É sempre importante prestigiar a fc no teatro porque é coisa rara por aqui.
Está em cartaz até o dia 14 de dezembro, no Teatro Núcleo Experimental (Rua Barra Funda, 637), em São Paulo, o musical de ficção científica e humor Urinal.
De autoria dos americanos Greg Kotis e Mark Hollmann, e direção de Zé Henrique de Paula – que também traduziu o texto –, Urinal conta o drama dos moradores de uma cidade imaginária onde não chove há vinte anos, não há água nas torneiras e ter banheiros em casa foi tornado ilegal. Para ter acesso a higiene pessoal, a população precisa pagar para usar os banheiros públicos. A crise se agrava quando as tarifas são majoradas pesadamente, criando revolta na população, mas todos os que descumprem a lei são presos e enviados à colônia penal Urinal, de onde ninguém jamais retornou.
No elenco estão Adriana Alencar, Bia Bologna, Bruna Guerin, Caio Salay, Daniel Costa, Fabio Redkowicz, Gerson Steves, Luciana Ramanzini, Nábia Vilella, Paulo Marcos Brito, Roney Facchini, Thiago Carreira e Thiago Ledier. As apresentações acontecem de quinta a domingo.
Mais informações no saite oficial, aqui.
sábado, 31 de outubro de 2015
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
Mnemosine e os abomináveis homens de verde
O escritor paraibano Carmelo Ribeiro, autor dos romances A procura de Chã dos Esquecidos e Paxolino dos adoradores de Cristo nas terras da cafraria, já comentados por este blogue, acaba de lançar um novo livro. Trata-se de Menemosine e os abomináveis homens de verde, publicado pela editora Schoba, coletânea de 180 páginas com 14 contos de ficção especulativa inspirados na história do Brasil, muitos deles instalados no subgênero da história alternativa. E o autor tem mais do que talento literário – que já demonstrou nos seus livros anteriores – para tratar do gênero. Formado em História e mestre em Geografia, Carmelo Ribeiro brinca gostosamente com as amarras da academia quando diz, na orelha do livro: "A primeira lição do curso de história é: não existe 'se' em história. Mas como este não é um livro de história, o 'se' deu origem a muitos Brasis".
Alguns dos temas já são recorrentes no gênero, mas outros são ótimas novidades: o Brasil integralista, a volta de D. Pedro I ao Brasil, a vitória dos Balaios e Antonio Vinagre como governador de Belém, tudo embalado pela epígrafe inspirada de José Cândido de Carvalho: "As vezes penso que o Brasil não existe. É um conto de Pedro Álvares Cabral, com prefácio de Pero Vaz de Caminha".
Sem dúvida é um livro que vale a pena ser lido.
Alguns dos temas já são recorrentes no gênero, mas outros são ótimas novidades: o Brasil integralista, a volta de D. Pedro I ao Brasil, a vitória dos Balaios e Antonio Vinagre como governador de Belém, tudo embalado pela epígrafe inspirada de José Cândido de Carvalho: "As vezes penso que o Brasil não existe. É um conto de Pedro Álvares Cabral, com prefácio de Pero Vaz de Caminha".
Sem dúvida é um livro que vale a pena ser lido.
Horror e fantasia do sul
Duda Falcão tem provado ser um dos mais produtivos ativistas culturais no ambiente da ficção especulativa brasileira. Sócio da editora portoalegrense Argonautas, um dos mentores da Odisseia de Literatura Fantástica, escritor e organizador de antologias, Falcão não se abateu pelo discurso de crise que parece ter dominado o país e, neste momento, está promovendo o lançamento de mais um volume de contos fantásticos organizada por ele. Trata-se de Vampiros, antologia de contos de horror publicada pela editora Avec. O livro é belamente produzido, com 208 páginas em papel pólem e uma capa forte produzida por Marina Avila. Traz dez contos de alguns dos mais expressivos autores do moderno horror nacional: Giulia Moon, Fred Furtado, Simone Saueressig, Nazareth Fonseca, Alexandre Cabral, Ju Lund, Carlos Patati, Carlos Bacci, Marcelo Del Debbio e do próprio Falcão, além de um prefácio assinado por Lord A.
Vampiros é o primeiro volume da Coleção Sobrenatural, e o organizador adianta que o volume 2, Fantasmas, já está em produção.
Duda Falcão também continua promovendo as antologias da sua Editora Argonautas. Herdeiros de Dagon é o segundo volume do Ciclo Lovecraftiano – iniciado em 2014 com Ascensão de Cthulhu – e tem o mesmo simpático formato de bolso de outras publicações da editora. Em 116 páginas, traz textos assinados por Carlos Silva, Gustavo de Melo Czekster, José Francisco Botelho, Guilherme da Silva Braga, Marcelo Augusto Galvão, Mariana Portella, Andrio Santos, A. S. Franskowiak, Carlos Ferreira e do próprio Falcão, que organizou a seleção junto ao seu sócio Cesar Alcázar.
Por sua vez, Alcázar promove o livro A fúria do Cão Negro, novela com o mesmo personagem visto no conto "O coração do Cão Negro", publicado na coletânea Bazar Pulp (Argonautas, 2012). Trata-se de uma história de fantasia heroica com guerreiros e feiticeiros, na clássica linha da revista Weird Fiction, que revelou autores como Robert Howard e H. P. Lovecraft. O volume tem 100 páginas e foi publicado em 2014 pela editora curitibana Arte & Letra. Para degustar a obra, vale a pena ler a história em quadrinhos que adapta o conto de estreia do personagem, com roteiro do autor e desenhos de Fred Rubim, gratuitamente, aqui.
Vampiros é o primeiro volume da Coleção Sobrenatural, e o organizador adianta que o volume 2, Fantasmas, já está em produção.
Duda Falcão também continua promovendo as antologias da sua Editora Argonautas. Herdeiros de Dagon é o segundo volume do Ciclo Lovecraftiano – iniciado em 2014 com Ascensão de Cthulhu – e tem o mesmo simpático formato de bolso de outras publicações da editora. Em 116 páginas, traz textos assinados por Carlos Silva, Gustavo de Melo Czekster, José Francisco Botelho, Guilherme da Silva Braga, Marcelo Augusto Galvão, Mariana Portella, Andrio Santos, A. S. Franskowiak, Carlos Ferreira e do próprio Falcão, que organizou a seleção junto ao seu sócio Cesar Alcázar.
