvimento de uma consciência do gênero entre os autores da nova geração, mais acostumados à tecnologia e aos apelos da cultura pop.
É por isso que temos a chance de ter publicado Magda, de Rafa Campos Rocha, pela editora Companhia das Letras, no selo Quadrinhos na Cia, novela gráfica de ficção científica de grande impacto visual, que trafega também pelas sendas do horror splatter, que é aquele que espirra sangue e vísceras para todos os lados.
Tudo começou quando cientistas brasileiros desenterraram uma rocha, que pensavam ser um meteorito. Ao partirem a pedra, libertaram um vírus poderoso do longínquo passado do planeta que, antes que se dessem conta, escapou do complexo e contaminou a sociedade, transformando pessoas em assassinos furiosos descerebrados literalmente sedentos de sangue humano. Rio de Janeiro e São Paulo se transformam em áreas de contenção, bombardeadas continuamente para evitar que a praga se alastre.
Contudo, não foi apenas o vírus que saiu daquele ovo. Ali também hibernava uma entidade que, ao ser despertada, invadiu o corpo de uma das cientistas - Magda - e com ela estabeleceu uma relação simbiótica. Magda passou a partilhar sua consciência com a invasora, a qual chama de Máquina, que lhe deu uma séria de poderes, mas cobra um preço alto por isso: a fome por sangue e carne humanos.
A história começa num campo de sobreviventes em algum lugar no interior do país, onde a praga dos transformados ainda não se estabeleceu. Os poucos transformados que ali aparecem tornam-se alimento de Magda, que mantém sua condição mutagênica em segredo dos membros da comunidade. Porém, a ausência de incidentes com os transformados chama atenção das forças armadas, que para lá enviam uma força de ocupação que pretende investigar o fenômeno. Instigada pela Máquina, Magda retorna para o local em que as coisas começaram, e o caminho será repleto de confrontos violentos, carnificina e desmembramentos.
Há ecos aqui de várias obras do cinema e da tv, como se pode perceber. A mais evidente é o seriado The walking dead, sucesso dos quadrinhos e da tv, que conta a história de um grupo de sobreviventes depois do apocalipse zumbi, mas também é forte a influência da franquia de videogame e cinema Resident evil, e mais particularmente do filme de cinema Species (A experiência, 2001). Apesar disso, Magda consegue sustentar independência autoral, na medida em que se apoia em cenários e maneirismos brasileiros (como não poderia deixar de ser), no estilo despojado, quase amador, dos traços do autor - que continuamente roubam do leitor a suspensão da incredibilidade - e o também evidente diálogo com "A metamorfose", de Franz Kafka: a máquina tem a aparência de uma barata enorme que muitas vezes assume a forma física da personagem.
Por trás dessa trama por si só subversiva, acontece o drama familiar entre Magda, sua amante e uma jovem que ambas têm como filha, e a velha falácia da maldição hereditária que vai dar tom humano à essa narrativa fantástica e grotesca.
O paulistano Rafa Campos Rocha é um artista experiente, professor de História da Arte, cenógrafo e artista plástico, publicou na Piauí, Folha de S. Paulo, e Vice, entre outros. Magda é seu segundo álbum pela Quadrinhos na Cia; o primeiro foi Deus essa gostosa, de 2012.
Por muito tempo restrita ao ambiente amador, publicada em fanzines e edições de autor, a ficção científica agora ocupa espaços bem mais evidentes, em editoras de porte com boa distribuição nas livrarias. Outra prova que o gênero deixou de ser o patinho feio do mercado é a frequência com que o gênero tem sido abordado pelas histórias em quadrinhos, com produções de porte sendo oferecidas com alguma regularidade, inclusive por autores brasileiros, o que há alguns anos era impensável. Isso é decorrente do crescimento do interesse pela arte, mas também do desenvolvimento de uma consciência do gênero entre os autores da nova geração, mais acostumados à tecnologia e aos apelos da cultura pop.
É por isso que temos a chance de ter publicado Magda, de Rafa Campos Rocha, pela editora Companhia das Letras, no selo Quadrinhos na Cia, novela gráfica de ficção científica de grande impacto visual, que trafega também pelas sendas do horror splatter, que é aquele que espirra sangue e vísceras para todos os lados.