Por sua vez, Alcázar promove o livro A fúria do Cão Negro, novela com o mesmo personagem visto no conto "O coração do Cão Negro", publicado na coletânea Bazar Pulp (Argonautas, 2012). Trata-se de uma história de fantasia heroica com guerreiros e feiticeiros, na clássica linha da revista Weird Fiction, que revelou autores como Robert Howard e H. P. Lovecraft. O volume tem 100 páginas e foi publicado em 2014 pela editora curitibana Arte & Letra. Para degustar a obra, vale a pena ler a história em quadrinhos que adapta o conto de estreia do personagem, com roteiro do autor e desenhos de Fred Rubim, gratuitamente, aqui.
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
Niger Noctem 1
O escritor e poeta Sr. Arcano que, há alguns anos, mantinha uma voluptuosa produção de fanzines e livros eletrônicos, voltou a ação disponibilizando gratuitamente aqui o primeiro número do personalzine de terror Niger Noctem cujo objetivo é promover o recente lançamento de um romance homônimo, bem como a série publicada na internet, aqui.
Ainda que seja uma peça promocional, o fanzine de 16 páginas apresenta alguns contos e textos de não ficção bastante interessantes, vale baixar e ler.
Ainda que seja uma peça promocional, o fanzine de 16 páginas apresenta alguns contos e textos de não ficção bastante interessantes, vale baixar e ler.
DC Eaglemoss
Já está nas bancas de São Paulo, ao atraente preço promocional de R$9,90, o primeiro número da aguardada DC Comics: Coleção de grafic novels da Eaglemoss Collections, produzida aqui pela editora Mythos. A entrega inaugural vem com o primeiro de dois volumes de Batman: Silêncio, de Jeph Loeb e Jim Lee, que compilam as edições 608 a 619 da série original do personagem.
A coleção completa será formada por 60 volumes de luxo, em cores e capas duras, que passeiam por um grande elenco de personagens dessa editora americana. Duas listas antecipando os títulos da coleção chegaram a ser divulgadas, mas somente os dez primeiros foram anunciados oficialmente no saite brasileiro da Eaglemoss, e não confirmam nenhuma delas. Os nomes do autores da cada título foram pesquisados por este articulista. São eles:
01 - Batman: Silêncio, Parte I
02 - Batman: Silêncio, Parte II
03 - Superman: O último filho de Krypton, Geoff Johns, Richard Donner & Adam Kubert
04 - Liga da Justiça: Torre de Babel, Mark Waid & Howard Porter
05 - Superman & Batman: Inimigos públicos, Jeph Loeb & Ed McGuinness
06 - Batman: O longo dia das bruxas, Parte I, Jeph Loeb & Tim Sale
07 - Batman: O longo dia das bruxas, Parte II
08 - Superman: O homem de aço, John Byrne, Marv Wolfman & Paul Levitz
09 - Liga da Justiça: Ano um, Parte I, Mark Waid, Brian Augustyn and Barry Kitson
10 - Liga da Justiça: Ano um, Parte 2.
O saite oferece aos colecionadores opção de assinatura e promete entregar brindes exclusivos aos que a efetivarem. O material promocional que acompanha o primeiro volume da coleção promete, para a segunda entrega, os volumes 2 e 3 juntos, por R$34,99. A partir da terceira entrega será esse, provavelmente, o preço de cada um dos volumes seguintes.
A coleção completa será formada por 60 volumes de luxo, em cores e capas duras, que passeiam por um grande elenco de personagens dessa editora americana. Duas listas antecipando os títulos da coleção chegaram a ser divulgadas, mas somente os dez primeiros foram anunciados oficialmente no saite brasileiro da Eaglemoss, e não confirmam nenhuma delas. Os nomes do autores da cada título foram pesquisados por este articulista. São eles:
01 - Batman: Silêncio, Parte I
02 - Batman: Silêncio, Parte II
03 - Superman: O último filho de Krypton, Geoff Johns, Richard Donner & Adam Kubert
04 - Liga da Justiça: Torre de Babel, Mark Waid & Howard Porter
05 - Superman & Batman: Inimigos públicos, Jeph Loeb & Ed McGuinness
06 - Batman: O longo dia das bruxas, Parte I, Jeph Loeb & Tim Sale
07 - Batman: O longo dia das bruxas, Parte II
08 - Superman: O homem de aço, John Byrne, Marv Wolfman & Paul Levitz
09 - Liga da Justiça: Ano um, Parte I, Mark Waid, Brian Augustyn and Barry Kitson
10 - Liga da Justiça: Ano um, Parte 2.
O saite oferece aos colecionadores opção de assinatura e promete entregar brindes exclusivos aos que a efetivarem. O material promocional que acompanha o primeiro volume da coleção promete, para a segunda entrega, os volumes 2 e 3 juntos, por R$34,99. A partir da terceira entrega será esse, provavelmente, o preço de cada um dos volumes seguintes.
Ação entre livros: Oficina de leitura de ficção fantástica
Em novembro, a série de oficinas gratuitas sobre ficção fantástica da Biblioteca Malba Tahan, em São Bernardo do Campo, finaliza seus trabalhos apresentando as obras de dois autores significativos para o gênero. No dia 7, o autor em destaque será o argentino Jorge Luiz Borges e, no dia 28, será a vez dos irmãos siameses Nelson de Oliveira e Luiz Bras. Ambos os encontros acontecem das 10 às 12 horas e não é necessário inscrição.
O objetivo da oficina é estimular a leitura e a discussão de textos curtos do gênero fantástico – fantasia, ficção científica e horror – de autores estrangeiros e brasileiros de destaque, apresentando sua vida e obra, lendo alguns de seus contos e identificando a potencialidade dos mesmos para o debate de ideias e conceitos sócio-políticos. A oficina é coordenada pelo pesquisador Cesar Silva, autor do Anuário brasileiro de literatura fantástica e editor do fanzine Hiperespaço.