Tudo começou quando cientistas brasileiros desenterraram uma rocha, que pensavam ser um meteorito. Ao partirem a pedra, libertaram um vírus poderoso do longínquo passado do planeta que, antes que se dessem conta, escapou do complexo e contaminou a sociedade, transformando pessoas em assassinos furiosos descerebrados literalmente sedentos de sangue humano. Rio de Janeiro e São Paulo se transformam em áreas de contenção, bombardeadas continuamente para evitar que a praga se alastre.
Contudo, não foi apenas o vírus que saiu daquele ovo. Ali também hibernava uma entidade que, ao ser despertada, invadiu o corpo de uma das cientistas - Magda - e com ela estabeleceu uma relação simbiótica. Magda passou a partilhar sua consciência com a invasora, a qual chama de Máquina, que lhe deu uma séria de poderes, mas cobra um preço alto por isso: a fome por sangue e carne humanos.
A história começa num campo de sobreviventes em algum lugar no interior do país, onde a praga dos transformados ainda não se estabeleceu. Os poucos transformados que ali aparecem tornam-se alimento de Magda, que mantém sua condição mutagênica em segredo dos membros da comunidade. Porém, a ausência de incidentes com os transformados chama atenção das forças armadas, que para lá enviam uma força de ocupação que pretende investigar o fenômeno. Instigada pela Máquina, Magda retorna para o local em que as coisas começaram, e o caminho será repleto de confrontos violentos, carnificina e desmembramentos.
Há ecos aqui de várias obras do cinema e da tv, como se pode perceber. A mais evidente é o seriado The walking dead, sucesso dos quadrinhos e da tv, que conta a história de um grupo de sobreviventes depois do apocalipse zumbi, mas também é forte a influência da franquia de videogame e cinema Resident evil, e mais particularmente do filme de cinema Species (A experiência, 2001). Apesar disso, Magda consegue sustentar independência autoral, na medida em que se apoia em cenários e maneirismos brasileiros (como não poderia deixar de ser), no estilo despojado, quase amador, dos traços do autor - que continuamente roubam do leitor a suspensão da incredibilidade - e o também evidente diálogo com "A metamorfose", de Franz Kafka: a máquina tem a aparência de uma barata enorme que muitas vezes assume a forma física da personagem.
Por trás dessa trama por si só subversiva, acontece o drama familiar entre Magda, sua amante e uma jovem que ambas têm como filha, e a velha falácia da maldição hereditária que vai dar tom humano à essa narrativa fantástica e grotesca.
O paulistano Rafa Campos Rocha é um artista experiente, professor de História da Arte, cenógrafo e artista plástico, publicou na Piauí, Folha de S. Paulo, e Vice, entre outros. Magda é seu segundo álbum pela Quadrinhos na Cia; o primeiro foi Deus essa gostosa, de 2012.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
O caminho do louco
O jornalista, tradutor e compositor Alex Mandarino acaba de publicar seu primeiro romance, Guerras do Tarot, volume 1: O caminho do louco, pela Avec Editora.
O autor diz que se trata de "uma mistura de thriller e fantasia", composto ao longo dos últimos quinze anos: "Comecei a escrever contos no final dos anos 1990 e este romance em meados dos anos 2000. A ideia desse romance me veio em 2001 ainda. Parte dele foi escrita em 2001 e 2002, uma outra parte em 2009/2010 e uma parte menor foi acrescentada pra essa edição, em 2015. Na prática foram uns dois anos escrevendo, interrompidos."
Diz o texto na contracapa: "O brasileiro André Moire deixa tudo para trás para se envolver com um grupo internacional secreto que representa os arcanos do Tarot. Dispostos a elevar a consciência da humanidade e mudar o planeta, eles lançam mão de magia, ciência, arte, técnicas hacker e até mesmo parkour e videogames para enfrentar as forças da conformidade. Conheça o Louco, o Mago, a Sacerdotisa, o Carro, o Sol, a Imperatriz, o Imperador e vários outros arcanos maiores e menores neste thriller conspiratório com toques subversivos e sobrenaturais. Com uma trama sombria e misteriosa que ocorre em locais como Rio de Janeiro, Paris, México, Amazônia, Riviera e Inglaterra, Guerras do Tarot fará você pensar e repensar no que acredita".