A Biblioteca Malba Tahan fica na Rua Helena Jacquey, 208, Rudge Ramos, São Bernardo do Campo. Tel: 4368-1010 / 4367-2330.
O objetivo da oficina é estimular a leitura e a discussão de textos curtos do gênero fantástico – fantasia, ficção científica e horror – de autores estrangeiros e brasileiros de destaque, apresentando sua vida e obra, lendo alguns de seus contos e identificando a potencialidade dos mesmos para o debate de ideias e conceitos sócio-políticos. A oficina é coordenada pelo pesquisador Cesar Silva, autor do Anuário brasileiro de literatura fantástica e editor do fanzine Hiperespaço.
A Biblioteca Malba Tahan fica na Rua Helena Jacquey, 208, Rudge Ramos, São Bernardo do Campo. Tel: 4368-1010 / 4367-2330.
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Juvenatrix 173
Está circulando o número 173 do fanzine eletrônico de horror e ficção científica Juvenatrix, editado por Renato Rosatti, cuja edição é quase que inteiramente dedicada a resenha de filmes clássicos e recentes do cinema B. Os textos são de autoria do próprio editor e detalham os seguintes filmes: O estranho de um mundo perdido (1956), Lavalantula (2015), A maldição do lobisomem (1961), Matango: A ilha da morte (1963); O monstro da bomba H (1958), Noite das travessuras (2013), O primeiro homem no espaço (1959), Rebelião dos planetas (1958), Rosas de sangue (1960), Terror que mata (1955), The magnetic monster (1953), A trilha da fera lunar (1976), O tubarão fantasma (2013), Tubarões zumbis (2015) e Ultimato à Terra (1957). Divulgação de fanzines, livros e bandas independentes completam a edição, que traz na capa mais um desenho de Angelo Junior.
Para obter uma cópia, basta solicitar pelo email renatorosatti@yahoo.com.br.
Para obter uma cópia, basta solicitar pelo email renatorosatti@yahoo.com.br.
terça-feira, 13 de outubro de 2015
Megalon 70
Está disponível aqui, para download gratuito, o número 70 do fanzine de ficção científica e horror Megalon, editado por Marcello Simão Branco e originalmente publicado em dezembro de 2003.
A edição tem 32 páginas e traz contos de Fabio Fernandes, Lucio Manfredi, Miguel Carqueija e Carlos Abreu, artigos sobre a fc brasileira e o Prêmio Argos 2003 (o último de sua fase inicial, que passaria por um longo interregno, retornando somente em 2012), resenha ao livro Ficção científica, fantasia e horror no Brasil - 1875 a 1950, de Roberto de Sousa Causo, e uma entrevista com a acadêmica americana Libby Ginway, conduzida por José Carlos Neves, além das seções fixas "Diário do fandom", "Publicações recebidas", "Terras alternativas" e "Arte fantástica brasileira". A capa traz uma ilustração do artista argentino Berto Lucas.
O editor também disponibilizou um arquivo bônus com documentos da época, entre os quais estão o prospecto da Convenção Capitão Spock, recortes da coluna "SF in Brazil" publicada na edição de agosto de 2003 da revista americana Locus, e uma entrevista com o saudoso Dr. Ruby Medeiros, editor do fanzine Notícias do fim do nada.
Na série Pulp Brasil, Branco apresenta a bela capa do número 20 do Magazine de Ficção Científica, publicado em novembro 1971.
E ainda, links corrigidos de mais algumas das edições iniciais do Megalon, que estavam indisponíveis:
Megalon 11
Megalon 12
Megalon 13
Megalon 14
Megalon 15
A edição tem 32 páginas e traz contos de Fabio Fernandes, Lucio Manfredi, Miguel Carqueija e Carlos Abreu, artigos sobre a fc brasileira e o Prêmio Argos 2003 (o último de sua fase inicial, que passaria por um longo interregno, retornando somente em 2012), resenha ao livro Ficção científica, fantasia e horror no Brasil - 1875 a 1950, de Roberto de Sousa Causo, e uma entrevista com a acadêmica americana Libby Ginway, conduzida por José Carlos Neves, além das seções fixas "Diário do fandom", "Publicações recebidas", "Terras alternativas" e "Arte fantástica brasileira". A capa traz uma ilustração do artista argentino Berto Lucas.
O editor também disponibilizou um arquivo bônus com documentos da época, entre os quais estão o prospecto da Convenção Capitão Spock, recortes da coluna "SF in Brazil" publicada na edição de agosto de 2003 da revista americana Locus, e uma entrevista com o saudoso Dr. Ruby Medeiros, editor do fanzine Notícias do fim do nada.
Na série Pulp Brasil, Branco apresenta a bela capa do número 20 do Magazine de Ficção Científica, publicado em novembro 1971.
E ainda, links corrigidos de mais algumas das edições iniciais do Megalon, que estavam indisponíveis:
Megalon 11
Megalon 12
Megalon 13
Megalon 14
Megalon 15
Conexão Literatura 4
Está disponível aqui, para download gratuito, o número 4 do fanzine eletrônico Conexão Literatura, dedicado à literatura fantástica.
A edição que homenageia o escritor britânico Robert L. Stevenson – autor de grandes clássicos, entre os quais estão A ilha do tesouro e O médico e o monstro –, num interessante artigo de autoria do editor, Ademir Pascale, que também assina um artigo sobre o universo de Jane Austen.
A edição tem 31 páginas e apresenta ainda ficções de Ricardo de Lohem Dania Pedroza e Miriam Santiago, entrevistas com os escritores Dione Souto Rosa, Cassiane Santos e Luiz Costa, e um artigo de Misa Ferreira.
Conexão Literatura aceita colaborações; para saber como participar, informe-se aqui.
A edição que homenageia o escritor britânico Robert L. Stevenson – autor de grandes clássicos, entre os quais estão A ilha do tesouro e O médico e o monstro –, num interessante artigo de autoria do editor, Ademir Pascale, que também assina um artigo sobre o universo de Jane Austen.
A edição tem 31 páginas e apresenta ainda ficções de Ricardo de Lohem Dania Pedroza e Miriam Santiago, entrevistas com os escritores Dione Souto Rosa, Cassiane Santos e Luiz Costa, e um artigo de Misa Ferreira.
Conexão Literatura aceita colaborações; para saber como participar, informe-se aqui.
domingo, 11 de outubro de 2015
Papêra Uirandê Especial 9
Em novembro de 2002, saiu a última edição de Papêra Uirandê, fanzine sobre literatura especulativa editado pelo escritor Roberto de Sousa Causo, numa edição dedicada à obra de Berilo Neves (1901-1974).
O fanzine seguiu para o oblívio, chamado de "O cemitério da fcb" pelo saudoso Dr. Ruby (editor do fanzine gaúcho Notícias do Fim do Nada), junto com muitas outras publicações do fandom impactadas por uma acentuada queda no número de leitores, motivada pela chegada da internet.
Treze anos depois, o fanzine surpreende a todos e retorna à vida numa edição especial dedicada ao cyberpunk praticado por autores brasileiros, que o editor batizou de Tupinipunk.
São 34 páginas com contos de Luiz Bras, artigos e resenhas assinados por Ramiro Giroldo, Ahvid Engholm (Suécia), Miguel Carqueija, Edgard Smaniotto e do próprio editor, além de entrevistas com Luiz Bras, Timothy Zahn, Marcello Simão Branco e Cesar Silva. A capa traz uma ilustração clássica de Henrique Alvim Corrêa.
Papêra Uirandê Especial 9 pode ser baixado gratuitamente aqui mas, para os saudosistas, o editor promete também disponibilizar para venda algumas cópias em papel. Contatos com o editor pelo email rscauso@yahoo.com.br.
Vale a pena baixar e ler a edição deste que é um dos mais sofisticados fanzines de fc&f já publicados no País. O editor promete novas edições para os próximos meses.
O fanzine seguiu para o oblívio, chamado de "O cemitério da fcb" pelo saudoso Dr. Ruby (editor do fanzine gaúcho Notícias do Fim do Nada), junto com muitas outras publicações do fandom impactadas por uma acentuada queda no número de leitores, motivada pela chegada da internet.
Treze anos depois, o fanzine surpreende a todos e retorna à vida numa edição especial dedicada ao cyberpunk praticado por autores brasileiros, que o editor batizou de Tupinipunk.
São 34 páginas com contos de Luiz Bras, artigos e resenhas assinados por Ramiro Giroldo, Ahvid Engholm (Suécia), Miguel Carqueija, Edgard Smaniotto e do próprio editor, além de entrevistas com Luiz Bras, Timothy Zahn, Marcello Simão Branco e Cesar Silva. A capa traz uma ilustração clássica de Henrique Alvim Corrêa.
Papêra Uirandê Especial 9 pode ser baixado gratuitamente aqui mas, para os saudosistas, o editor promete também disponibilizar para venda algumas cópias em papel. Contatos com o editor pelo email rscauso@yahoo.com.br.
Vale a pena baixar e ler a edição deste que é um dos mais sofisticados fanzines de fc&f já publicados no País. O editor promete novas edições para os próximos meses.
A pedra negra
Como já foi noticiado aqui, a editora Clock Tower está em campanha para promover o financiamento coletivo da coletânea de contos O mundo sombrio: Histórias dos Mitos de Cthulhu, de Robert E. Howard.
Para dar aos interessados uma prévia do que o volume pretende apresentar, a editora disponibilizou, gratuitamente, um ebook com a íntegra de "A pedra negra", um dos 14 textos que fará parte do livro.
Diz o texto de divulgação: "Na trama, o narrador busca respostas em torno de lendas relacionadas a um monólito sinistro que se eleva entre as montanhas da Hungria, e sobre o qual diz respeito a cultos e objetos de veneração sinistra."
Aproveite para degustar antecipadamente este texto clássico inédito enquanto decide pela participação na campanha, que vai até o dia 8 de novembro próximo. Mais informações sobre este livro podem ser encontradas no saite da editora, aqui.
Para dar aos interessados uma prévia do que o volume pretende apresentar, a editora disponibilizou, gratuitamente, um ebook com a íntegra de "A pedra negra", um dos 14 textos que fará parte do livro.
Diz o texto de divulgação: "Na trama, o narrador busca respostas em torno de lendas relacionadas a um monólito sinistro que se eleva entre as montanhas da Hungria, e sobre o qual diz respeito a cultos e objetos de veneração sinistra."
Aproveite para degustar antecipadamente este texto clássico inédito enquanto decide pela participação na campanha, que vai até o dia 8 de novembro próximo. Mais informações sobre este livro podem ser encontradas no saite da editora, aqui.
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
Solarium 3
Solarium 3, Frodo Oliveira, org. 220 páginas, capa de Natalia Caruso. Editora Multifoco, selo Anthology, Rio de Janeiro, 2014.
Em 2009, Frodo Oliveira organizou para a Editora Multifoco o primeiro volume da coleção Solarium, uma antologia de contos de ficção científica com 25 textos de autores novos e algumas boas revelações. Desde então, essa parceria rendeu duas sequências, a mais recente delas publicada em 2014, que é referência desta resenha.
Solarium 3 mantém a proposta de apresentar autores novos no panorama da fc brasileira. O próprio organizador assina um dos 29 textos presentes na edição, que também tem Aldo Costas, Anderson Dias Cardoso, Andrei Miterhofer Cutini, Bruno Eleres, Cesar Bravo, Cristiano Gonçalves, Daniel I. Dutra, Davi M. Gonzales, David Machado Santos Filho, Demetrios Miculis, Edgard Santos, Eduardo Alvares, Emerson D. E. Pimenta, Fabiana Guaranho, Fabio Baptista, Fernando Aires, Giovane Santos, Gutemberg Fernandes, Helil Neves, Ítalo Poscai, Jowilton Amaral da Costa, Lucas Félix, Marcelo Sant'Anna, B. B. Jenitez, Patrick Brock, Ricardo Guilherme dos Santos, Sheila Schildt e Thiago Lucarini.
Não seria produtivo comentar conto a conto aqui, pois a maior parte é amadora e carece de um desenvolvimento mais apurado mas, como sempre acontece em antologias desse tipo, alguns textos se destacam e merecem ser observados mais detidamente.