Mandarino construiu uma carreira promissora a partir de sua ficção curta, sendo que dois de seus textos foram indicados ao Prêmio Argos 2003 e 2013. Alguns de seus contos podem ser vistos nas antologias Caminhos do fantástico (Terracota) e Sherlock Holmes: Aventuras secretas (Draco). Também edita a revista Hyperpulp, da qual promete uma nova edição ainda para 2016.
O autor diz que se trata de "uma mistura de thriller e fantasia", composto ao longo dos últimos quinze anos: "Comecei a escrever contos no final dos anos 1990 e este romance em meados dos anos 2000. A ideia desse romance me veio em 2001 ainda. Parte dele foi escrita em 2001 e 2002, uma outra parte em 2009/2010 e uma parte menor foi acrescentada pra essa edição, em 2015. Na prática foram uns dois anos escrevendo, interrompidos."
Diz o texto na contracapa: "O brasileiro André Moire deixa tudo para trás para se envolver com um grupo internacional secreto que representa os arcanos do Tarot. Dispostos a elevar a consciência da humanidade e mudar o planeta, eles lançam mão de magia, ciência, arte, técnicas hacker e até mesmo parkour e videogames para enfrentar as forças da conformidade. Conheça o Louco, o Mago, a Sacerdotisa, o Carro, o Sol, a Imperatriz, o Imperador e vários outros arcanos maiores e menores neste thriller conspiratório com toques subversivos e sobrenaturais. Com uma trama sombria e misteriosa que ocorre em locais como Rio de Janeiro, Paris, México, Amazônia, Riviera e Inglaterra, Guerras do Tarot fará você pensar e repensar no que acredita".
Mandarino construiu uma carreira promissora a partir de sua ficção curta, sendo que dois de seus textos foram indicados ao Prêmio Argos 2003 e 2013. Alguns de seus contos podem ser vistos nas antologias Caminhos do fantástico (Terracota) e Sherlock Holmes: Aventuras secretas (Draco). Também edita a revista Hyperpulp, da qual promete uma nova edição ainda para 2016.
Trabalho honesto
Trabalho honesto é o livro de estreia do escritor e editor Rodrigo van Kampen, uma novela cyberpunk que se passa em uma versão futura da cidade paulista de Campinas, e envolve uma série de lendas e mitologias do folclore nacional. Diz o texto de divulgação: "Anos após a abertura dos portais, cucas, unhudos e sacis ainda têm dificuldades em se integrar à civilização humana. Para um lobisomem como Rhalfe, tornar-se braço de Victor Sombrera é uma das poucas opções de trabalho honesto. Dependendo de quão ampla é sua definição de 'honesto'."
Ao longo dos últimos meses, o autor distribuiu o livro a um seleto grupo de leitores, na forma de seis episódios em ebook; agora, o volume com o texto integral está disponível para venda aqui.
Ao longo dos últimos meses, o autor distribuiu o livro a um seleto grupo de leitores, na forma de seis episódios em ebook; agora, o volume com o texto integral está disponível para venda aqui.
Revista Abusões 2
Depois da estreia em janeiro deste ano, está circulando o segundo número da revista virtual Abusões, editada pelos professores Dr. Flavio García e Dr. Júlio França, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro-UERJ. Trata-se de um periódico semestral acadêmico dedicado ao estudo da ficção gótica, fantástica e insólita de modo geral. A edição tem 299 páginas e apresenta nove artigos e duas resenhas, além de entrevistas com os escritores David Roas e José Viale Moutinho. Destaque para o artigo "A ficção científica de Rachel de Queiroz", de Ramiro Giroldo.
Abusões por ser lida e baixada aqui.
Abusões por ser lida e baixada aqui.
Conexão Literatura 16
Está disponível o número 16 da revista eletrônica Conexão Literatura, editada por Ademir Pascale pela Fábrica de Ebooks.
A edição de 62 páginas e destaca o trabalho de Gustavo Drago, editor da Drago Editorial, entrevistado por Pascale. Também são entrevistados os escritores Luci Watanabe, Sandra Boveto, Rogério Araújo, Lívio Meireles, Déborah Felipe, Pedro Irineu Neto, Mirela Paes, Fathyma Jaguanharo e Eduardo Alves. Na ficção, contos de Sandra Boveto, Ricardo de Lohem, Míriam Santiago e Dione Souto Rosa, além de crônicas de Misa Ferreira e Rogério Araújo, e a coluna "Conexão nerd" sobre o trabalho do fotógrafo Steve McCurry.