"Olhos de Cronos", de Andrei Miterhofer Cutini, é uma ucronia sobre um homem ferido e sem memória que desperta nos arredores de um povoado arruinado pela guerra e habitado por aleijados e moribundos assolados por ladrões de órgãos. Em seus bolsos, alguns itens estranhos que vão se revelar as chaves da salvação do seu mundo. Fica patente a influência da obra de Philip K. Dick, especialmente do conto "O pagamento" (em Realidades adaptadas, Philip K. Dick, Aleph, 2012), mas Cutini demonstra habilidade na condução do enredo, sem replicar os maneirismos do autor americano.
"Contato secreto: Operação Forget", de Cristiano Gonçalves, é uma bem elaborada ficção ufológica na linha do seriado de televisão Arquivo X. Militar desmemoriado desperta no hospital depois de participar de uma ação secreta que o deixou em coma por alguns dias. Disposto a entender o que se passou, inicia uma investigação que irá levá-lo a uma evidente conspiração governamental.
"O agricultor", de David Machado Santos Filho, vai a um futuro no qual comer carne se tornou um crime. A engenharia genética desenvolveu, então, uma nova espécie de vegetais híbridos que replicam tecidos comestíveis para substituir a proteína animal na mesa dos consumidores. Entre simulacros de aves, boi, porco e até mesmo leite e ovos, a próxima aposta do agricultor é um novo tipo de carne que pode se tornar um grande negócio no futuro. Humor negro absurdista apresentado em detalhes instigantes e um desfecho surpresa bem construído – coisa rara –, este bom texto critica os extremos da moda do veganismo.
"Ogum S. A.", de Patrick Brock, é uma divertida space opera apresentada em forma de diário de um pouco honesto empreendedor do ramo dos transportes interplanetários, que relata os dramas e alegrias, sucessos e fracassos de sua vida atribulada. Um dos melhores textos do volume que, junto ao conto comentado no parágrafo anterior, usa de um protagonista sem caráter, típico da literatura brasileira, para especular sobre a nossa cultura e atitudes frente a vida.
"Só", de Ricardo Guilherme dos Santos - autor cujos préstimos fez chegar às mãos este volume – também investe numa space opera na qual a inteligência artificial de uma espaçonave de gerações relata a história dramática do povo que a construiu e usou através dos séculos, em sua viagem em direção à eternidade. A personalização de espaçonaves e computadores, que é um dos temas recorrentes da ficção científica, tem aqui um exemplo de contornos poéticos que obteria resultados mais expressivos se o autor tivesse elaborado uma voz própria para a sua I.A., uma linguagem de máquina, digamos assim – perseguida por William Gibson e Bruce Sterling em A máquina diferencial, totalmente perdida na tradução brasileira, diga-se de passagem –, que daria ao texto um aspecto literário mais expressivo. Exemplo de construção de vozes próprias bem sucedidas na fc&f brasileira estão no conto "Meu nome é Go", de André Carneiro, publicado na coletânea A máquina de Hyerônimus e outras histórias (UFSCar, 1997), e nos textos da série A saga de Tajarê, de Roberto de Sousa Causo, vistos em A sombra dos homens (Devir, 2004), mas como não são especificamente vozes de máquinas, este é aparentemente um desafio ainda por realizar na fc brasileira.
Há potencial nos demais textos apresentados na antologia, que renderiam ótimas peças se tivessem uma orientação técnica especializada, mas é preciso ter em mente que, tal como suas edições anteriores, Solarium 3 é uma antologia de autores novos, muitos deles estreantes. A proposta da seleção não é publicar o melhor da fc nacional, mas abrir espaço ao exercício do gênero no país, uma missão legítima e digna que seria feita por revistas e fanzines, se eles existissem neste momento. Encarado como um periódico literário, Solarium 3 não decepciona e, como tal, é uma iniciativa que deve ser valorizada.
Solarim 3 – bem como os demais volumes da série – pode ser encontrado no saite da Editora Multifoco, aqui.
Em 2009, Frodo Oliveira organizou para a Editora Multifoco o primeiro volume da coleção Solarium, uma antologia de contos de ficção científica com 25 textos de autores novos e algumas boas revelações. Desde então, essa parceria rendeu duas sequências, a mais recente delas publicada em 2014, que é referência desta resenha.
Solarium 3 mantém a proposta de apresentar autores novos no panorama da fc brasileira. O próprio organizador assina um dos 29 textos presentes na edição, que também tem Aldo Costas, Anderson Dias Cardoso, Andrei Miterhofer Cutini, Bruno Eleres, Cesar Bravo, Cristiano Gonçalves, Daniel I. Dutra, Davi M. Gonzales, David Machado Santos Filho, Demetrios Miculis, Edgard Santos, Eduardo Alvares, Emerson D. E. Pimenta, Fabiana Guaranho, Fabio Baptista, Fernando Aires, Giovane Santos, Gutemberg Fernandes, Helil Neves, Ítalo Poscai, Jowilton Amaral da Costa, Lucas Félix, Marcelo Sant'Anna, B. B. Jenitez, Patrick Brock, Ricardo Guilherme dos Santos, Sheila Schildt e Thiago Lucarini.
Não seria produtivo comentar conto a conto aqui, pois a maior parte é amadora e carece de um desenvolvimento mais apurado mas, como sempre acontece em antologias desse tipo, alguns textos se destacam e merecem ser observados mais detidamente.
"Olhos de Cronos", de Andrei Miterhofer Cutini, é uma ucronia sobre um homem ferido e sem memória que desperta nos arredores de um povoado arruinado pela guerra e habitado por aleijados e moribundos assolados por ladrões de órgãos. Em seus bolsos, alguns itens estranhos que vão se revelar as chaves da salvação do seu mundo. Fica patente a influência da obra de Philip K. Dick, especialmente do conto "O pagamento" (em Realidades adaptadas, Philip K. Dick, Aleph, 2012), mas Cutini demonstra habilidade na condução do enredo, sem replicar os maneirismos do autor americano.
"Contato secreto: Operação Forget", de Cristiano Gonçalves, é uma bem elaborada ficção ufológica na linha do seriado de televisão Arquivo X. Militar desmemoriado desperta no hospital depois de participar de uma ação secreta que o deixou em coma por alguns dias. Disposto a entender o que se passou, inicia uma investigação que irá levá-lo a uma evidente conspiração governamental.
"O agricultor", de David Machado Santos Filho, vai a um futuro no qual comer carne se tornou um crime. A engenharia genética desenvolveu, então, uma nova espécie de vegetais híbridos que replicam tecidos comestíveis para substituir a proteína animal na mesa dos consumidores. Entre simulacros de aves, boi, porco e até mesmo leite e ovos, a próxima aposta do agricultor é um novo tipo de carne que pode se tornar um grande negócio no futuro. Humor negro absurdista apresentado em detalhes instigantes e um desfecho surpresa bem construído – coisa rara –, este bom texto critica os extremos da moda do veganismo.
"Ogum S. A.", de Patrick Brock, é uma divertida space opera apresentada em forma de diário de um pouco honesto empreendedor do ramo dos transportes interplanetários, que relata os dramas e alegrias, sucessos e fracassos de sua vida atribulada. Um dos melhores textos do volume que, junto ao conto comentado no parágrafo anterior, usa de um protagonista sem caráter, típico da literatura brasileira, para especular sobre a nossa cultura e atitudes frente a vida.
"Só", de Ricardo Guilherme dos Santos - autor cujos préstimos fez chegar às mãos este volume – também investe numa space opera na qual a inteligência artificial de uma espaçonave de gerações relata a história dramática do povo que a construiu e usou através dos séculos, em sua viagem em direção à eternidade. A personalização de espaçonaves e computadores, que é um dos temas recorrentes da ficção científica, tem aqui um exemplo de contornos poéticos que obteria resultados mais expressivos se o autor tivesse elaborado uma voz própria para a sua I.A., uma linguagem de máquina, digamos assim – perseguida por William Gibson e Bruce Sterling em A máquina diferencial, totalmente perdida na tradução brasileira, diga-se de passagem –, que daria ao texto um aspecto literário mais expressivo. Exemplo de construção de vozes próprias bem sucedidas na fc&f brasileira estão no conto "Meu nome é Go", de André Carneiro, publicado na coletânea A máquina de Hyerônimus e outras histórias (UFSCar, 1997), e nos textos da série A saga de Tajarê, de Roberto de Sousa Causo, vistos em A sombra dos homens (Devir, 2004), mas como não são especificamente vozes de máquinas, este é aparentemente um desafio ainda por realizar na fc brasileira.
Há potencial nos demais textos apresentados na antologia, que renderiam ótimas peças se tivessem uma orientação técnica especializada, mas é preciso ter em mente que, tal como suas edições anteriores, Solarium 3 é uma antologia de autores novos, muitos deles estreantes. A proposta da seleção não é publicar o melhor da fc nacional, mas abrir espaço ao exercício do gênero no país, uma missão legítima e digna que seria feita por revistas e fanzines, se eles existissem neste momento. Encarado como um periódico literário, Solarium 3 não decepciona e, como tal, é uma iniciativa que deve ser valorizada.
Solarim 3 – bem como os demais volumes da série – pode ser encontrado no saite da Editora Multifoco, aqui.
terça-feira, 6 de outubro de 2015
Objetos turbulentos, José J. Veiga
Objetos turbulentos: Contos para ler à luz do dia, José J. Veiga, 157 páginas, Editora Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1997.
Obra derradeira do mestre da fantasia brasileira José J. Veiga (1915-1999), a coletânea Objetos turbulentos traz uma estrutura de tal modo coerente que é quase certo que foi, desde o começo, planejada para ser publicada e lida em bloco. São onze textos independentes entre si, mas solidamente amarrados, que revelam mistérios por trás de objetos comuns do cotidiano que, por alguma circunstância bizarra, assumem contornos quase sobrenaturais, muitas vezes levando tragédia a seus proprietários.
"Espelho" é um dos textos mais perturbadores do volume, embora o desdobramento da trama não leve a um destino especialmente nefasto. Casal é enfeitiçado por um espelho antigo adquirido em um antiquário. O tema não é novo e já apareceu mais de uma vez na literatura brasileira, mas ganha aqui um contorno naturalista.
"Cachimbo" também é um texto forte sobre o preconceito nosso de cada dia. Um negro, operador da bolsa de valores, tem uma vida boa e tranquila até que decide começar a fumar cachimbo, até que, apesar de suas convicções, decide pitar em público.
"Cadeira" traz um objeto assombrado para a vida de um decorador que por ela se apaixona. A piedade de seu proprietário original, um famoso bispo, influencia quem, nela se acomoda a ter crises profundas de tristeza e culpa.
"Manuscrito perdido" é o texto mais divertido do conjunto. Um escritor entra em crise criativa depois de perder, durante uma viagem, o manuscrito de um conto que ele avaliava como sua obra prima. Três anos depois, para sua alegria e desespero, o manuscrito retorna às suas mãos.
Em "Vestido de fustão", um vendedor de tapetes, ao visitar uma cliente, tem uma epifania ao cruzar com uma jovem desconhecida na escadaria do condomínio. Tenta, então, reencontrar a garota que parece não existir de fato.
"Caderno de endereços" narra a tragédia de um jovem estudante apaixonado pela Alemanha que, depois de muito preparo finalmente tem a chance de realizar o sonho de visitar o país. Porém, um prosaico e inocente caderno de endereços vai se tornar um grande problema quando ele chama a atenção do governo nazista.
"Cantilever" conta a história de um menino muito criativo e irrequieto, que tem a mania de inventar palavras.
Em "Luneta" um jovem fotógrafo torna-se voyeur ao se deparar com uma luneta de alta performance. Mas o que ele vai entender é que, quando olhamos muito para dentro da escuridão, a escuridão também olha dentro da gente...
"Tapete florido" é outro conto sobre um objeto enfeitiçado. Esposa, depois de muito insistir, finalmente consegue que o marido compre um tapete novo para a sala de visitas. Mas apesar de muito belo, a estampa do objeto tem o poder de levar a mulher a um estado alterado de consciência, no qual ela tem percepções do passado e do futuro, e sofrer de profunda melancolia. Este conto também dialoga com uma série de outros da nossa literatura, como o famoso "A caçada", de Liga Fagundes Telles.