A revista é gratuita e pode ser baixada aqui. Edições anteriores também estão disponíveis.
A edição de 62 páginas e destaca o trabalho de Gustavo Drago, editor da Drago Editorial, entrevistado por Pascale. Também são entrevistados os escritores Luci Watanabe, Sandra Boveto, Rogério Araújo, Lívio Meireles, Déborah Felipe, Pedro Irineu Neto, Mirela Paes, Fathyma Jaguanharo e Eduardo Alves. Na ficção, contos de Sandra Boveto, Ricardo de Lohem, Míriam Santiago e Dione Souto Rosa, além de crônicas de Misa Ferreira e Rogério Araújo, e a coluna "Conexão nerd" sobre o trabalho do fotógrafo Steve McCurry.
A revista é gratuita e pode ser baixada aqui. Edições anteriores também estão disponíveis.
Novas antologias da Nephelibata
A editora catarinense Nephelibata, comandada pelo editor Camilo Prado, superando as dificuldades que 2016 infligiu a todos nós, finalmente anuncia a publicação de dois novos volumes reunindo os mais incomuns textos da ficção fantástica produzida entre o final do século 19 e as primeiras décadas do século 20, quase tudo em domínio público.
Paris invadida por um flagelo desconhecido: Contos de folhetim francês tem 156 páginas com textos de Jean Rameau, Maurice Leblanc, J. Joseph Renaud, Georges Rouvray, Maurice Level, Gaston-Ch. Richard, André de Lorde, Pierre de La Batut, G. Gustave Toudouze, Gustave Le Rouge e R. A. Fleury. Diz o texto de divulgação: "Foi em nome da Imaginação que esses escritores de folhetim criaram uma literatura que hoje na França chamam de littérature populaire. Arrancaram do mundo da imaginação as coisas mais estranhas, bizarras, assustadoras – e, às vezes, divertidas, por que não? – para com elas povoar o cotidiano dos leitores franceses. Suas plantas carnívoras, seus mortos-vivos, seus mundos misteriosos, seus personagens desvairados, suas descobertas incríveis, suas invenções assustadoras – haverá o leitor de notar –, posteriormente entraram para o universo do cinema. Nessa literatura, o real e o imaginário se mesclam e se confundem de tal maneira que pouco importa os dados históricos, a psicologia dos personagens, a preocupação com o estilo. Importa apenas arrastar o leitor para aventuras distantes, ideias insanas, mundos impensados, enfim, para o reino do 'puramente literário'".
Contos de terror é dedicada ao terror produzido por brasileiros. O livro tem 168 páginas e traz textos de Coelho Netto, Lucilo Varejão, João do Rio, Théo-Filho, Viriato Corrêa, Julia Lopes, Humberto de Campos, Gastão Cruls, Monteiro Lobato, Rodrigo Octavio, Domicio da Gama, Medeiros e Albuquerque, Baptista Junior e Carlos de Vasconcelos. Diz a divulgação: "Sendo o terror na literatura brasileira um gênero bastante desprezado, não é de se surpreender que tenha sido partilhado pelos mesmos desprezados escritores do nosso Decadentismo... Aqui permanecemos dentro dos limites do natural, e do psicologicamente real. E nada há de mais assustador do que a incongruência chamada realidade, e dentro dela, nenhum outro ser mais abominavelmente aterrorizante do que o homem."
Como é padrão da Nephelibata, ambas são edições artesanais muito caprichadas, com tiragem de 70 exemplares numerados cada. Mais informações, bem como vídeos sobre as duas publicações, podem ser vistos aqui.
O catálogo oferece ainda diversos outros títulos de interesse, que vale conhecer aqui.