"Pasta de couro de búfalo" mostra a ascensão de um jovem empresário que enriquece graças ao tino comercial inato. Mas, ao se envolver com uma famosa cantora de ópera, sua credulidade nos poderes de sua pasta de couro entra em choque com a paixão pela dama, levando-o a um destino trágico.
"Cinzeiro", que fecha a edição, também tem um viés cômico. Mostra como um jovem e destemido membro da brigada revolucionária gaúcha que acompanhou Getúlio Vargas ao Rio de Janeiro, constrói sua rede de influência na capital. De um de seus contatos, ganha um cinzeiro feito de uma granada desativada, pelo qual se apaixonou de imediato, pois era perfeito para acompanhá-lo em seus longos períodos de leitura de romances policiais e consumo de charutos. Mas o objeto trazia em si um risco inesperado.
Os contos são leves e, mesmo os mais trágicos, não chegam ao horror. A leitura sobrenatural, apesar de possível, é imprecisa, podendo ser percebida mais como fenômeno psicológico, como nos contos "Espelho", "Cadeira" e "Tapete florido". Temas recorrentes do autor aparecem aqui diluídos no tratamento leve e realista, sem o perfil de pesadelo e violência que aparecem em seus textos mais antigos, exceto por "Cachimbo" que, mesmo assim, não chega estabelecer um mistério inexplicável. Os cenários geralmente campestres e interioranos de Os Cavalinhos de Platiplanto e A estranha máquina extraviada também cedem lugar a ambientes cosmopolitas, nos quais os objetos adquirem mais relevância que os próprios personagens.
Objetos turbulentos é, portanto, um livro diferenciado, ainda que mantenha a poderosa carga psicológica característica da obra do mestre.
Obra derradeira do mestre da fantasia brasileira José J. Veiga (1915-1999), a coletânea Objetos turbulentos traz uma estrutura de tal modo coerente que é quase certo que foi, desde o começo, planejada para ser publicada e lida em bloco. São onze textos independentes entre si, mas solidamente amarrados, que revelam mistérios por trás de objetos comuns do cotidiano que, por alguma circunstância bizarra, assumem contornos quase sobrenaturais, muitas vezes levando tragédia a seus proprietários.
"Espelho" é um dos textos mais perturbadores do volume, embora o desdobramento da trama não leve a um destino especialmente nefasto. Casal é enfeitiçado por um espelho antigo adquirido em um antiquário. O tema não é novo e já apareceu mais de uma vez na literatura brasileira, mas ganha aqui um contorno naturalista.
"Cachimbo" também é um texto forte sobre o preconceito nosso de cada dia. Um negro, operador da bolsa de valores, tem uma vida boa e tranquila até que decide começar a fumar cachimbo, até que, apesar de suas convicções, decide pitar em público.
"Cadeira" traz um objeto assombrado para a vida de um decorador que por ela se apaixona. A piedade de seu proprietário original, um famoso bispo, influencia quem, nela se acomoda a ter crises profundas de tristeza e culpa.
"Manuscrito perdido" é o texto mais divertido do conjunto. Um escritor entra em crise criativa depois de perder, durante uma viagem, o manuscrito de um conto que ele avaliava como sua obra prima. Três anos depois, para sua alegria e desespero, o manuscrito retorna às suas mãos.
Em "Vestido de fustão", um vendedor de tapetes, ao visitar uma cliente, tem uma epifania ao cruzar com uma jovem desconhecida na escadaria do condomínio. Tenta, então, reencontrar a garota que parece não existir de fato.
"Caderno de endereços" narra a tragédia de um jovem estudante apaixonado pela Alemanha que, depois de muito preparo finalmente tem a chance de realizar o sonho de visitar o país. Porém, um prosaico e inocente caderno de endereços vai se tornar um grande problema quando ele chama a atenção do governo nazista.
"Cantilever" conta a história de um menino muito criativo e irrequieto, que tem a mania de inventar palavras.
Em "Luneta" um jovem fotógrafo torna-se voyeur ao se deparar com uma luneta de alta performance. Mas o que ele vai entender é que, quando olhamos muito para dentro da escuridão, a escuridão também olha dentro da gente...
"Tapete florido" é outro conto sobre um objeto enfeitiçado. Esposa, depois de muito insistir, finalmente consegue que o marido compre um tapete novo para a sala de visitas. Mas apesar de muito belo, a estampa do objeto tem o poder de levar a mulher a um estado alterado de consciência, no qual ela tem percepções do passado e do futuro, e sofrer de profunda melancolia. Este conto também dialoga com uma série de outros da nossa literatura, como o famoso "A caçada", de Liga Fagundes Telles.
"Pasta de couro de búfalo" mostra a ascensão de um jovem empresário que enriquece graças ao tino comercial inato. Mas, ao se envolver com uma famosa cantora de ópera, sua credulidade nos poderes de sua pasta de couro entra em choque com a paixão pela dama, levando-o a um destino trágico.
"Cinzeiro", que fecha a edição, também tem um viés cômico. Mostra como um jovem e destemido membro da brigada revolucionária gaúcha que acompanhou Getúlio Vargas ao Rio de Janeiro, constrói sua rede de influência na capital. De um de seus contatos, ganha um cinzeiro feito de uma granada desativada, pelo qual se apaixonou de imediato, pois era perfeito para acompanhá-lo em seus longos períodos de leitura de romances policiais e consumo de charutos. Mas o objeto trazia em si um risco inesperado.
Os contos são leves e, mesmo os mais trágicos, não chegam ao horror. A leitura sobrenatural, apesar de possível, é imprecisa, podendo ser percebida mais como fenômeno psicológico, como nos contos "Espelho", "Cadeira" e "Tapete florido". Temas recorrentes do autor aparecem aqui diluídos no tratamento leve e realista, sem o perfil de pesadelo e violência que aparecem em seus textos mais antigos, exceto por "Cachimbo" que, mesmo assim, não chega estabelecer um mistério inexplicável. Os cenários geralmente campestres e interioranos de Os Cavalinhos de Platiplanto e A estranha máquina extraviada também cedem lugar a ambientes cosmopolitas, nos quais os objetos adquirem mais relevância que os próprios personagens.