Paris invadida por um flagelo desconhecido: Contos de folhetim francês tem 156 páginas com textos de Jean Rameau, Maurice Leblanc, J. Joseph Renaud, Georges Rouvray, Maurice Level, Gaston-Ch. Richard, André de Lorde, Pierre de La Batut, G. Gustave Toudouze, Gustave Le Rouge e R. A. Fleury. Diz o texto de divulgação: "Foi em nome da Imaginação que esses escritores de folhetim criaram uma literatura que hoje na França chamam de littérature populaire. Arrancaram do mundo da imaginação as coisas mais estranhas, bizarras, assustadoras – e, às vezes, divertidas, por que não? – para com elas povoar o cotidiano dos leitores franceses. Suas plantas carnívoras, seus mortos-vivos, seus mundos misteriosos, seus personagens desvairados, suas descobertas incríveis, suas invenções assustadoras – haverá o leitor de notar –, posteriormente entraram para o universo do cinema. Nessa literatura, o real e o imaginário se mesclam e se confundem de tal maneira que pouco importa os dados históricos, a psicologia dos personagens, a preocupação com o estilo. Importa apenas arrastar o leitor para aventuras distantes, ideias insanas, mundos impensados, enfim, para o reino do 'puramente literário'".
Contos de terror é dedicada ao terror produzido por brasileiros. O livro tem 168 páginas e traz textos de Coelho Netto, Lucilo Varejão, João do Rio, Théo-Filho, Viriato Corrêa, Julia Lopes, Humberto de Campos, Gastão Cruls, Monteiro Lobato, Rodrigo Octavio, Domicio da Gama, Medeiros e Albuquerque, Baptista Junior e Carlos de Vasconcelos. Diz a divulgação: "Sendo o terror na literatura brasileira um gênero bastante desprezado, não é de se surpreender que tenha sido partilhado pelos mesmos desprezados escritores do nosso Decadentismo... Aqui permanecemos dentro dos limites do natural, e do psicologicamente real. E nada há de mais assustador do que a incongruência chamada realidade, e dentro dela, nenhum outro ser mais abominavelmente aterrorizante do que o homem."
Como é padrão da Nephelibata, ambas são edições artesanais muito caprichadas, com tiragem de 70 exemplares numerados cada. Mais informações, bem como vídeos sobre as duas publicações, podem ser vistos aqui.
O catálogo oferece ainda diversos outros títulos de interesse, que vale conhecer aqui.
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
Na eternidade sempre é domingo
Santiago Santos, tradutor e jornalista residente em Cuibá, conhecido nas redes sociais pelo trabalho literário desenvolvido adiante do blogue Flash Fiction, lança seu primeiro livro, Na eternidade sempre é domingo, publicado pela editora Carlini & Caniato, contemplado no Edital 2015 de Literatura da Prefeitura de Cuiabá.
Trata-se, em tese, de uma coletânea de contos que explora a mitologia dos povos andinos.
Diz o autor sobre a obra: "Sobre a definição do livro, é uma coisa que eu ainda não tenho certeza. Ele foi classificado como livro de contos no edital e também na ficha catalográfica, e é assim que o apresento, mas fico em dúvida se não é uma novela, ou mesmo um livro fix-up, com o perdão da definição original dos pulps de Bradbury e companhia". Seja como for, não há a menor dúvida sobre a qualidade do conteúdo, que pode ser percebido na leitura dos drops inspirados com que o autor brinda os seguidores de seus escritos na internet.
Há duas datas de lançamento: em Cuibá, no dia 18/10 às 19h na Choperia do Sesc Arsenal (Rua 13 de Junho, S/N, Centro Sul), e em São Paulo no dia 22 de outubro às 19h na Patuscada Livraria, Bar & Café (Rua Luís Murat, 40, Pinheiros).
Um trecho do livro está disponível para degustação no saite Livre Opinião, aqui.
Trata-se, em tese, de uma coletânea de contos que explora a mitologia dos povos andinos.
Diz o autor sobre a obra: "Sobre a definição do livro, é uma coisa que eu ainda não tenho certeza. Ele foi classificado como livro de contos no edital e também na ficha catalográfica, e é assim que o apresento, mas fico em dúvida se não é uma novela, ou mesmo um livro fix-up, com o perdão da definição original dos pulps de Bradbury e companhia". Seja como for, não há a menor dúvida sobre a qualidade do conteúdo, que pode ser percebido na leitura dos drops inspirados com que o autor brinda os seguidores de seus escritos na internet.
Há duas datas de lançamento: em Cuibá, no dia 18/10 às 19h na Choperia do Sesc Arsenal (Rua 13 de Junho, S/N, Centro Sul), e em São Paulo no dia 22 de outubro às 19h na Patuscada Livraria, Bar & Café (Rua Luís Murat, 40, Pinheiros).
Um trecho do livro está disponível para degustação no saite Livre Opinião, aqui.