Objetos turbulentos é, portanto, um livro diferenciado, ainda que mantenha a poderosa carga psicológica característica da obra do mestre.
Citizen Who
O que pode acontecer quando se reúnem o escritor Nelson de Oliveira e o ilustrador Teo Adorno? A resposta está em Citizen Who: Peripécias do famigerado Escritor Que Não Tem Boas Ideias, que acaba de ser publicado pela Editora Terracota.
Apresentado como "Um cordel bizarro. Edição de luxo", o livro – quase uma revista – tem 64 páginas fartamente ilustradas no estilo modernista de Adorno, com textos curtos, sem rima e sem métrica, mas que ainda assim remetem ao formato de cordel. Trata-se de uma obra claramente experimental, que brinca com a forma, o estilo e os temas abordados, que vão de Cidadão Kane a Doctor Who, como já se percebe no título, passando por Jorge Luiz Borges, A divina comédia e outras citações explícitas e implícitas. O livro ousa também no preço, que vem estampado na capa. Uma leitura divertida que recupera o trabalho de Nelson de Oliveira depois do prolongado auto exílio nas Bahamas. Pelo jeito, ele está mais a vontade com as influências populares, ser perder o estilo difícil de classificar. Na dúvida, vou dizer que é fantasia, mas quem não concordar estará coberto de razão.
Apresentado como "Um cordel bizarro. Edição de luxo", o livro – quase uma revista – tem 64 páginas fartamente ilustradas no estilo modernista de Adorno, com textos curtos, sem rima e sem métrica, mas que ainda assim remetem ao formato de cordel. Trata-se de uma obra claramente experimental, que brinca com a forma, o estilo e os temas abordados, que vão de Cidadão Kane a Doctor Who, como já se percebe no título, passando por Jorge Luiz Borges, A divina comédia e outras citações explícitas e implícitas. O livro ousa também no preço, que vem estampado na capa. Uma leitura divertida que recupera o trabalho de Nelson de Oliveira depois do prolongado auto exílio nas Bahamas. Pelo jeito, ele está mais a vontade com as influências populares, ser perder o estilo difícil de classificar. Na dúvida, vou dizer que é fantasia, mas quem não concordar estará coberto de razão.
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
Concurso Hydra de Literatura Fantástica Brasileira
Estão abertas as inscrições para a terceira edição do Concurso Hydra de Literatura Fantástica Brasileira, cujo objetivo fundamental é apresentar o melhor da ficção especulativa brasileira para os leitores de língua inglesa. O concurso é uma parceria entre a revista Intergalactic Medicine Show (IGMS) – do escritor Orson Scott Card – e os saites brasileiros Universo Insônia e A Bandeira do Elefante e da Arara.
A participação é gratuita e abrange contos não inéditos de autores brasileiros, com dez mil palavras no máximo, identificados com os gêneros da ficção científica, fantasia e horror, que tenham sido publicados real ou digitalmente nos anos de 2013 e 2014. O prêmio para os textos vencedores é a compra e publicação dos mesmos na IGMS, devidamente traduzidos para a língua inglesa.
O regulamento completo pode ser lido aqui.
A participação é gratuita e abrange contos não inéditos de autores brasileiros, com dez mil palavras no máximo, identificados com os gêneros da ficção científica, fantasia e horror, que tenham sido publicados real ou digitalmente nos anos de 2013 e 2014. O prêmio para os textos vencedores é a compra e publicação dos mesmos na IGMS, devidamente traduzidos para a língua inglesa.
O regulamento completo pode ser lido aqui.
Velta - Quadrinhos paraibanos dos anos 70
Em 2013, o quadrinhista paraibano Emir Ribeiro decidiu comemorar os 40 anos de sua mais famosa criação, a super detetive Velta, com a publicação de edições muito especiais: Velta Tomo 1: Mordida pelo Conde Drácula, Velta Tomo 2: Homenagem a Judoka, ambas com histórias inéditas, e Velta Tomo 3: Quadrinhos paraibanos dos anos 1970, com republicações das primeiras histórias da personagem, vistas no suplemento O Pirralho do jornal A União.
Como restaram muitas histórias não republicadas e para marcar os 42 anos de publicações da personagem, o autor apresenta agora Velta, Parte final: Quadrinhos paraibanos dos anos 1970, completando a reapresentação desse material histórico, com desenhos reorganizados e reletreirados.
A edição, que é patrocinada pelo Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos, do Governo do Estado da Paraíba, traz na capa uma ilustração do autor que faz alusão ao primeiro encontro entre Velta e Nova.
Ribeiro ainda anuncia, para o próximo mês de novembro, o quarto número da coleção Velta & Raio Negro, uma edição com 52 páginas e participações de Nova, Homem de Preto e Patrulha do Espaço.
Informações de como adquirir estas e outras publicações do autor, pelo saite oficial, aqui, pelos emails emir.ribeiro@gmail.com e emir_ribeirojp@yahoo.com.br, ou pela caixa postal 5068, João Pessoa, PB, 58051-970.
Como restaram muitas histórias não republicadas e para marcar os 42 anos de publicações da personagem, o autor apresenta agora Velta, Parte final: Quadrinhos paraibanos dos anos 1970, completando a reapresentação desse material histórico, com desenhos reorganizados e reletreirados.
A edição, que é patrocinada pelo Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos, do Governo do Estado da Paraíba, traz na capa uma ilustração do autor que faz alusão ao primeiro encontro entre Velta e Nova.
Ribeiro ainda anuncia, para o próximo mês de novembro, o quarto número da coleção Velta & Raio Negro, uma edição com 52 páginas e participações de Nova, Homem de Preto e Patrulha do Espaço.
Informações de como adquirir estas e outras publicações do autor, pelo saite oficial, aqui, pelos emails emir.ribeiro@gmail.com e emir_ribeirojp@yahoo.com.br, ou pela caixa postal 5068, João Pessoa, PB, 58051-970.